Abdias do Nascimento será enredo da Acadêmicos de Vigário Geral
Por Fábio Silva
Ativista do movimento negro, Abdias Nascimento, morto em maio deste ano será homenageado no Carnaval 2012 pela Acadêmicos de Vigário Geral, que desfila pelo Grupo D.
Poeta, político, artista plástico, jornalista, ator e diretor teatral e ativista de destaque do movimento negro e pela defesa dos direitos dos afrodescendentes em todo país e no mundo, Abdias Nascimento terá história mostrada com enredo "Uma vida de lutas: Abdias Nascimento", de autoria dos carnavalescos Afonso Delano e Vinicius Vaitsmann.
Confira a sinopse:
Enredo: "Uma vida de Lutas: Abdias Nascimento"
Sinopse
Abdias Nascimento. Nascia no inicio do século XX um negro, que contrariando as particularidades de sua própria época, tornou-se escritor, dramaturgo, poeta e artista plástico. Abdias Nascimento, em seu sentimento de justiça, trazia o sonho da libertação da cultura africana, ver seus iguais livres das marcas das chibatas, outrora destino inevitável.
O segundo filho de Dona Josina viveu o gigantismo de um sonho. Entoado pelos atabaques do Candomblé, encontrava nos orixás a forca que precisava para continuar uma missão. Obstinado, chegou ao parlamento, fundou partido. Pela luta racial foi indicado ao premio NOBEL, a mais importante premiação recebida por um homem, que sem desistir de um ideal, e é de Abdias Nascimento o merecimento da homenagem prestada por Vigário Geral.
Filho de um sapateiro e uma ama de leite, consegue com esforço se formar em Economia. Iniciou sua vida acadêmica em São Paulo. Mas, foi o Rio de Janeiro, um dos celeiros da cultura africana, onde concluiu a faculdade. Agora, em 38, Abdias é bacharel, aos poucos se torna doutor. E ganha notoriedade que atravessou continentes. Fundou a cadeira de Cultura Africana do Novo Mundo no Centro de Estudos Porto-riquenhos, na Universidade do Estado de Nova York. Com tanto talento e perspicácia teve de ter a cor da pele ignorada. A tarefa não era fácil aos abastados da época, que na primeira metade do século, com a herança escravocrata tão recente em suas veias tiveram foi que engolir o negro na mesma cadeira. Esse nome teve grande importância sobre a questão do negro no Brasil. Em sua longa trajetória, passou desde o movimento integralista. Era escultor e também poeta.
Com a Hermandad Orquídea viajou pela América do Sul. Ainda em Buenos Aires, estuda no Teatro Del Pueblo e de volta ao Brasil em 1941, é preso pelo crime de resistência, que teria cometido, antes mesmo de sua viagem e é trancafiado na extinta Penitenciária do Carandiru. Mas Nascimento não é desiste do sonho por estar atrás das grades e ao ganhar a liberdade realizou mais um feito, inaugurando o Teatro Experimental do Negro. Como um ativista do movimento negro, não agrada aos militares durante a ditadura e como muitos artistas foi mandado para um exílio. Este dura treze anos, mas como tem muita fé, regressa ao país depois da Lei da Anistia. Mas, o negrinho não era fácil e depois de tanto estudo, foi lutar onde devia.
Chegou ao parlamento para conquistar a causa maior. Criou leis e deu direitos, aos que antes deveres tinha. Abdias Nascimento depois de ser deputado, foi então ser secretario. De volta ao Rio de Janeiro, ficou responsável pela pasta Extraordinária de Defesa e Promoção das Populações Afro-Brasileiras. Não havia cargo mais adequado para cumprir uma saga e voou mais alto, desta vez no senado, onde atuou duas vezes, e já com nome e respeito não se limita e volta para o Rio de Janeiro. Ocupando-se dos Direitos Humanos, assunto polêmico ate hoje. Agarrado às suas raízes, mensageiro de Zumbi, tem no Candomblé sua fé. Sempre encontrou nos orixás motivação para lutar e também sempre os agradou, como manda a tradição. Mas, como tudo se funda, Abadias deixa a cena. Foi em 2001 seu último ato e muita gente se emocionou.
Descendentes de uma grande luta, somos todos negros, somos todos brasileiros. E como tradição negra é também o carnaval, não podia ser outra a homenagem dos herdeiros de Vigário Geral. " Na sua firme e harmoniosa estrutura dramática, na sua poesia violenta, na sua dramaticidade ininterrupta, ela também constitui uma grande experiência estética e vital para o espectador. Não tenham dúvidas que a maioria da crítica não vai entendê-la". Nelson Rodrigues.
Carnavalescos : Afonso Delano e Vinicius Vaitsmann
Texto : Isabel Boechat.
http://www.galeriadosamba.com.br/V41/NI.asp
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