terça-feira, 24 de janeiro de 2012

CARNAVAL PAULISTANO

Foliões sofrem para comprar ingressos de meia-entrada para o Carnaval de São Paulo

Foto - Raul Machado - SRZDAinda faltam semanas para o desfile das escolas de samba de São Paulo, mas a acirrada disputa entre os apaixonados pelas escolas de samba já começou. Não pelo campeonato, mas pelo direito de assistir de perto à folia.
Durante os últimos dias, A imprensa recebeu inúmeros telefonemas e mensagens de reclamações de sambistas relatando a dificuldade em adquirir ingressos para os desfiles de 2012 nas bilheterias do Anhembi, principal ponto de venda das entradas.
Na tarde do último sábado, a equipe de reportagem da imprensa esteve no local para conferir como a venda é feita. Em frente aos guichês, uma longa fila, aglomeração e inúmeras reclamações.
A assistente contábil Janice Gonçalves, de 51 anos, disse que desistiu de comprar seus bilhetes para assistir à escola do coração na arquibancada após ficar mais de sete horas na fila.
Segundo Janice, às 17h, um funcionário informou que as vendas estavam encerradas naquele dia. Depois disso, a assistente contábil recebeu a informação de que quem estava na fila seria atendido, mesmo após o horário da venda ter chegado ao fim. Para a sua frustração, ficou no local até as 20h e voltou para a casa de mãos vazias.
"É muito triste ter que passar por uma situação deste tipo. Todos os anos eu espero para ver os desfiles, mas está ficando cansativo demais. Vou ter que recorrer ao meu filho e, se ele não conseguir, irei desistir."
Sabendo que as bilheterias abrem às 11h, a design Daniella Strachino, de 36 anos, chegou às 8h30 no último sábado, dia 21 de janeiro, para garantir o seu lugar. Segundo a designer, dos nove guichês disponíveis, apenas um vendia ingresso pela metade do preço.
Foto - Raul Machado - SRZD
"É uma vergonha. Aqui deveria ser o local mais organizado e encontramos atendentes de braços cruzados dizendo que por ordem superior, não podem atender a venda para meia-entrada. Todos sabem que a maioria das pessoas não tem condições de fazer a compra durante a semana. A Ingresso Fácil poderia atender melhor os seus clientes, tanto aqui no Anhembi quanto por telefone, pois ninguém consegue falar nos números divulgados."
Revoltada, Daniela fez denúncia a reportagem da "TV Globo". Do local, ela telefonou para a emissora detentora dos direitos de transmissão dos desfiles para solicitar cobertura.
"Só após às 13h e com a chegada da imprensa, que liberaram mais guichês para venda. É um absurdo a falta de respeito e organização com as pessoas que amam o Carnaval."
Com Eduardo Funicelli, funcionário público aposentado de 63 anos, a dificuldade foi ainda maior. Funicelli conseguiu comprar seus ingressos após sua quinta ida ao sambódromo.
"A Ingresso Fácil pode ser eficiente para outros eventos, mas a cada ano, deixa a desejar para o público alvo das escolas de samba, daí a sofrível prestação de serviços.
Eduardo, que desfilou pela primeira vez no Carnaval de São Paulo em 1959, afirmou que se sente profundamente chateado com a dificuldade encontrada para exercer o seu direito como consumidor.
Foto - Raul Machado - SRZDAproveitando a presença da imprensa, ele ainda fez um desabafo.
"Em três dias diferentes em que estive aqui, o sistema caiu e a chuva era forte. Como não havia abrigo me retirei. Abri mão da meia-entrada e fui ao estádio do Canindé, outro ponto de venda. Lá me deparei com as bilheterias fechadas. Hoje fui feliz e finalmente consegui. Atendimento preferencial existe, no entanto, além da espera, temos ainda que nos adequar a uma bilheteria baixinha que obriga o idoso alto a se agachar."
Ingresso Fácil admite falhas técnicas
A imprensa entrou em contato com a empresa responsável pela comercialização dos ingressos. Por telefone, o assessor João Barbosa informou que no sábado alguns probemas técnicos realmente aconteceram no posto de vendas localizado no Parque Anhembi.
"Além de algumas falhas técnicas e lentidão no sistema, tivemos um problema de falta de energia elétrica, o que causou um atraso fora da normalidade."
Para o assessor, o público deve procurar outros pontos de venda para adquirir as entradas, evitando assim a superlotação no sambódromo.
Questionado sobre o motivo da empresa disponibilizar apenas um ponto de venda para meia-entrada, o assessor afirmou:
"Com o objetivo de evitar falsificações e buscando segurança para os foliões, só vendemos ingressos de meia-entrada nos guichês do Anhembi. No entanto, temos outros pontos de vendas localizados em vários pontos da cidade para atender ao grande público."
Este é o quarto ano consecutivo em que a Ingresso Fácil fica responsável pela venda dos convites para a folia paulistana. Segundo dados oficiais, 14.992 entradas já foram vendidas. 

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