sexta-feira, 17 de junho de 2011

GRES PEGA NO SAMBA (VITÓRIA/ES)

A morte é o tema enredo da Escola Pega no Samba para o carnaval 2012, com o título de "Nós que Aqui Estamos por Vós Esperamos". A frase encontrada nas portas de antigos cemitérios remete ao único “mal” irremediado, que marca o destino do ser humano sobre a terra. Tudo que é vivo morre. A proposta do Pega é sair do senso comum e desfilar um enredo que, além de apresentar o carnaval, faça a diferença em formas, cores e emoções no Carnaval de Vitória 2012.
A ideia do carnavalesco Alex Santiago, que está de volta à agremiação, se baseia na máxima “a natureza nada se cria, nada se perde e tudo se transforma”. “Vamos procurar justificar no Sambão do Povo que graça teria a nossa existência, sem a morte para nos assustar e contar a história do homem, reverenciando a vida em sua plenitude”, explica.
Alex Santiago vai fazer a biografia da humanidade desde o Gêneses bíblico, com Adão e Eva e fruto do pecado, passando pelas profecias do velho testamento, passeando pela cultura da Índia, Egito, Idade Média, China e Japão. “O próprio carnaval é um ritual de morte. À medida que o enredo é encenado na avenida, ele vai morrendo. E quando acaba o desfile, este momento acabou”, frisa o carnavalesco Alex.
O tema da escola de Consolação não costuma figurar ou ser o principal foco de desfiles carnavalescos que estamos habituados a assistir. A agremiação promete fazer na passarela do samba uma espécie de crônica. Há uma preocupação cronológica em apresentar o verdadeiro sentindo da vida e, em consequência o sentido da morte.
“Nosso enredo não tem um começo, um meio e um fim, é como se fossem peças soltas, juntas pela existência, fazendo sentido na história”, esclarece o carnavalesco.
O desfile começa e, ao sabor do acaso, irá se modificando, tomando forma, ganhando outro sentido. A escola promete que não será um tema mórbido. Pelo contrário, pretende revelar a biografia da vida do ser humano com algum humor e um leve toque de ironia.
A morte será retratada cruzando informações filosóficas, sociológicas e antropológicas com as ideais religiosas. O desfile pretende levar o público a uma reflexão. “É hora de viver intensamente, rever conceitos, buscar rotas abandonadas pelo tempo, escrevendo a história, a filosofia e a arte”, sublinha Alex Santiago.
A mensagem a ser passada é que todos precisamos morrer para viver. E nesse ciclo, a vida se renova na morte a cada dia, gerando uma força que faz acreditar na superação. “Só temos a certeza que a morte é inevitável, mas na noite do nosso desfile, o barqueiro, quem sabe vamos enganar!”, complementa o carnavalesco já no espírito do enredo.

Enredo de Autoria do carnavalesco Alex Santiago

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