Enredo 2011: Brisas pelo tempo
Ah... O amor!
Como é bom amar, né? E como é gostoso levar o amor até as pessoas. Essa é a minha função: Semear o amor nos corações dos mortais.
Quem diria que um dia eu, o Cúpido, seria traído por minha própria flecha e estaria inebriado com a beleza de uma mortal. A mais bela dentre todas, a minha querida e amada Psique.
Que essa paixão iria acender em minha mãe, Afrodite, uma fúria sobrenatural. Logo ela, a deusa do amor!Mas hoje não estou aqui para declamar minha loucura por Psique, ou apresentar-lhes a fúria de minha mãe.
Vim para mostrar como um pequeno instrumento, fascinante, que de prova de amor tornou-se um objeto marcante na história da humanidade. Viajou pelo mundo, adquiriu inúmeros significados. Sempre cercado de histórias e lendas espalhou diversas brisas pelo tempo.
Contarei-lhes agora um pouco sobre a história dos leques...Um belo dia, meu amor dormia como uma deusa quando percebi que ela estava com muito calor. Gotas de suor escorriam de seu lindo rosto e eu, como um verdadeiro amante, não poderia deixá-la naquela situação.Foi quando Zeus me iluminou e tive a brilhante ideia de arrancar uma asa de Zéfiro, o deus do vento, para refrescar minha amada abanando-a enquanto dormia. Esse simples gesto tornou-se em minha terra uma prova de amor, principalmente entre os recém-casados. E aquela asa mágica teria sido o primeiro leque criado no mundo.Mas se falam que eu fui o criador dos leques, como os egípcios e os assírios, povos que viveram há 3 mil anos a.C, dizem que foram eles? Tinham o costume de pintar leques em seus murais e era uma honra inestimável, para um escravo, abanar seu faraó, no Egito.
E os chineses? Reza a lenda que a filha de um mandarim estava assistindo a festa das lanternas, e com o calor das velas teria se abanado com sua máscara em busca de uma brisa fresca. Todas as mulheres presentes na festa repetiram essa ação e, assim, teria surgido o famoso leque chinês. São por essas e outras, que os leques tornaram-se objetos cada vez misteriosos e que “enfeitiçaram” civilizações.Apesar de todas as lendas, os primeiros vestígios da utilização dos leques surgiram da China e a partir dela teriam se espalhado por todo mundo, tendo como sua primeira versão o leque de penas e plumas. Os reis da China antiga usavam-nos como símbolo de dignidade e, com isso, tornaram-se um costume nacional.Devido à proximidade com a China, os japoneses também passaram a usar os leques, modificando sua estrutura ao colocar varetas de outros materiais e em outras quantidades, com isso os leques tornaram-se retráteis.
Foi do Japão que os leques partiram para a Europa, através das navegações portuguesas pelos mares asiáticos. A novidade logo se espalhou e seduziu Catharina de Médicis que introduziu seu uso na Corte passando a serem usados em bailes. Tornou-se inspiração para poetas e pintores que os transformaram em pequenas telas dobráveis, preenchendo de formas barrocas. Foi um marco de elegância durante o “pomposo reinado” de Luis XIV, o Rei Sol.Da Corte para as ruas! As pessoas passaram a usar os leques pendurados na cintura por correntes e ouro. Tornaram-se ferramentas de comunicação entre elas, principalmente nas tentativas de conquistas. As “espertas” donzelas criaram códigos com o objeto, como dizer “Eu te amo” escondendo os olhos com o leque aberto. Agora, eu tinha a ajuda dos leques para unir os corações alheios.Em 1808, Dona Maria “ALOK”, seu filho “Joãozinho comedor de frango” e o resto da Família Real Lusitana chegam ao Brasil e, com eles, os leques desembarcam em nosso país. Mas um meio para tentar aliviar o calor desse país tropical.O tempo passou, outros mares foram desbravados e, gradativamente, os leques foram conquistando novas terras. Porém, para minha tristeza, a prova de amor, o símbolo de nobreza foi sendo esquecido e trocado por essas tais de “tecnologias”. Junto com ele, também está se perdendo um dos sentimentos mais puros desse mundo, que é o amor. Não é pro falta de empenho meu, mas os corações humanos não estão tão abertos como antes para permitirem que minhas flechas os acertem, minha função está perdendo razão de ser! Por Zeus, onde esse mundo vai parar?!
Clamo, hoje, a todos vocês que estavam vislumbrando o samba quando foram acertados por minhas flechas, fazendo que se apaixonassem por esse ritmo para toda a eternidade, que estejam sempre de coração aberto para o amor e mente aberta para contemplar a história desse objeto fascinante que espalhou história, amor e brisas pelo tempo.
A LEOES VOLTOU !
SEMPRE GUERREIRA SACODE LEOES DA FOLIA!
AUTOR: Guilherme Estevão
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