O campeão Sardinha
Na Cadência: Como começou a sua carreira. Quando você despertou para o samba?
Sardinha: Antes de mais nada, agradeço a oportunidade de participar dessa entrevista! Respondendo a pergunta, o meu ingresso no mundo do samba, começou meio por acaso. Estava havendo um concurso para a escolha de samba para um bloco no local onde resido em Jurujuba, me aventurei, o meu samba agradou e aí surgiu o meu primeiro título de campeão. Naquele momento percebi que tinha o dom de compor.
Na Cadência: Você é quase que exclusivamente compositor da Cubango, mas já fez sambas em outras escolas?
Sardinha: Sou sim, ela é a escola do meu coração e no mundo do samba ganhei projeção tendo-a como identidade, “Sardinha do Cubango”. Mas também já fiz sambas para outras escolas, entre elas, Mocidade Independente de Icaraí, Um Amor para Todos, Império de Niterói e Pingo d´Água.
Na Cadência: Como você se sente em ser Octacampeão na Cubango e o maior vencedor da Escola?
Sardinha: Me sinto muito feliz, orgulhoso e igual a um pinto no lixo, mas, pretendo ganhar muito mais, pois já tem gente nos meus calcanhares!
Na Cadencia: Qual das composições vitoriosas mais o emocionou? E das que você perdeu. A que te deixou mais triste?
Sardinha: A primeira é claro, sem experiência, competindo pela primeira vez, numa escola de tradição e contra compositores cascudos, eu era uma ‘sardinha’ no meio dos ‘tubarões’. Mas, graças a DEUS, aos meus parceiros e principalmente a nossa fantástica torcida, quebramos tudo. Mas, o meu maior orgulho é o samba que esquenta a minha escola de samba na avenida, o " ACONTECEU". A bem pouco tempo, compus um samba de exaltação para AS BAIANAS DO CARNAVAL, que virou o carro chefe das festas realizadas pela ala das baianas do Cubango, quando o samba toca, elas ficam assanhadinhas!
Na Cadência: Você faz parte da equipe de Harmonia da Cubango. Espera ser o diretor de Harmonia algum dia?
Sardinha: Dizem, que quando você usa o uniforme da harmonia, é considerado diretor de harmonia. Eu me sinto assim, mas o cargo de Diretor Geral de Harmonia, eu nunca tive a pretensão de ter. É um cargo muito almejado, com muitos pretendentes.
Na Cadência: Como você analisa os sambas atuais?
Sardinha: Eu acho que os sambas atuais, acompanharam a evolução dos tempos, uma vez que num passado bem distante, os sambas de enredo eram muito cadenciados, a escola não tinham o rigor de hoje com relação a cronometragem, possuiam um enorme contingente de componentes e não obedeciam tempo. Hoje, as escolas ainda possuem um grande número de componentes, mas tem o rigor do horário, tem que começar e acabar no tempo certo, e se não cumprirem o horário, são punidas!
Na Cadência: As disputas de samba de hoje são questionadas por alguns. Apontam existências de escritórios e alto custo com torcidas. Como você vê o atual processo de disputa de sambas nas escolas?
Sardinha: Para quem não possui um bom recurso financeiro, torna-se um luta quase que inglória, mas se você tem grana e não tem um grande samba, de nada vale, pois se o
julgamento for criterioso, vai ganhar o melhor samba, tendo grana ou não. Mas se o dono da grana, tiver um bom samba, ele vai correr pro abraço!
Na Cadência: Você que viveu a época de ouro do carnaval de Niterói, como vê o processo de revitalização dos desfiles na cidade. Acredita que a festa volte a ser o que era?
Sardinha: Vejo com bons olhos, mas acho impossível se chegar aos tempos áureos da Amaral Peixoto. Se os desfiles permanecerem na Rua da Conceição o sofrimento vai continuar, para
quem desfila, e para quem assiste.
Na Cadência: Você vai continuar se dedicando ao samba enredo? O que planeja para o futuro?
Sardinha: Enquanto Deus me der inspiração e aos meus parceiros, eu continuo porque gosto da adrenalina, mas o futuro a DEUS pertence. Desejo de coração a todos sem distinção amigos sinceros e inimigos gratuitos um ano cheio de boas realizações. OBRIGADO A VOCES DO BLOG CADENCIA DA BATERIA ATÉ BREVE!
Os oito sambas compostos por Sardinha que foram para a avenida com a Cubango:
1986 - VAMOS AO TEATRO, que marcou o primeiro desfile da Cubango na cidade do Rio de Janeiro, para avaliação da escola;
1987 - O ENCANTAMENTO DE SOBOADAN. A Cubango conquistou o vice campeonato no GRUPO IV e subiu para o GRUPO III.
1991 - TERRA DE SANTA CRUZ DOS ABACAXIS E DOS FILHOS DA FRUTA;
2003 - CÂNDIDO MENDES. UM SÉCULO DE PAIXÃO NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO;
2007 - DE FIO A FIO NA REAL, PARA LÁ E PARA LI PARACAMBI;
2008 - MERCEDES BATISTA;
2010 - OS LOUCOS DA PRAIA CHAMADA SAUDADE;
2011 - A EMOÇÃO ESTÁ NO AR.
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