terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

OPINIÃO (PORTO ALEGRE/RS)

http://zh.clicrbs.com.br/rs/opiniao/noticia/2016/01/leoveral-golzer-soares-que-enredo-e-esse-4963572.html
Que enredo é esse?
Assistente Social
Por: Leoveral Golzer Soares
31/01/2016 - 06h01min
Neste momento em que ocorre esta onda gigantesca país a fora sobre o cancelamento dos desfiles e festas carnavalescas, não poderia deixar de expor algumas considerações importantes a respeito do tema.
As manchetes apelativas estampam nos periódicos o pensamento de senso comum muito interessante: "Município cancela carnaval para investir em saúde", "Carnaval é cancelado e dinheiro será investido em viaturas para a Guarda Municipal", "Município cancela carnaval para investir na prevenção do Aedes aegypti".
Ora, todos sabem que os orçamentos da cultura nunca foram significativos. Sempre nos contentamos com o último lugar dentro das previsões orçamentárias da União, dos Estados e dos municípios.
A festa mais popular do Brasil contempla, na sua cadeia produtiva, enormes contribuições na geração de emprego e renda, fora a enormidade de projetos de inclusão social inseridos nas escolas de samba.
O povo que faz Carnaval também quer saúde, educação e segurança. E, talvez, este mesmo "povo" se ressinta bem mais do que as "elites" da falta destes serviços públicos.
Carnaval é somente em fevereiro. E nos outros 11 meses do ano qual é a explicação das "elites" para que não se resolva, de uma vez por todas, a falta de investimento em saúde, educação e segurança?
Não estou aqui fazendo qualquer alusão sobre o momento difícil que estamos vivendo, quanto à falta de recursos e investimentos em outras áreas extremamente importantes para a população.
Estou falando da valorização da cultura popular, estou falando de menos, muito menos que a previsão média de 0,40% dos orçamentos investidos em cultura no país. Nossa cultura não pode ser tratada como gasto, como supérfluo. Ela representa hoje mais de 7% da economia produtiva do Brasil. Pessoas vivem e sobrevivem deste setor altamente produtivo e importante.
Dentro de uma crise instalada, na busca de respostas para a sociedade que clama por mais investimentos, fica oportuno utilizar-se da cultura como "bode expiatório" da vez, passando a impressão de que estas atitudes resolverão os problemas existentes.
A cultura precisa ser respeitada, valorizada e incentivada. Preocupa saber que escolas de samba e grupos carnavalescos têm frustrado o trabalho de um ano todo realizado pelas comunidades, por um falso e lamentável discurso moralista e populista.

Como gestor público, não posso concordar com essa postura efêmera que ataca e fere a cultura de uma forma geral. Agora é o Carnaval e amanhã?

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