“O MARQUÊS NUMA VIAGEM PIONEIRA,VÊ NASCER UM REI NA VIZINHA FALADEIRA
!…PAULO BARROS O DNA DO CARNAVAL”
Dormia
tranquilamente o carnaval carioca após as décadas de 40 e 50, embalados por
marchinhas e ranchões ninado pelos acordes de Braguinha e Chiquinha Gonzaga,
mas a calma e tranquilidade desse sono longo teria um despertar! Novos ventos
trariam novos profissionais ao ramo. Elementos ligados as artes e aos
movimentos culturais do pós-guerra, aportariam nos portos da folia.
Nos
anos 60 surgiria um dos ícones desse contexto, Fernando Pamplona atravessa a
década colecionando títulos, ladeados por não menos famosos Arlindo Rodrigues,
Rosa Magalhães, Oswaldo Jardim entre outros…
O
nome carnavalesco começa a despontar como profissão e não mais como função
dentro das agremiações, um embrião de profissional de carnaval começa a se
formar, separando-o de figurinista, artista plástico, diretor de arte e etc…
Agora
assumindo a gestão de alegorias e fantasias passa a administrar completamente o
desfile, de maneira efetiva o carnavalesco assume a função de principal gestor
da parte artística do espetáculo.
O
surgimento de liga e associações estruturam os desfiles, trazendo no seu rastro
a transmissão de TV e alusivas premiações, lhes conferindo status e prestígio
nos meios culturais e sociais.
No
início da década de 70, surge um novo momento na folia carioca, incorpora-se ao
espetáculo o nome de “Joãozinho Trinta”, aumentando o tamanho das alegorias e
arrojando o formato de fantasias, é avassalador, um colecionador de títulos e
triunfos. Uma nova visão do carnaval, apronta a marcha que segue sólida até os
anos 90.
É um
novo ritmo, uma nova concepção, pelo menos durante uma década, João inventa, e
recria a nova plástica das escolas de samba, é uma trajetória brilhante e
gloriosa.
João
encerra seu desfile nesse planeta em um quente dezembro de 2011. Aos mais aguerridos
pessimistas coube a função de sepultar, tão somente ele, como também uma era,
aos ortodoxos o próprio carnaval.
Mas
nada de sono profundo ou marasmo, os inconformados adeptos do novo, logo
estremeceriam as arquibancadas!
A
década de 90 trouxe de forma discreta um novo astro, aquele que reformaria e
porque não dizer recriaria o espetáculo. Surge na ARES Vizinha Faladeira um
carnavalesco que mudaria a história do carnaval. De visão simples e aguçado
sentido plástico surge Paulo Barros.
Logo
os arroubos de João e os abalos por ele causados foram esquecidos, o mais
cético dos conhecedores da festa, se rende ao inusitado formato “Paulo Barros”.
Enxergando
a utilização do que era inútil lixo, em útil luxo, transforma latas em
alegorias, canudos em roupas, malandro em Deus e corpos nus em moléculas,
utiliza de tudo a sua volta e a nossa também em elementos de carnaval.
Absurdamente fantástico ele vê em automóveis Volkswagen, uma inusitada
alegoria.
Paulo
contraria a inércia, o movimento gravitacional e avança pelo cinema, pela
música, pelos heróis dele e de todos nós. E até pelos mais ferrenhos críticos,
é consagrado como o responsável pelo substancial aumento do atrativo ao
espetáculo.
Paulo
traz de volta o sentimento de orgulho e a saudável competição entre
agremiações, torcedores e espectadores vão ao sambódromo como vão ao Maracanã,
ver a final de um campeonato torcer, aplaudir e vibrar com fantásticos lances
plásticos e cenográficos. Ele próprio desencadeia a busca por novas formas e
formatos levando as coirmãs, a uma corrida pelo encantamento no espetáculo como
uma grande olimpíada de carnaval, onde todas as escolas se esmeram em inovação
e aprimoramento de seus desfiles.
O
show na sua mais pura síntese incorpora-se ao desfile, está inaugurada e
irreversivelmente instalada a era Paulo Barros! Títulos sequenciados e
isoladamente pretendidos o consagram. Espetáculos e apresentações de sua
criação são realizados fora do carnaval e em âmbitos inusitados Paulo também se
transforma num excelente alvo de mídia e recursos, em definitivo, consagrado e
aclamado pelos canais competentes.
Os
pessimistas apostam no fim da era Barros, mas os números os frustram, Paulo já
atravessa mais de uma década à frente de uma mecânica inesgotável. Creio que
ainda veremos muito dele, e de suas ideias, de seus voos sobre o que prevíamos
e o que de forma alguma jamais supomos. Não está no seu script parar, cessar,
interromper o espetáculo.
Para
os críticos de plantão e os expectadores em igual postura cabe sentar-se e
assistir mesmo de forma discreta ou de aberta atitude de fã e admirador, ao
espetáculo que seu original trabalho e apurada visão nos oferece a cada ano, a
cada vez que assistimos ao começo de desfiles não só no Rio de Janeiro, mas em
qualquer lugar desse país, onde haja carnaval!!!
Jean
Rodrigues
carnavalesco
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