quinta-feira, 29 de março de 2012

GRES ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA (RIO DE JANEIRO/RJ)

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Eleição na Mangueira: bandidos armados invadem quadra, cancelam entrevista e impõem candidato único

Policiais do Bope durante uma operação na Mangueira
Policiais do Bope durante uma operação na Mangueira Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo

Extra Online

As eleições para a presidência da Mangueira colocaram a comunidade em estado de guerra. Nesta quarta-feira, às 16h50m, cinco homens armados com pistolas invadiram a quadra na Rua Visconde de Niterói e determinaram que o portão fosse fechado. O grupo subiu até o camarote e anunciou que Ivo Meirelles não era mais o presidente da escola. O tráfico também impôs o retorno de um carnavalesco campeão para a Verde e rosa.
Durante a tarde, membros da comissão eleitoral aguardavam a chegada dos candidatos para o pleito. Uma entrevista coletiva para informar detalhes da eleição — marcada para o dia 28 de abril — aconteceria logo em seguida. Foi cancelada. Na Vila Kennedy, entretanto, uma outra reunião já havia selado o apoio do tráfico a um candidato único. Todos que tinham aspiração ao poder na escola — como Percival Pires, ex-presidente, e Nilcemar Nogueira, neta de Cartola — foram "convidados" a desistir.
— Estou me sentido agredido e envergonhado. Saímos escorraçados. Todo mundo tem família e filhos. Quem vai ter coragem de manter esta eleição? Estamos num estado de direito. Como isso pode acontecer? — disse uma testemunha do episódio, bastante assustada.
A presença da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na Mangueira não impediu a ação. Em três dias, é o segundo ato de afronta ao projeto de pacificação das comunidades, já arranhado pela morte do líder comunitário Vanderlan Barros de Oliveira, o Feijão, na Rocinha. Segundo o comandante da unidade, capitão Leonardo Nogueira, nenhuma movimentação estranha foi percebida. Ele ressaltou que a UPP tem um posto em frente à quadra e nada foi registrado pelos policiais: 
— Não fomos informados de nada. Nenhuma informação desse tipo chegou à UPP.
Eleição polêmica
A guerra política nos bastidores da Mangueira vem se estendendo nos últimos tempos. A mais recente polêmica foi provocada pela publicação de uma reportagem na revista oficial da escola em que Ivo Meirelles acusou as gestões anteriores de não prestarem contas os benefícios fiscais recebidos. Segundo Ivo, as pendências estariam impedindo a escola de fazer novas captações.
No texto, o presidente diz que seus antecessores foram irresponsáveis e "sujaram o nome da Mangueira". Para ilustrar as páginas, usou fotos de componentes vestidos de presidiários.
Procurado, Ivo Meirelles não retornou as ligações até o fechamento desta edição.


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