segunda-feira, 23 de março de 2015

GRESV FEROZES DO SAMBA (SALVADOR/BA)

“Sabá. A indomável dança das bruxas.”
O sol se deita, mais um dia se despede. A noite vai surgindo devagar, mostrando sua face misteriosa. Como de lei, a noite de lua cheia é aguardada pelas irmãs para que o ritual seja realizado. A lua ilumina todo o bosque, da vida ao brilho nas águas geladas do rio e tem o poder de fazer o inimaginável. E é sob esta deusa que o ritual deve acontecer. Tais regras foram ditas pelos antigos sacerdotes e sacerdotisas da cultura Celta, a Mãe da bruxaria.
E como é de costume, em noite de lua cheia, os lobisomens uivam, o chamado é feito e as rosas desabrocham. A grande bruxa chefe do clã, a Bruxa Matriz é a responsável pela presença de todas as irmãs. O corvo mensageiro vai até o covil de cada uma para a entrega do convite bruxólico. As bruxas mais velhas são responsáveis pelo preparo das poções. Os chás de mandrágora são os mais usados, junto com preparado de flores, ervas e restos de animas fúnebres. O caldeirão é cheio com ingredientes que só as bruxas podem decifrar e explorar.
Ao sentir a presença das irmãs, as ninfas se aproximam num calado bater de asas. Circundam todo o interior bosque no qual o Sabá está para acontecer. Fadas são seres enigmáticos, em alguns momentos se confundem com as bruxas, podem ser perigosas e traiçoeiras. Estão sempre ligadas aos elementos naturais, vivem num perfeito mundinho rosa, onde protegem o bosque das ações humanas.
Fadas sempre estão interligando festas e grandes acontecimentos. Assim fizeram com o Bacanal, outro grande ritual onde bebidas e comidas são entregues a um deus maior, Baco. Deus do vinho e dos festejos, recebia de seus devotos uma grande celebração onde a comida e a orgia estavam liberados. O Bacanal e o Sabá Bruxólico são confundidos por muitos, pelo fato de que o deus venerado no bacanal (Baco) tem a figura de um fauno, um bode. E para os que desconhecem, bode é o mesmo que Satanás, e Satanás seria a entidade maior venerada no Sabá. As forças da Natureza são as presenteadas e agraciadas. As entidades do ambiente verde que estão presentes no Sabá para receberem as oferendas que lhe serão feitas.
As bruxas de magia negra também dançam no Sabá. Elas sim, adoradoras de rigorosos deuses pagãos, sempre estão influenciando os homens para um caminho nada coerente com as leis naturais. As bruxas negras romperam a mais importante lei bruxólica que era nunca revelar a um humano comum que as mesmas eram bruxas. Sedutoras, belas mulheres, olhar profundo. Essas bruxas adoravam o sexo e os costumes humanos. Seduziam homens e até mesmo mulheres. Intelectuais se entregavam à magia em busca de dinheiro e sucesso. E na Idade Média, período onde membros da igreja, nobres e até mesmo burgueses entraram no mundo da bruxaria com o objetivo de crescer. Também foi o período no qual essas bruxas foram descobertas. Cabeças rolaram, corpos queimados, inocentes brutalmente assassinados, e até mesmo as bruxas brancas não ficaram para trás.
Mas a cultura das bruxas não sessou, a magia nunca se estaciona. Os objetos guardam todo o mistério das irmãs. Tão poderosos que podem até guardar vidas. Os cálices, os livros, feitiços engarrafados e principalmente as varinhas. Suas vassouras são exuberantes, sempre extraídas do caule mais rígido, da árvore mais alta. Assim como nos contos, bruxas fazem de tudo para manter a aparência jovial, são capazes até de matar, e claro sempre com a ajuda de seus inseparáveis objetos mágicos. Castelos foram erguidos, grandes porões onde o feitiço se escondia. As masmorras lotadas de poções, esperando a próxima vítima. Um João, uma Maria talvez cedesse à tentação de buscar respostas para sua curiosidade e não morder a maçã envenenada. Marcando mais ainda a sua presença, tradição antiga que se torna costume civil com o festejo do Halloween.  
Vindas do sul, do norte, de todo o lugar do mundo. Enfim estão todas as irmãs reunidas no grande círculo. A dança está em seu auge, o louvor é entoado com fé e determinação. O grande Sabá acontece, todas celebram a natureza e seus antigos deuses Celtas. Salve a seita de Wicca! O sol agora se levanta, o cantar dos rouxinóis acompanha a luz de um novo dia, a lua descansa para mais tarde, novamente iluminar a noite. O dia se segue, as irmãs satisfeitas e renovadas, a magia é solta no ar e mais uma vez: Salve a seita de Wicca!

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