O
Primeiro Bailarino do Carnaval
Estrada do Portela 446, Oswaldo Cruz, anos 50…
Quem era aquele menino? Franzino, travesso, moleque
sonhador, mal sabia que carregava em seus pés a poesia. Embalado no berço do
samba carioca, tia Dodô sempre ao seu lado, teve na lendária porta bandeira uma
companhia e talvez a primeira parceria. Ali, no lugar onde cresceu, Natal em
uma de suas ordens mais felizes o intimou a sambar, nascia onde hoje chamam
portelinha, uma das trajetórias mais bonitas do carnaval.
Seus pais , seu Argemiro , primeiro Pandeirista da
história da Portela e Dona Jacyra, presidente de ala , baiana e velha guarda ,
não imaginavam que seu filho “Nininho” se tornaria um dos maiores nomes da
escola a qual dedicaram tantos anos de suas vidas.
Que venham todos os baluartes, a nata, vamos evocar
mesmo os que já não estão neste plano para prestar esta homenagem e reafirmar
nossos valores.
Negro, de talento natural, bailarino, alcunha concedida
por nomes como Mercêdes Batista, Valter Ribeiro e Vilma Vernon.
Ao lado de Virgínia Lane fez sua primeira viagem, não
demorou para ganhar o mundo, foram centenas de shows representando nossa
cultura. Gafieira, danças típicas regionais, africanidade, e claro, o samba.
Coreógrafo, algumas de suas comissões de frente permeiam
o imaginário de quem ama os desfiles , quem não lembra dos escafandristas na
campeã Mocidade em “Chuê Chuá… as águas vão rolar” 1991? Os jogadores de basquete
na mesma Mocidade em ”Marraio feridô sou rei“ 1993? As figuras carnavalescas do
inesquecível ” Gosto que me enrosco da Portela em 1995? Sem falar na
tradicional ala sambarte , resistência de décadas, dentre tantos outros
trabalhos…
Mestre Sala, um dos maiores de todos os tempos, garboso,
altivo, protegeu pavilhões, cortejou porta-bandeiras, deslizou seu dom na
passarela da fantasia, guardião das nossas raízes, ensina até hoje os
fundamentos da dança.
Religioso, filho de Oxum e Xangô, carrega na fé a força
pra enfrentar as dificuldades, e confia na justiça.
Sacerdote, quem guarda os preceitos da religiosidade
portelense, da conversa ao pé do ouvido com São Sebastião, ao altar dedicado a
Nossa Senhora da Conceição, padroeira do mundo criado por um certo “professor”.
Nos dias de hoje, onde nossa luta é nos manter como
expressão cultural maior da cidade, o Arame de Ricardo presta essa homenagem
mais do que justa, a um ícone do carnaval, um sambista que lutou contra o
preconceito e venceu, orgulho da gente, representante do ideal de Paulo
Benjamin de Oliveira.
Baila Jerônimo!!! Esta avenida é sua, deixa Ricardo de
Albuquerque encantar com sua história, nos empresta seu gingado , abre nossos
caminhos, seja nosso mestre de cerimônias, faz a harmonia. Olhe a sua volta,
seus amigos dos tempos do Bangu, Jacarezinho, Arranco, Santa Cruz, União da
Ilha, Salgueiro, Mocidade, Imperatriz, todo mundo do samba e a sua Portela, ah
Portela… veja esta avenida em azul e branco, teu povo veio te abraçar e em uma
só voz dizer…
Ao primeiro bailarino do carnaval…
Muito obrigado
Samir Trindade
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