quarta-feira, 2 de março de 2011

EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA (FLORIANÓPOLIS/SC)


EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA MOSTRA O CARNAVAL NA ILHA TERCEIRA
Quem sabe o que é um “bailinho” para os foliões da Ilha Terceira? Quem sabe como os descendentes dos açorianos brincam o carnaval? Essa e outras peculiaridades da folia no arquipélago açoriano podem ser vistas na exposição de fotografias, “Festival de Teatro Popular: o carnaval na Ilha Terceira – Açores”, que permanece até 15 de março no Espaço Cultural Casarão Gallotti, em Tijucas. Com imagens de Joi Cletison Alves, diretor do Núcleo de Estudos Açorianos da Secretaria de Cultura e Arte da UFSC, a mostra é o resultado de uma maratona fotográfica chamada “Gestos e Gente no Carnaval Terceirense”, organizada pela Presidência do Governo Regional dos Açores.
A proposta era fotografar o carnaval da Ilha Terceira nos Açores, que é um evento popular atípico em relação às manifestações populares no resto do arquipélago e em Portugal. Foram convidados para participar do projeto fotógrafos do Brasil, Canadá e EUA, todos tendo em comum a forte emigração açoriana. Do Brasil, participaram fotógrafos do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, representada por Joi Cletison. Durante os quatro dias de carnaval, os selecionados fotografaram os “bailinhos”, que ocorrem somente na Ilha Terceira, onde se estabeleceram duas cidades: Angra do Heroísmo (patrimônio da UNESCO) e Praia da Victoria.
Os bailinhos são uma espécie de bloco de carnaval. Cada freguesia (bairro) organiza o seu próprio grupo que compõe uma música (letra e arranjos), monta uma coreografia, cria um figurino próprio e depois ensaia a apresentação do todo. Nas noites de folia, os grupos se apresentam em sua localidade e depois percorrem as diversas comunidades da Ilha.
O fotógrafo Joi Cletison viveu intensamente essa experiência nos quatro dias de carnaval de 2006, fotografando as tardes, noites e madrugadas de folia. Um acervo de mais de 900 imagens documenta a sua vivência nessa mostra promovida pela Fundação Cultural de Tijucas em parceria com a Secretaria de Cultura e Arte da UFSC e Governo Regional dos Açores e realização do Núcleo de Estudos Açorianos da UFSC.
Para Joi, o impressionante é que tudo funciona perfeitamente sem que ninguém seja responsável pela organização. “Sai um Grupo e entra outro e o público permanece fiel, mantendo os teatros lotados”. Além da criação artística, os grupos cuidam do transporte e recursos financeiros para a montagem. A comunidade oferece apenas o espaço e um lanche depois da apresentação. Cada grupo chega a fazer oito apresentações durante a noite em locais diferentes. “Acontecimentos do dia a dia na área da política, economia ou sociedade servem como tema”, explica o fotógrafo.
A apresentação da exposição é do escritor Álamo de Oliveira, que já compôs diversas marchas para o carnaval terceirense. O escritor também foi responsável por várias montagens teatrais e diversos bailinhos de carnaval. Abaixo o texto de apresentação da exposição.
“Uma das celebrações festivas do Carnaval mais originais ocorre, com certeza, na ilha Terceira dos Açores. Durante dois ou três meses, alguns milhares de pessoas (atores, poetas populares, autores, compositores e músicos, vocalistas, ensaiadores, figurinistas, costureiras) preparam, com talento e afeto, aquele que é o maior Festival de Teatro Popular, se não do mundo, pelo menos da Europa.
Durante os dias de carnaval, meias centenas de grupos percorrem as oito dezenas de palcos que envolvem a ilha, representando estórias que tocam o imaginário histórico e social ilhéu, nas mais diversas variantes temáticas, tratando-as, literária e teatralmente, de acordo com a sensibilidade de cada tema. Assim, a hagiografia, os feitos históricos e os dramas passionais entram na categoria das «danças» de dia, da noite e de espada, enquanto que os casos que se expõem ao ridículo público são satirizados através do uso de linguagem cômica e bem humorada, a que dão o nome de «bailinhos». «Danças» e
«Bailinhos» utilizam o mesmo figurino estrutural (marcha, saudação, apresentação em quadros e desenvolvimento do enredo, despedida e repetição da marcha) e são escritas em poesia rimada bem à maneira do teatro vicentino.
A presente exposição dirá muito da vivência do artista da imagem, que é Joi Cletison, no Carnaval da Terceira, em 2006. Ele testemunha todo o talento, criatividade e – por que não? – a genialidade de milhares de artistas, anônimos no dia-a-dia, mas admiráveis nos quatro dias em que desenvolvem este Festival, que é realizado numa ilha com 55 mil habitantes e visto por mais de 40 mil espectadores”.
Álamo Oliveira – Escritor
Raminho – Açores, 5 de Janeiro de 2007
Joi Cletison é historiador e especialista em história de Santa Catarina. Exerce a função de diretor do Núcleo de Estudos Açorianos da Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC. Atuou na direção do Departamento Artístico Cultural da UFSC, quando implantou a Galeria de Arte da universidade. Também dirigiu várias Instituições culturais no Estado. Atua como fotógrafo há mais de 30 anos com dezenas de exposições realizadas no Brasil e em outros países.
Serviço
Festival de Teatro Popular : O carnaval na Ilha Terceira – Açores
Local: Casarão Galloti – Tijucas
Período: até 15/03/2011
Horário de visitação: 14 às 20h de segunda a sexta feira

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