Hoje a Festa É
do Povo da Floresta
Quando não havia nem sol,
nem lua, no início dos tempos, o grande Deus Nhamandú teve uma
ideia e a soprou pelo espaço em forma de sementes que viajaram…
viajaram… procurando um lugar para germinar. Nhamandú não queria
que elas fossem sozinhas, pediu que os seus soldados, os seres
elementares, fossem guiando as sementes. Em um certo lugar… Ali era
o lugar da mãe das terras… as sementes se espicharam no solo
sagrado. E assim cresceu nossas florestas, matas, águas, rios,
animais, seres integrantes do reino elemental. Mas Nhamandú ainda
não satisfeito teve outra ideia, a de criar um ser guardião
(butsimaré – os indígenas), e assim pegou um pouco de barro e
moldou um ser humano. Nhamandú emprestou suas raizes e os seres
elementares emprestaram seus amálgamas: o grande Senhor do Fogo, A
Grande Mãe da Águas, O Grande Senhor do Ar e o Grande Senhor da
Terra. Então, os seres elementares se transformaram em arco-íris e
ligaram o céu com a terra fecundada.
Os nativos guardiões e os
protetores (povos da cultura-afro) de nossas florestas, com suas
lendas, festas e rituais, entoando seus cânticos, danças e
celebrando a vida agradecendo por tamanha beleza.
Os mistérios da vida e seus
viventes no coração da floresta, fonte inesgotável de sabedoria, a
crença nas ervas e na essência de plantas e flores. Tudo na mata
tem vida e respira e nos faz respirar, desde o chão, rico em
nutrientes orgânicos que alimenta fortes e frondosas árvores que
abrigam espíritos protetores do mundo, e curiosos seres que sugam e
alimentam-se de plantas, tanto animais famintos e ferozes quanto nós,
seres humanos que necessitam da floresta para respirar, nos alimentar
e proteger.
A natureza é um santuário
onde os guardiões, os protetores, a fauna e a flora vivem em
constante harmonia. Nas florestas existem os mitos e lendas e são
cosmogônicos, transmitidos oralmente, de geração a geração,
muito importantes na formação dos indivíduos nativos, que fornecem
coesão simbólica à percepção de cada um como parte de um corpo
social, reforçando sua identidade étnica. Desde tempos imemoriais,
os mitos descrevem eventos que dão a floresta seus elementos
concretos e abstratos, visível e tangível desse mundo.
Máscaras e rituais escondem
seus mistérios, embrenhado no matiz verde das florestas e tantos
outros segredos.
O “Oké, caboclo!”,
“Xeto, marromba, xeto!”. Sou dono da floresta. Conhecedor das
ervas e suas curas. Sou Pajé, caboclo raizeiro. Sou sete flechas,
sou pena branca, Ubirajara, sou Cobra Coral… Sou religião. Trago a
cura e fé.
E que venham os Toantes
indígenas, com suas músicas sagradas invocando a presença dos
seres encantados. E dançando o Toré, acompanhado por maracás,
gaitas, totens e amuletos e pelo coro de vozes. Expressando
contentamento, sobre as festas religiosas, as fogueiras com suas
chamas sagradas, nas louvações aos encantados, confraternizações
e casamentos entre outros. É uma forma de manter viva não apenas a
cultura, a magia e a mística das tribos, mas também da conquista do
seu espaço e a preservação de seus costumes e de sua identidade
diante de muitas lutas durante toda a história.
Já dançaram até para
Corte Francesa, numa “Festa à Brasileira”. Ares do Renascimento,
sonho e poesia a magia da floresta foi apresentado. Encenaram e
dançaram. Cultura, arte e o esplendor do novo mundo mostraram, com o
Guarany, uma obra de grande valor! Em muitas festas, e folguedos
oriundos da miscigenação, personagens também foram. Bois Bumbá!
Índios… Português… Negros… E na mistura cultural são
personagens principal. E na Ilha de Parintins lendas e mitos no meio
da floresta.
“Sou Cacique Bororó,
guerreiro, corajoso mato a onça com as mãos. Sou dançarino…
Cubro o rosto, pés e mãos com a pele da onça morta e palha de
palmeira. Bato forte o pé no chão, representando a alma da onça
que se foi”.
“Também sou fantasia,
alegria, brinco carnaval, sou Cacique de Ramos, blocos de Recife, das
ruas e tantas folias mais”. Sou da Paz, sou Brasil.
Estou no carnaval, sou
liberdade.
A mais pura felicidade…
“Índio quer apito”…
“Mim só quer brincar”…
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