22/05/2013 00:25:12
Prefeitura quer banir da
rua os blocos comerciais
Secretaria Municipal de Turismo cria comissão para
avaliar pertinência do desfile de grupos sem ligação com o Carnaval de rua do
Rio ou com o bairro em que saem
ANGÉLICA FERNANDES
Rio - Com objetivo de cassar os
blocos de rua que fogem da tradição do Carnaval carioca, a Prefeitura do Rio
terá, já para o ano que vem, uma comissão especial de avaliação composta por
nove secretarias.
O grupo vai julgar sete
quesitos, que vão desde a relação da agremiação com o bairro até a estimativa
de público. O objetivo é reduzir o número de blocos na cidade, que este ano
registrou aumento de 15% em relação a 2012.
“Vai reduzir e organizar para
ficar de maneira autêntica. Observamos que alguns blocos estão aproveitando o
sucesso do Carnaval do Rio para desfilar sem nenhuma ligação com a folia de
rua. Eles colocam um carro de som com DJ ou grupo de samba e pagode e dizem que
é bloco”, explica o secretário municipal de Turismo, Antônio Pedro Figueira de
Mello, que nos próximos dias decretará outras duas exigências no Carnaval de
rua carioca: o horário para os ambulantes atuarem nos desfiles e a
exclusividade de ações promocionais às empresas ganhadoras de concorrência
pública.
Para o presidente do Cordão da Bola
Preta, Pedro Ernesto Marinho, a comissão vai acabar de vez com blocos
comerciais. “Tem muitos desfiles que são movidos a interesse financeiro que não
combinam com o Carnaval. Isso tira a vaga dos blocos que realmente são a cara
do Rio”, opina Pedro Marinho.
De acordo com o secretário,
blocos como o do AfroReggae, que leva em média 150 mil foliões para orla de
Ipanema, serão o foco das análises da comissão.
“É um exemplo que deve ser
examinado sobre a ligação do bloco com a localidade e o impacto no bairro”,
conta Antônio Pedro, que acredita na mudança de local como a melhor saída para
fluidez na cidade. “O Bloco da Preta, que fechava a orla por horas, foi para
Avenida Rio Branco e ficou muito melhor”, completa.
Neste ano, a prefeitura barrou 91
blocos. Em 2012, 425 blocos desfilaram, enquanto em 2013 o total chegou a 492.
Tradição e
relação com o bairro são quesitos básicos
A Comissão Especial da
prefeitura terá o acompanhamento de duas associações de carnaval no julgamento
dos blocos. A partir do recebimento das inscrições, o grupo terá dois meses
para aprovar o desfile.
Os quesitos a serem analisados
são: a tradição do bloco; as características dele em relação ao carnaval de rua
e ao bairro; a relação que tem com a localidade; o local do desfile; a
estimativa de público e os impactos que possam interferir no dia a dia da
cidade.
Quanto aos ambulantes
credenciados, a Guarda Municipal fiscalizará o horário. Sob pena de suspensão
da licença, todos deverão dispersar junto com o bloco.
“Não conseguimos liberar a rua
quando termina o desfile porque os foliões ficam consumindo dos ambulantes”,
diz o secretário.
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