quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

CARNAVAL CARIOCA

Série especial, capítulo 3: de 1941 a 1959, Portela e Império eram grandes potências e só uma vez não levaram o título

A bateria da Mangueira em 1959
Leonardo Bruno e Gustavo Melo

Os carnavais entre 1941 e 1959 foram de domínio absoluto das escolas de Madureira, Portela e Império Serrano. Para se ter uma ideia, em todos estes anos, apenas em 1954 o título saiu do bairro (a Mangueira foi a campeã). Nos primeiros anos, a Portela foi arrasadora: ganhou um inédito heptacampeonato, de 1941 a 1947. A superioridade era tão grande que diziam que a escola deveria virar rancho!
Mas nem tudo era alegria para os portelenses na época: Paulo da Portela, o grande nome da escola, foi impedido de desfilar em 1941, brigou com a agremiação que ajudou a criar e nunca mais voltou.
E essa não foi a única briga marcante do período. Em 1945, uma pancadaria generalizada entre integrantes da Depois Eu Digo (do morro do Salgueiro) e da Cada Ano Sai Melhor (do Estácio) quase acabou com o carnaval. Foram mais de 20 feridos e um morto (o mestre-sala da Depois Eu Digo, Matinadas). Bicho Novo, o mestre-sala da escola rival, um dos maiores de todos os tempos, foi preso pelo assassinato — e só foi solto meses depois, quando comprovaram que sua versão era verdadeira: Bicho Novo nem havia ido àquele desfile.
A bateria do Império em 1957, com Calixto do Prato à frente
A bateria do Império em 1957, com Calixto do Prato à frente
Em 1948, aconteceu o primeiro desfile do Império Serrano, escola que nasceu de uma cisão na Prazer da Serrinha. E a estreia foi arrebatadora: o Império foi campeão, com um desfile que pela primeira vez na história trazia todos os componentes fantasiados. Insatisfeitas com o resultado (que atribuíam a uma armação), Portela e Mangueira saíram da Federação das Escolas de Samba e organizaram um carnaval paralelo nos anos seguintes. Mas a prefeitura não reconheceu este outro desfile e validou os resultados da Federação, que em 1949, 1950 e 1951 voltaria a dar o título aos imperianos.
Nessa época, as escolas de samba já começavam a atrair a atenção da cidade, e aos poucos iam tomando o espaço dos ranchos e das grandes sociedades. Com o imenso público que ia assistir aos desfiles, os componentes acabavam se misturando aos espectadores, numa confusão sem tamanho. Foi por isso que construíram um tablado na Av. Presidente Vargas (entre a Rua Uruguaiana e a Av. Rio Branco), de um metro de altura por 60 metros de extensão, para que as escolas desfilassem. E em seguida, o fato que comprovou que as escolas de samba já eram a maior manifestação carnavalesca do Rio: em 1957, elas passaram a desfilar na Av. Rio Branco, o principal palco da festa — e, a partir daí, nunca mais sairiam do foco nos dias de Momo.
Outro fator que comprova o crescimento das escolas é a quantidade de agremiações que foram criadas nessa época — e que se tornariam protagonistas da festa em seguida. Beija-Flor, União da Ilha, Mocidade, Vila Isabel, Imperatriz e Salgueiro surgiram entre os anos 40 e 50, vendo o domínio de Portela, Mangueira e Império. Mas logo, logo mudariam essa história.
As pastoras da Portela, no título de 1958
As pastoras da Portela, no título de 1958
O maior desfile de escolas de samba da história
O mais sensacional desfile de todos os tempos. Assim era anunciada a disputa de 1952. Afinal, o Império surgiu arrasador, sendo tetracampeão, mas em 1949, 1950 e 1951 não disputou com as potências Mangueira e Portela, que haviam organizado um carnaval paralelo. Em 1952, todas voltavam para a mesma entidade e, enfim, se enfrentariam. Era o grande tira-teima!
A Portela fez um belo desfile, com samba de Manaceia. Mas quando o Império entrou, caiu um daqueles temporais de verão. Os imperianos ainda conseguiram segurar, com muita garra, o samba de Mano Décio da Viola, mas quase todos os jurados se retiraram do palanque, que não tinha cobertura. Resultado: não houve concurso, e a "disputa do século" acabou adiada para o ano seguinte.

http://extra.globo.com/

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