terça-feira, 10 de janeiro de 2012

CLÓVIS BORNAY

CLOVIS BORNAY - LUXO E GLÓRIA NA HISTÓRIA DO CARNAVAL

Clóvis Bornay, museólogo e carnavalesco brasileiro, idealizador do Baile de Gala do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1937, conhecido pelas suas fantasias ricas e belas elaboradas e anos de sua vida dedicada ao carnaval, nasceu em Nova Friburgo, 10 de janeiro de 1916.
Era o mais novo dos doze filhos de mãe espanhola e pai suíço, dono de uma loja de joias.
Desde 1928, ainda garoto, sempre gostava de participar dos bailes de carnaval do Fluminense Futebol Clube, mostrando que tinha habilidade para lidar com o mundo do samba. Em 1937, com 17 anos, quis ser integrante Teatro Municipal do Rio de Janeiro e conseguiu, depois de muita luta, convencer o então diretor do local, Silvio Piergilli, a criar um baile de gala com fantasias de luxo. Sua primeira fantasia fora confeccionada pela italiana Josefina Pampuri e se chamava “O Príncipe Hindu”. Era de extremo bom gosto, feita com cristais lapidados. Quando entrou na passarela, logo de cara, Bornay foi ovacionado, aplaudido euforicamente por toda platéia. Não foi a toa que se sagrou campeão do concurso.



Passou a desfilar também nas Escolas de Samba, sendo célebre a fantasia em homenagem a Estácio de Sá, no desfile de 1967, quando a cidade comemorava seu quarto centenário de fundação.
Com passar dos anos, Bornay foi se tornando um dos maiores nomes da história do carnaval. Suas fantasias eram sempre belíssimas, assimilando elegância com criatividade. Era quase unânime em seus concursos do Teatro Municipal, faturando inúmeras premiações. Evandro de Castro Lima e Mauro Rosas eram seus rivais de salão.
De tanto ganhar, acabou sendo declarado hors concours (concorrente de honra, não sujeito à premiação).



Trabalhou como museólogo no Museu Histórico Nacional, atuou também em outras entidades culturais.
Foi carnavalesco das escolas de samba Salgueiro, em 1966, Portela em 1969 e 1970, Mocidade Independente de Padre Miguel em 1972 e 1973 e Unidos da Tijuca, em 1973.
Em 1970, Bornay planejou o desfile da Portela com o fantástico enredo Lendas e Mistérios da Amazônia ( o tema seria reprisado em 2004). O desfile foi aguardado com muita expectativa, pois o samba da escola para aquele ano, de autoria de Catoni, Jabolô e Valtenir, é considerado por muitos como o melhor da história da Portela. Eram 3.000 componentes e desde o início do desfile, já era possível ouvir os gritos de “já ganhou!” vindo do público. As fantasias, adereços de mão e principalmente as alegorias estavam impecáveis, resultado do belíssimo acabamento que Bornay dedicou a cada uma delas. A Portela tinha uma comunicação incrível com os expectadores. Todo aquele ano de trabalho teve o resultado esperado, que era a fortíssima aceitação do público. A tradicional águia, trazendo o nome da escola em seus pés, era de extremo bom gosto e emocionava todos que a viam. As alas, riquissimamente fantasiadas, representavam índios, bandeirantes e seres místicos da floreta amazônica. Um dos pontos altos daquele desfile foi o segundo carro que representava as religiões indígenas, tendo uma escultura do deus Tupã com três metros de altura. Já o terceiro, fazia alusões à lenda de Jaçanã, que havia se transformada pela ira do Pajé. Era uma alegoria com um fantástico impacto visual, com direito até a figura do saci-pererê. E por último, veio o quarto carro, lembrando as mulheres guerreiras amazonas, montadas em cavalos, ao lado da imagem das icambiabas, as mulheres sem marido. A Portela havia acabado de realizar um momento único no carnaval carioca. Terminou seu desfile deixando um ar claro de campeonato vindo. E não deu outra: Portela conseguira seu 19º título no carnaval! Foi um desfile extraordinário e Clóvis Bornay levou seu primeiro e único campeonato, o último sozinho da agremiação.
Após 1973, quando Castor de Andrade passou a dirigir a Mocidade Independente de Padre Miguel, abandonou a confecção dos desfiles de escola de samba, deixando de exercer assim a profissão de carnavalesco.

LENDAS E MISTÉRIOS DA AMAZONIA - PORTELA 1970
レンダス エ ミステリオス ダ アマゾニア - ポルテーラ 1970



Introduziu inovações como a figura do destaque, que é uma pessoa luxuosamente fantasiada sendo conduzida do alto de um carro alegórico. Após isso, todas as demais escolas de samba copiam e tornam o quesito obrigatório. E ao longo de seus 77 anos de carnaval (69 em desfiles), sempre ele mesmo participava dos desfiles carnavalescos como destaque.
Embora sua carreira esteja fortemente ligada ao carnaval do Rio de Janeiro, por diversas vezes desfilou no carnaval de São Paulo como destaque da Escola de Samba Nenê de Vila Matilde.
Algumas de suas fantasias são expostas no Brasil e são constantemente expostas em desfiles no exterior e algumas delas podem ser encontradas em acervos nos Estados Unidos e Europa. Pela significação de seu trabalho, foi laureado com o título de cidadão honorário de Louisiana em 1964.
Recebeu a "Medalha Tiradentes" da ALERJ em 1966 dada a personalidades que tenham relevância cultural para o estado.
Foi também cantor, gravando marchinhas carnavalescas nos nos anos 60 e 70 e também se notabilizou como jurado para os apresentadores de televisão Chacrinha e Sílvio Santos.
O vestido da estátua de Nossa Senhora da Glória do Outeiro era sempre, a todo dia 5 de agosto, trocada por outro feito por Bornay.
Em 1967, foi chamado para atuar no filme Terra em Transe, de Glauber Rocha, contracenando com Paulo Autran. Também participou do filme "Independência ou Morte", de 1972.
Nunca abandonou o mundo do samba e sempre lutou em benefício do carnaval, como, por exemplo, as inúmeras tentativas de tornar os desfiles de escolas de samba algo gratuito, pois achava que o carnaval era a “festa do povo” e tinha que ser degustado pelo próprio povo.
Em 1996, o carnavalesco recebe da Assembléia Legislativa do Rio a medalha Tiradentes, dada sempre a personalidades que tenham relevância cultural em grandes serviços prestados ao Brasil.
Às 15 horas do dia 9 de outubro de 2005, Clóvis deu entrada no Hospital Souza Aguiar desidratado e com infecção intestinal. Apesar de medicado, acabou falecendo de uma parada cárdio-respiratória.
Clóvis Bornay marcou para sempre o carnaval pela sua extravagância e originalidade e seus trabalhos nas escolas de samba ficaram fortemente imortalizados.

E Por falar em Saudades - Caprichosos de Pilares 1985
エ ポル ファラ エン サウダデス - カプリショス デ ピラレス 1985

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