CRÍTICA: O QUE FUNCIONA E O QUE NÃO FUNCIONA NO CD "SAMBAS ENREDOS 2013"
Longe do apelo visual e do calor da Sapucaí, disco deixa claro temas bem explorados (Madureira, novelas) e mal (royalties do petróleo, Rock in Rio)
RIO - Mais que apresentar a trilha dos desfiles do próximo carnaval, o CD de sambas de enredo nos dá a oportunidade de ouvi-los como canções puras. Ou seja, apesar de o apelo visual e o calor das arquibancadas serem quase parte indissociável do samba de enredo, no disco joio e trigo ficam mais claros — sob a luz da gravação primorosa, com arranjos de Alceu Maia e Jorge Cardoso.
O samba da Vila, o melhor de “Sambas de enredo 2013” (Universal), é um dos que merecem a oportunidade. A composição (entre os parceiros, Martinho da Vila, Arlindo Cruz e André Diniz) com toques de samba rural, sanfona e versos como “Ô, muié, o cumpadi chegou” (com a melodia forçando o canto para a dicção caipira) iluminam o tema com sutilezas que talvez passem batidas no desfile.
As referências ao enredo, que descem redondo na Vila, são usadas de forma desigual. Com Madureira como tema, a Portela acerta ao abrir com jongo, citar harmoniosamente o partido e o charm e ecoar a tradição de velhos sambas. A Unidos da Tijuca marca pontos ao cantar a Alemanha (a divisão do país e o coração dividido, “Asas do desejo”). São Clemente faz um samba de apelo popular e qualidade, enfileirando novelas. O mash-up de letras de Vinicius funciona com a Ilha (sobretudo no refrão afro).
Sem a mesma força, a Beija-Flor canta o cavalo (“Puro-sangue azul e branco” é acerto). “Fama”, do Salgueiro, não dá liga. Inocentes de Belford Roxo soa convencional em seu retrato da Coreia do Sul, assim como a Imperatriz e o Pará.
O resto é o constrangimento de tirar leite de pedra (patrocinada). Grande Rio começa bem, mas com royalties do petróleo é difícil. Mangueira sofre com Cuiabá. Mas nada como a pilha de clichês de rock e samba da Mocidade e seu Rock in Rio. Aprendeu nada com o samba-rock de Jackson do Pandeiro citado na letra. E “overdose de emoção” para falar de rock...
Fonte: Jornal o Globo / Extra
As referências ao enredo, que descem redondo na Vila, são usadas de forma desigual. Com Madureira como tema, a Portela acerta ao abrir com jongo, citar harmoniosamente o partido e o charm e ecoar a tradição de velhos sambas. A Unidos da Tijuca marca pontos ao cantar a Alemanha (a divisão do país e o coração dividido, “Asas do desejo”). São Clemente faz um samba de apelo popular e qualidade, enfileirando novelas. O mash-up de letras de Vinicius funciona com a Ilha (sobretudo no refrão afro).
Sem a mesma força, a Beija-Flor canta o cavalo (“Puro-sangue azul e branco” é acerto). “Fama”, do Salgueiro, não dá liga. Inocentes de Belford Roxo soa convencional em seu retrato da Coreia do Sul, assim como a Imperatriz e o Pará.
O resto é o constrangimento de tirar leite de pedra (patrocinada). Grande Rio começa bem, mas com royalties do petróleo é difícil. Mangueira sofre com Cuiabá. Mas nada como a pilha de clichês de rock e samba da Mocidade e seu Rock in Rio. Aprendeu nada com o samba-rock de Jackson do Pandeiro citado na letra. E “overdose de emoção” para falar de rock...
Fonte: Jornal o Globo / Extra
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