segunda-feira, 4 de julho de 2022
ARCES PIRATAS DA BATUCADA (MACAPÁ/AP)
Sinopse enredo 2023
Patrícia, da Pátria Caboca
A alvorada desenhava os primeiros raios de amarelo ouro sobre o azul infinito quando a Cruviana tomou nossa barca trazendo a tua voz. Em súbito, fomos arrastados para a beira do Rio Amazonas e vislumbramos paisagem de encantamento. Enquanto tu cantavas os tambores sagrados vindo de África te acompanhavam. Enquanto tu cantavas o colorido intenso das saias de marabaixo em rodas o espaço tomava. Enquanto tu cantavas águas doces se moviam para cunhatã anuviada com urubu-rei encantado bailasse seu amor eternizado. Enquanto cantavas, mulheres vestidas de lírios e fitas em bençãos de São José te acompanhavam.
Teu (en)canto Tucuju sobre gente, crenças e dons desta terra, despertou no peito de pirata errante o desejo de ti prestar homenagem. Nossa barca se integrou a exuberante natureza do teu lugar e, em corpo arrepiado o teu e o nosso nome uniram-se em um único "P" marcado no coração. Contigo serei Pirata e Rei a navegar neste carnaval de rio-mar. E não mais navegarei em solitária nau. Tuas canoas voadeiras e marinheiras nos serão companhia tanto quanto o ribeirinho menino em alegria de pescador. Os tambores de madeira e couro quente em batucada de makulelês, carimbós, siriás ou cacicós na avenida serão a majestosa bateria levando teus cantos aos quatro ventos da folia.
Tua voz se abre aos povos indígenas na consagração e defesa da terra nativa. Quando amargo estiver o terreno viver, canta apelo aos reis e rainhas de fé pra que os caminhos se abram em esperança e os corpos se fechem em Saravá. Canta o sonho do amor do Nêgo por Madalena, que mesmo em vida não realizado, na avenida fez-se bailado.
Canta a sagrada crença popular que reúne em um mesmo altar São José, São Joaquim, São Benedito, São Jorge, São Thiago, caboclas turcas e juremas da encantaria, índias feiticeiras, Moisés, Tupã, Nanã, Iemanjá, Iansã e Oxalá. O teu cantar não tem gosto por separação, é canto de ajuntar sotaque e gente em torno de um mesmo refrão.
Segue por outros Brasis, iguais e diferentes daqui e abre a outros horizontes a tua cantoria em rimas fortes e sutis. Exibe com orgulho tua autêntica mistura de África, Europa e Tupi. Revela sedução boca a boca e consagra tuas melodias em prêmios e aclamações. Dona do teu universo promove o encontro entre a terra do sol nascente e a terra do sol do meio do mundo onde Mei-Mei e o artista mambembe bailam em poesia estrelar.
Canta o brilho da nossa gente e do nosso lugar em suave acalanto modiado sob a luz de um lampião ou em rodopiado acelerado. Canta a força das mulheres do norte porquanto cantas és fera que causa. Ocupa lugar na tua maloca, onde mora a essência do teu encante. Onde teu povo te espera, onde teu povo batuca, ontem teu rio pororoca, onde teu rio marabaixo. Onde nasce teu canto Tucuju aí qual entrego meu amor glorioso e imortal neste rio-mar do carnaval.
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