Enviado por Rafaela Bastos -
18.04.2013
|11h11m
A ECONOMIA DÁ SAMBA
Economia Criativa e Carnaval
Você provavelmente já ouviu falar em Economia Criativa.
Este termo foi utilizado pela primeira vez oficialmente em 1998, em um documento encomendado pelo Departamento de Cultura, Mídia e Esportes do Reino Unido. O estudo objetivava o mapeamento de setores com origem “na criatividade, perícia e talento individuais e que possuem um potencial para criação de riqueza e empregos através da geração e da exploração de propriedade intelectual.”
Não podemos pensar em economia criativa sem dimensionarmos, claro, a indústria criativa. A indústria criativa, na qual o Carnaval se encaixa, pode ser compreendida como os “os ciclos de criação, produção e distribuição de bens e serviços que usam a criatividade e capital intelectual como insumos primário.”
Se pensássemos no Carnaval, considerando aqui os desfiles de escola de samba. Se pensássemos especificamente no processo e no desenvolvimento de produção de Carnaval, descrição do parágrafo acima faria muito sentido. Os estudos mostram que a cadeia criativa envolve prioritariamente três áreas:
1) Núcleo criativo, isto é, setores de serviços que tem a criatividade como elemento principal no sistema de produção.
2) Atividades relacionadas, indústrias e empresas de serviços fornecedoras de matérias-primas. Bens e serviços.
3) Apoio, atividades que de maneira indireta também fornecem bens e serviços.
O panorama acima revela uma relação de interdependência entre indústria, setores de comércio e serviços na cadeia criativa.
Mas e se pensássemos em um só segmento? Bateria, Passistas (:p), Alas de Comunidade, Comissão de Frente. Andei pensando... e se considerássemos ao invés do Carnaval, um segmento. Recortar o eixo de análise...
Eu escolheria exatamente os Passistas, principalmente os que realizam shows. Por que?
Primeiramente pelo ciclo regular de consumo de insumos e serviços. Obviamente temos um aumento dessa relação a partir de julho quando começam os ensaios de quadra, progressivamente em novembro, com ensaios de rua e em dezembro, janeiro e fevereiro, no período do Carnaval. Mas mantemos uma regularidade.
Segundo porque mantemos um ciclo de produção e serviços. Estilistas, costureiras, lojas que vendem material para biquinis de show, lojas que vendem pedrarias e strass, ferreiros, lojas de sapatos, lojas que vendem meias-calças, lojas de roupas para dança e sapateiros. A cadeia descrita não se assemelha aos itens nos tópicos listados no texto acima? Núcleo criativo, atividades relacionadas e apoios.
É claro que nesta analogia de Passistas e Economia Criativa fiz um recorte no espaço de análise. E a realidade é bem outra, nosso retorno financeiro está bem distante da média carioca, como indicada na foto abaixo.
Já está em prática, estudos e iniciativas que consideram a cadeia criativa do Carnaval, como espetáculo gerador de renda e desenvolvimento. É o projeto Portal do Carnaval, o qual, basicamente, MAPEARÁ os prestadores de serviço que atuam no Carnaval Carioca. Por intermédio de rede social, que permitirá o oferecimento, pelo próprio prestador, de sua força de trabalho, gerando emprego e renda.
Minimamente, serão identificadas as relações de trabalho, oferta e demanda do mercado desta manifestação cultural. Simples assim, ao realizar o cadastro o prestador já fornecerá uma série de dados para o reconhecimento dessa cadeia produtiva. Além de a exibição de perfis de serviços permitirem o atendimento a outros tipos de propostas de trabalho, uma vez que, os profissionais apresentarão sua prestação de serviço para o Carnaval, mas não limitado ao, isto é, utilizável em diversas áreas de produção, ampliando as possibilidades em períodos de escassez.Um dos principais conceitos que abarca a ideia deste projeto é justamente o tema do nosso post: Economia Criativa.
Finalizando, este conceito debruça seu olhar sob instrumentos não-tradicionais de renda. Isto é, avalia a cultura como importante fonte de recursos financeiros. Entretanto, para que este conceito faça sentido é necessária a sua compreensão a partir do prisma do desenvolvimento econômico que se atrela à distribuição e não ao crescimento exclusivamente rentável.
Economia Criativa e Carnaval é um enredo memorável! Acho até que merecia aquarela brasileira como samba-enredo.
Saudações Geográficas e Mangueirenses!
Fonte: FIRJAN - 2010.
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