Portela atrasa salários, enfrenta protestos e não
começou a preparar desfile
Barracão da Portela com atraso na montagens dos carros alegóricos Foto:
Nina Lima / Extra
Rafael Soares
A maior vencedora do carnaval carioca corre risco
de novamente passar por sérios problemas na Avenida. A Portela passa por
problemas financeiros e não está em dia com o pagamento de seus funcionários:
todos os setores da escola, dos faxineiros à equipe de segurança, passando pelo
intérprete Gilsinho e pelo casal de mestre-sala e porta-bandeira, não recebem
salário há dois meses, e os responsáveis pela elaboração de fantasias e carros
alegóricos ameaçam parar. A informação foi confirmada por diversos setores da
escola.
O atraso já é visível na Cidade do Samba. Enquanto
as vizinhas Grande Rio e União da Ilha têm carros com as bases prontas e
esculturas finalizadas, a Portela não terminou o desmonte das alegorias do
último carnaval. Uma equipe do EXTRA visitou o barracão. Somente duas pessoas
trabalhavam nas ferragens. À noite, segundo integrantes, os profissionais
abandonaram o barracão.
A crise afetou também os ensaios de rua da escola.
No última domingo, a agremiação cancelou o evento. O motivo: Gilsinho,
intérprete oficial, e os demais cantores se recusaram a comparecer em protesto
pela situação.
A assessoria da Portela confirmou os problemas
financeiros, disse que os pagamentos serão "resolvidos até o fim da
semana" e afirmou que o atraso não assusta: "Já cansamos de fazer
carnaval em 30 dias", disse o assessor Enildo do Rosário.
Turbilhão de problemas na azul e branco
Crise política
Nilo Figueiredo, presidente da Portela, não
comentou os salários atrasados. Ele enfrenta forte resistência dentro da
escola. O líder da oposição é o sargento da PM Marcos Vieira de Souza, o
Falcon, que organiza feijoadas mensais em Oswaldo Cruz, sempre no primeiro
domingo do mês. Falcon vai ser candidato nas próximas eleições, em maio.
Sem crédito
A Portela passa por sérios problemas de
fornecimento de material. Segundo integrantes da escola ouvidos pelo EXTRA,
fornecedoras ameaçam negar crédito à agremiação a partir de janeiro.
Casal demitido
As dificuldades financeiras ficaram escancaradas
após a demissão de Rogerinho e Lucinha Nobre, um dos casais de mestre-sala e
porta-bandeira mais premiado da Sapucaí. Para o lugar deles, foram contratados,
com menores salários, Robson e Ana Paula.
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