http://zh.clicrbs.com.br/rs/opiniao/noticia/2016/01/leoveral-golzer-soares-que-enredo-e-esse-4963572.html
Que
enredo é esse?
Assistente Social
Por: Leoveral Golzer Soares
31/01/2016 - 06h01min
Assistente Social
Por: Leoveral Golzer Soares
31/01/2016 - 06h01min
Neste
momento em que ocorre esta onda gigantesca país a fora sobre o cancelamento dos
desfiles e festas carnavalescas, não poderia deixar de expor algumas
considerações importantes a respeito do tema.
As
manchetes apelativas estampam nos periódicos o pensamento de senso comum muito
interessante: "Município cancela carnaval para investir em saúde",
"Carnaval é cancelado e dinheiro será investido em viaturas para a Guarda
Municipal", "Município cancela carnaval para investir na prevenção do
Aedes aegypti".
Ora,
todos sabem que os orçamentos da cultura nunca foram significativos. Sempre nos
contentamos com o último lugar dentro das previsões orçamentárias da União, dos
Estados e dos municípios.
A
festa mais popular do Brasil contempla, na sua cadeia produtiva, enormes
contribuições na geração de emprego e renda, fora a enormidade de projetos de
inclusão social inseridos nas escolas de samba.
O
povo que faz Carnaval também quer saúde, educação e segurança. E, talvez, este
mesmo "povo" se ressinta bem mais do que as "elites" da
falta destes serviços públicos.
Carnaval
é somente em fevereiro. E nos outros 11 meses do ano qual é a explicação das
"elites" para que não se resolva, de uma vez por todas, a falta de
investimento em saúde, educação e segurança?
Não
estou aqui fazendo qualquer alusão sobre o momento difícil que estamos vivendo,
quanto à falta de recursos e investimentos em outras áreas extremamente
importantes para a população.
Estou
falando da valorização da cultura popular, estou falando de menos, muito menos
que a previsão média de 0,40% dos orçamentos investidos em cultura no país.
Nossa cultura não pode ser tratada como gasto, como supérfluo. Ela representa
hoje mais de 7% da economia produtiva do Brasil. Pessoas vivem e sobrevivem
deste setor altamente produtivo e importante.
Dentro
de uma crise instalada, na busca de respostas para a sociedade que clama por
mais investimentos, fica oportuno utilizar-se da cultura como "bode
expiatório" da vez, passando a impressão de que estas atitudes resolverão
os problemas existentes.
A
cultura precisa ser respeitada, valorizada e incentivada. Preocupa saber que
escolas de samba e grupos carnavalescos têm frustrado o trabalho de um ano todo
realizado pelas comunidades, por um falso e lamentável discurso moralista e populista.
Como
gestor público, não posso concordar com essa postura efêmera que ataca e fere a
cultura de uma forma geral. Agora é o Carnaval e amanhã?
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