quinta-feira, 22 de julho de 2010

DESAFIOS DE EDUCAÇÃO NO RIO GRANDE DO SULl, por João Batista Araujo e Oliveira*







Os resultados do Ideb divulgados no início do mês de julho trazem desafios concretos para o próximo governo: que rumos dar à educação. O presente artigo analisa os resultados da educação no Estado à luz dos progressos realizados na região e no país.

No plano nacional, houve avanço generalizado nos resultados da 4ª série do Ensino Fundamental. A média é de 181 pontos nas redes municipais e 186 nas redes estaduais. Foram poucos os Estados onde não houve melhorias. O avanço médio foi de 10 pontos nas redes estaduais e nove pontos nas municipais. O Ideb respectivo é de 4,9 e 4,4. Na 8ª série, as conquistas foram bem menores em língua portuguesa e inexpressivas em matemática. No Ensino Médio, praticamente não se constatou mudança.
No plano regional, observamos impactos positivos desiguais: maiores no Sudeste (MG e SP) e Centro-Oeste (MS e GO), com a Região Norte próxima da média nacional e o Nordeste e o Sul, abaixo. O Ideb varia de 3,5 nas redes municipais do Nordeste a 5,4 nas redes estaduais do Sudeste. Só para dar uma dimensão do tamanho da desigualdade: a variação das notas da 4ª série vai de 156 a 205. Os Estados do Sul tiveram um crescimento abaixo da média nacional, o Rio Grande do Sul foi o que mais cresceu na região, mas ficou um pouco abaixo das taxas nacionais de crescimento.
Vejamos o que ocorreu no Rio Grande do Sul. A rede estadual alcançou 191 pontos; as municipais,184. O crescimento foi de oito pontos nas duas redes – pouco inferior à média nacional, mas, de qualquer forma, expressivo. Em termos absolutos, ambas as redes de ensino continuam acima da média nacional.
A melhoria dos resultados se dá de forma bastante desigual. No caso da rede estadual, os avanços se dão por escolas isoladamente e não por regionais ou municípios. Já entre municípios, a variação é muito grande. Também não há um padrão segundo o qual melhorias da rede municipal são seguidas pela estadual, embora isso seja uma tendência nas cidades maiores, como Porto Alegre e Caxias do Sul, com incrementos próximos à média do Estado, e Santa Maria, em que as duas redes tiveram um aumento de pouco mais de três pontos.
O Rio Grande do Sul teve evolução sensível, no todo. Mas avanços ou mesmo retrocessos nas redes municipais dificilmente poderiam ser atribuídos a medidas de curto prazo das novas gestões. Na rede estadual, os resultados não podem ser relacionados com políticas específicas.
O governo do Estado começou a atuar em diversas frentes e teve a coragem de começar pela base, a alfabetização das crianças. Mas há muito por fazer. O grande desafio do novo governo é assumir a liderança e os custos políticos de empreender as reformas que se fazem necessárias.




*PRESIDENTE DO INSTITUTO ALFA E BETO




* Artigo publicado no jornal Zero Hora (22/07) de Porto Alegre/RS

Nenhum comentário:

Postar um comentário