Samba no compasso de pandeirão e até guitarra
Instrumentos inéditos na Sapucaí e o ritmo kuduro invadem as baterias das escolas
Os foliões devem se preparar para muitas surpresas na Marquês de Sapucaí
este ano. E a bateria, conhecida como ‘o coração das escolas de samba’,
promete se destacar no quesito inovação. Para conquistar nota 10, tamborins
e repiques vão dividir espaço com um pandeiro gigante, instrumentos africanos
e até mesmo uma guitarra. Vale até paradinha no ritmo de kuduro.
A União da Ilha, que vai falar sobre Londres, aposta na mistura samba-rock.
O músico Luiz Carlos Lopes, 46 anos, conhecido como Diamante, será o
encarregado de tocar guitarra durante a paradinha da bateria.
Diamante vai tocar guitarra na paradinha da bateria da Ilha | Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia
“É a realização de um sonho. Sempre quis desfilar, mas nunca pisei antes na
Sapucaí. Será um momento marcante, ainda mais por trazer esta grande
para a Avenida”, avalia Luiz.
Atual campeã do Carnaval, a Beija-Flor, nota máxima no quesito bateria no ano
passado, também fará a estreia de um instrumento na Sapucaí: o pandeirão,
um pandeiro com 48 cm de diâmetro, típico do Maranhão — enredo da escola
— e usado na festa do Bumba Meu Boi.
Adaptações
“Tivemos que adaptar o ritmo do instrumento para o samba, mas foi fácil.
Depois de dois ensaios, a sintonia já estava perfeita”, explicou o mestre
Mestre Rodney, que comanda a bateria da Azul e Branca.
O músico Joilson Camaleão, 30 anos, é um dos seis maranhenses que vão
acompanhar com o pandeirão o batuque do samba. “É uma grande
responsabilidade, mas estamos preparados. Será com certeza o local mais
inusitado onde já toquei o instrumento”.
Bateria da atual campeã Beija-Flor vai levar para a Avenida instrumento típico do Maranhão. O pandeirão, que tem 48 centímetro de diâmetro, é usado na festa do Bumba Meu Boi | Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia
Com enredo sobre a Angola, a Vila Isabel quer ver o público da Sapucaí
dançando, além de samba, o kuduro. O ritmo africano que faz sucesso por
aqui com Latino também já conquistou as passistas e musas da escola, que
estão afiadas para fazer passos na ‘paradinha’ da bateria.
“Foi fácil, aprendi a dançar kuduro vendo vídeos. Tenho certeza de que,
depois do desfile da Vila, todo mundo que estiver na Sapucaí vai voltar para
casa dançando o estilo”, prevê a musa Bruna Salgueiro. A bateria também vai
levar para a Avenida o djambê, instrumento tradicional africano, e fazer uma
paradinha no ritmo de jongo.
Escolas apostam no forró para contagiar o público
A bateria da escola Acadêmicos do Salgueiro, que este ano conta a história
do cordel, promete colocar a Marquês de Sapucaí para dançar xote. Os
músicos, que vão usar chapéus de cangaceiro confeccionados no Nordeste,
vão fazer também a ‘paradinha’ em ritmo de baião.
A bateria vai contar com carrinho em forma de baú de tesouro cheio de
copos d’água. “A água é nosso tesouro, de que precisamos no calor do
desfile. Vamos fazer referência a Virgulino, que roubava dos pobres e dava
para os ricos”, explicou Mestre Marcão.
Musas da Vila Isabel dançam ritmo africano kuduro | Foto: André Mourão / Agência O Dia
A escola que também vai apostar no ritmo nordestino é a Unidos da Tijuca,
mais uma a fazer paradinha ao som de forró para homenagear Luiz Gonzaga,
seu enredo. A Imperatriz Leopoldense, que fala sobre o escritor Jorge Amado,
promete incrementar o desfile com ritmo baiano.
Na Renascer de Jacarepaguá, que vem homenageado o artista plástico
pernambucano Romero Britto, o som será o maracatu. Já os músicos da
Grande Rio, cujo enredo fala sobre superação, virão fantasiados de atletas
paraolímpicos, e dois deles são cadeirantes.
fonte: jornal o dia
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