quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

CARNAVAL CARIOCA

Investigação sobre o samba: Câmara do Rio tem oito camarotes

















Aloy Jupiara, Carolina Heringer e Chico Otávio

O contrato de cessão da Passarela do Samba para o desfile do Grupo Especial 
deste ano, assinado entre Riotur e Liga Independente das Escolas de Samba 
(Liesa), destina à Câmara Municipal do Rio, sem ônus, oito camarotes no setor 6. 
O documento, que não explica a medida, é um dos objetos de análise do 
inquérito aberto pela 5ª Promotoria de Defesa da Cidadania da Capital para 
investigar o emprego de recursos municipais na organização do carnaval. Além 
da Câmara, pelo contrato Riotur-Liesa recebem gratuitamente camarotes: governo 
do Estado (cinco), Prefeitura (13), Riotur (12, mais duas frisas) e o Tribunal de 
Contas do Município (quatro).
Na Câmara, o recebimento do benefício é alvo de críticas.
— A Câmara não deveria aceitar um camarote porque os vereadores são os 
primeiros a ter com função fiscalizar recursos públicos — disse Andrea Gouvea 
Vieira( PSDB).
Teresa Bergher (PSDB), que presidiu em 2007 a CPI do Carnaval, disse que a 
Câmara não pode aceitar camarotes onde o bufê é servido pela Liesa. Segundo 
ela, todo ano, cada vereador tem direito a dois convites. A CPI foi aberta depois 
que escutas da Polícia Federal revelaram suspeitas de manipulação de 
resultados do desfile. Teresa lamenta que as recomendações do relatório final 
tenham sido arquivadas pelo TCM. Jorge Felippe (PMBD), presidente da Câmara, 
não foi localizado para comentar o assunto.
O MP também investiga o uso indevido de recursos do Viradão do Momo 
(apresentação de sambistas no réveillon e eventos nas quadras) no desfile das 
escolas. Reportagem publicada ontem mostrou que a promotoria suspeita que o 
Viradão, criado em 2010, é usado como disfarce para repasse de dinheiro sem 
prestação de contas com notas fiscais. Cada escola ganhou R$ 1 milhão.
A entrega gratuita de camarotes a órgãos públicos é garantida pelo contrato de 
cessão do Sambódromo, assinado novembro de 2010. O MP questiona o 
recebimento do benefício pelo TCM, fiscalizador das contas da Prefeitura.
O presidente do tribunal, conselheiro Thiers Montebello, informou ontem que pediu 
à Corregedoria Geral do MP para investigar qual promotor disse, sobre os recursos 
do Viradão, que “o descontrole contábil é agravado pelo fato do órgão fiscalizador 
dos gastos da prefeitura, ganhar da Liga Independente das Escolas de Samba 
(Liesa) camarotes no Sambódromo”. Segundo o conselheiro, o TCM recebeu 
camarotes da prefeitura, não da Liesa, por contrato de 1984, quando o 
Sambódromo foi inaugurado.
O prefeito Eduardo Paes disse ontem que vai procurar o MP para discutir os
 repasses.
— A única coisa que não podem pedir ao prefeito do Rio é que não possa 
contratar as escolas para eventos. Jamais vou fazer isso. Vou procurar o Dr. 
Claudio e a promotora para encontrar um caminho.
O prefeito também defendeu o TCM. Paes afirmou que os espaços usados 
pelos conselheiros são cedidos pela prefeitura, não pela Liesa:
— Os camarotes do TCM pertencem à Prefeitura. Todos os camarotes lá 
pertencem à Prefeitura. Alguns a prefeitura cede à Liesa sem custo. O prefeito 
é quem cede ao TCM.


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