terça-feira, 10 de janeiro de 2012

GRES BEIJA-FLOR DE NILÓPOLIS (NILÓPOLIS/RJ)

Como funciona o ensaio de quadra da Beija-Flor

  A imprensa esteve na quadra da Beija-Flor e comprovou o motivo de a Beija-Flor de Nilópolis nunca decepcionar no que diz respeito ao canto dos seus componentes quando se apresenta na Marquês de Sapucaí. É de longe o ensaio em que mais se trabalha o entrosamento entre bateria, carro de som e demais componentes. Tudo debaixo da supervisão do exigente Laíla, que permanece atento a todos os detalhes durante as quase três horas de ensaio.
O treino acontece sempre às quintas, na quadra da escola, e começa por volta de 23h. A presença maciça da comunidade e os testes feitos por Laíla ao longo da noite são os destaques. O diretor de carnaval chega a colocar somente os componentes para cantar, ao som da bateria, por cerca de uma hora, e chama a atenção de quem não estiver participando ativamente do ensaio.
- A quinta-feira para o nosso trabalho é sagrado. Faço nela tudo aquilo que acho válido para a escola evoluir harmonicamente. Testamos andamento da bateria, entrosamento entre os músicos do carro de som e o canto da comunidade. Chamo a atenção mesmo, dou bronca quando tem que dar, mas faço sem desrespeitar ninguém. Tudo isso é para chegar na Sapucaí com um trabalho bem feito. Se começa a ganhar o carnaval nesses ensaios. Já chego nos ensaios técnicos na Sapucaí tranquilo, sabendo o que a Beija-Flor pode render – explica Laíla.
Chama a atenção também alguns artifícios usados por Laíla durante o ensaio. Em determinado momento, ele pede para somente as vozes masculinas cantarem. Em outro, somente as vozes femininas. A divisão é feita sempre na primeira e na segunda parte do samba. Nos refrões, todos cantam juntos. A tática não dura o ensaio todo, apenas alguns minutos, mas dá dimensão do entendimento musical de Laíla, já que é visível a crescida que a obra dá em determinados momentos.
Perguntado se pretende usar essa carta na manga em plena Avenida, ele desconversa e, bem-humorado, prefere não dar armas aos adversários.
- Eu faço isso para observar determinadas coisas que prefiro não comentar. Estamos numa competição e não é bom eu ficar falando sobre isso. Todos jogam de acordo com os seus conhecimentos e eu tenho os mesmos (risos). Não sei se farei isso na Avenida. Não descarto, mas também não dou certeza.
A quebra melódica apontada por alguns críticos na parte da junção entre as duas obras vencedoras, foi abordada por Laíla. Ele afirmou que é normal as pessoas estranharem no início, pois todos acabam tendo os seus sambas preferidos durante a disputa, mas prefere confiar em sua experiência e aponta o canto forte da comunidade de Nilópolis para exemplificar.
- Eu já fiz várias junções que deram muito certo. Havia uma divisão muito grande de preferência aqui. No início, as pessoas estranham mesmo, estão acostumados a cantar um determinado samba. Mas, no primeiro ensaio, pedi aos cantores para interpretar o samba 20 minutos e quando larguei para a quadra a resposta foi extremamente positiva. Agora estamos mantendo o mesmo trabalho que vem dando certo e o samba está sendo muito bem cantado. Confio na minha comunidade, 
por isso fico à vontade para tomar algumas decisões – disse Laíla.
Participam do ensaio técnico de quadra da Beija-Flor todas as alas de comunidade, baianas, bateria, os casais de mestre-sala e porta-bandeira e passistas. Não há definição sobre o posicionamento da bateria. Em alguns ensaios ela começa a tocar no palco, junto com os cantores, e desce posteriormente para rodar a quadra com o resto da comunidade. Em outros, ela roda a quadra durante a totalidade do ensaio.
Uma curiosidade da Beija-Flor é que ela é uma das poucas escolas que não ensaiam na rua no mês de janeiro. Apenas os ensaios na Marquês de Sapucaí e um em Copacabana são realizados fora da quadra. O tamanho da quadra, a maior do carnaval carioca, ajuda no trabalho do quesito evolução, o que costuma ser trabalhado pelas escolas nos ensaios de rua. Laíla opina sobre a questão.
- Cada um faz aquilo que acha melhor. Aqui na Beija-Flor eu não vejo essa necessidade. A nossa quadra nos atende perfeitamente e consigo trabalhar melhor a evolução. O único problema é quando chove (a quadra ainda está sem cobertura), pois aí temos que ensaiar no parque aquático (ainda dentro do complexo da quadra) e o tamanho lá é reduzido, mas papai do céu tem nos ajudado e estamos conseguindo trabalhar bem.
Para conferir a aula de ensaio técnico da Beija-Flor de Nilópolis, basta ir até a quadra da escola na rua Pracinha Walace Paes Leme, 1025, Nilópolis, Baixada Fluminense. O ensaio começa entre 22h30 e 23h e costuma ter quase três horas de duração.

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