quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

CARNAVAL

E o sambista continua sonhando...

Foto - SPTurisVoltamos a falar de samba, de suas alegrias e tristezas neste espaço que nos cedeu o amigo jornalista Sidney Rezende.
Desta vez, vamos lamentar fatos que ocorrem dentro do mundo do samba paulistano.
Pensamos no grandioso espetáculo, que a maioria das escolas de samba e seus sambistas estão preparando, a duras penas, para o Carnaval de 2012.
Como se explica que um trabalho, realizado praticamente o ano todo por comunidades de recursos modestos, que ainda assim, oferecem empregos a um número muito grande de pessoas, valorizando juntos o Carnaval da capital paulista e enriquecendo o comércio, a indústria, o turismo e tantos outros setores, que veem nesse período uma forma de aumentar os seus lucros?
Como se explica que essas escolas, que realizam tais trabalhos, de visuais tão lindos, jamais sejam valorizadas pelas autoridades governamentais?
É muito triste ver barracões de escolas de samba tradicionais, que há muito vem colaborando para o engrandecimento da folia paulistana, não conseguirem um espaço digno para executarem suas alegorias.
Algumas trabalham debaixo de pontes, sem nenhum conforto. São locais perigosos, sujeitos a assaltos, enchentes, ou mesmo até mesmo incêndio, como ocorreu recentemente nos barracões da Unidos da Vila Maria e da Mocidade Alegre.
Pelo trabalho que oferecem, elas deveriam ter grandes espaços cedidos pelas autoridades, porque, afinal, quem sai lucrando com o visual das agremiações são elas mesmas. Esses espaços tão esperados, devidamente equipados de toda segurança possível, são necessários e urgentes.
Todos os materiais usados na confecção das alegorias e fantasias são inflamáveis, sujeitos a incêndios, e os tecidos delicados das fantasias e acabamento dos carros são  facilmente perdidos por enchentes.
Foto - Raul Machado - SRZDMas os sambistas também são otimistas e sonhadores, e continuam sonhando... sonhando... com a tão esperada "Fábrica dos Samba Paulistana"", prometida há mais de dez anos, como também esperam o "Museu do Carnaval", que deveria ser construído nas imediações do Anhembi, na gestão do então prefeito Celso Pitta, e que até hoje não aconteceu. Entra ano e passa ano, entra prefeito sai prefeito, e até agora nada.
     
Mesmo assim somos sambistas, defendemos as nossas entidades, e por elas lutamos, e trabalhamos intensamente. Também vibramos, ao vermos a entrada triunfal de cada escola na passarela do samba, com todos os seus trabalhos realizados. Na hora certa, no momento certo, lá estão elas prontas na concentração: impecáveis, felizes. Nesse momento são esquecidos todos os dissabores, todas as preocupações, angústias e aflições, procurando-se viver o momento mágico de tão grande alegria.
 
Quem ganha com isso? Ah, nós os sambistas, o público presente tanto das arquibancadas como os que pagam altíssimos preços para assistir a esse deslumbrante espetáculo; a Prefeitura e o Estado, que oferecem aos turistas em visita a São Paulo, essa grande atração que são os "desfiles das escolas de samba". Ganham o comércio, os hotéis, os centros gastronômicos e a mídia, que faz do evento a sua matéria durante o Carnaval.
Mas, independentemente do "sonho tão sonhado e da realização tão esperada", assistiremos em 2012 certamente ao melhor e maior desfile de todos os tempos.

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