sábado, 6 de maio de 2017

ARES VIZINHA FALADEIRA (RIO DE JANEIRO/RJ)

“O MARQUÊS NUMA VIAGEM PIONEIRA,VÊ NASCER UM REI NA VIZINHA FALADEIRA !…PAULO BARROS O DNA DO CARNAVAL”

Dormia tranquilamente o carnaval carioca após as décadas de 40 e 50, embalados por marchinhas e ranchões ninado pelos acordes de Braguinha e Chiquinha Gonzaga, mas a calma e tranquilidade desse sono longo teria um despertar! Novos ventos trariam novos profissionais ao ramo. Elementos ligados as artes e aos movimentos culturais do pós-guerra, aportariam nos portos da folia.
Nos anos 60 surgiria um dos ícones desse contexto, Fernando Pamplona atravessa a década colecionando títulos, ladeados por não menos famosos Arlindo Rodrigues, Rosa Magalhães, Oswaldo Jardim entre outros…
O nome carnavalesco começa a despontar como profissão e não mais como função dentro das agremiações, um embrião de profissional de carnaval começa a se formar, separando-o de figurinista, artista plástico, diretor de arte e etc…
Agora assumindo a gestão de alegorias e fantasias passa a administrar completamente o desfile, de maneira efetiva o carnavalesco assume a função de principal gestor da parte artística do espetáculo.
O surgimento de liga e associações estruturam os desfiles, trazendo no seu rastro a transmissão de TV e alusivas premiações, lhes conferindo status e prestígio nos meios culturais e sociais.
No início da década de 70, surge um novo momento na folia carioca, incorpora-se ao espetáculo o nome de “Joãozinho Trinta”, aumentando o tamanho das alegorias e arrojando o formato de fantasias, é avassalador, um colecionador de títulos e triunfos. Uma nova visão do carnaval, apronta a marcha que segue sólida até os anos 90.
É um novo ritmo, uma nova concepção, pelo menos durante uma década, João inventa, e recria a nova plástica das escolas de samba, é uma trajetória brilhante e gloriosa.
João encerra seu desfile nesse planeta em um quente dezembro de 2011. Aos mais aguerridos pessimistas coube a função de sepultar, tão somente ele, como também uma era, aos ortodoxos o próprio carnaval.
Mas nada de sono profundo ou marasmo, os inconformados adeptos do novo, logo estremeceriam as arquibancadas!
A década de 90 trouxe de forma discreta um novo astro, aquele que reformaria e porque não dizer recriaria o espetáculo. Surge na ARES Vizinha Faladeira um carnavalesco que mudaria a história do carnaval. De visão simples e aguçado sentido plástico surge Paulo Barros.
Logo os arroubos de João e os abalos por ele causados foram esquecidos, o mais cético dos conhecedores da festa, se rende ao inusitado formato “Paulo Barros”.
Enxergando a utilização do que era inútil lixo, em útil luxo, transforma latas em alegorias, canudos em roupas, malandro em Deus e corpos nus em moléculas, utiliza de tudo a sua volta e a nossa também em elementos de carnaval. Absurdamente fantástico ele vê em automóveis Volkswagen, uma inusitada alegoria.
Paulo contraria a inércia, o movimento gravitacional e avança pelo cinema, pela música, pelos heróis dele e de todos nós. E até pelos mais ferrenhos críticos, é consagrado como o responsável pelo substancial aumento do atrativo ao espetáculo.
Paulo traz de volta o sentimento de orgulho e a saudável competição entre agremiações, torcedores e espectadores vão ao sambódromo como vão ao Maracanã, ver a final de um campeonato torcer, aplaudir e vibrar com fantásticos lances plásticos e cenográficos. Ele próprio desencadeia a busca por novas formas e formatos levando as coirmãs, a uma corrida pelo encantamento no espetáculo como uma grande olimpíada de carnaval, onde todas as escolas se esmeram em inovação e aprimoramento de seus desfiles.
O show na sua mais pura síntese incorpora-se ao desfile, está inaugurada e irreversivelmente instalada a era Paulo Barros! Títulos sequenciados e isoladamente pretendidos o consagram. Espetáculos e apresentações de sua criação são realizados fora do carnaval e em âmbitos inusitados Paulo também se transforma num excelente alvo de mídia e recursos, em definitivo, consagrado e aclamado pelos canais competentes.
Os pessimistas apostam no fim da era Barros, mas os números os frustram, Paulo já atravessa mais de uma década à frente de uma mecânica inesgotável. Creio que ainda veremos muito dele, e de suas ideias, de seus voos sobre o que prevíamos e o que de forma alguma jamais supomos. Não está no seu script parar, cessar, interromper o espetáculo.
Para os críticos de plantão e os expectadores em igual postura cabe sentar-se e assistir mesmo de forma discreta ou de aberta atitude de fã e admirador, ao espetáculo que seu original trabalho e apurada visão nos oferece a cada ano, a cada vez que assistimos ao começo de desfiles não só no Rio de Janeiro, mas em qualquer lugar desse país, onde haja carnaval!!!

Jean Rodrigues
carnavalesco

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