sábado, 11 de setembro de 2010

ENREDO 2011 GRES PEGA NO SAMBA (VITÓRIA/ES)

IRMANDADE DE MISÉRICÓDIA
CURAR ÀS VEZES, REMEDIAR CONSTATEMENTE E CONSOLAR SEMPRE
Este ano o Pega no Samba faz homenagem a pessoas que doam sua vida a ajudar os doentes e necessitados. Traz em seu carnaval não apenas a historia da medicina ou a historia da Irmandade de Misericórdia, mas todos os ritos e superstições que o homem construiu ao longo do tempo, em busca da arte de curar. No carnaval de 2011, as cortinas do carnaval capixaba, serão abertas com o enredo IRMANDADE DE MISERICÓRDIA – CURAR ÀS VEZES, REMEDIAR CONSTANTEMENTE E CONSOLAR SEMPRE. Apresentando a história da Cura, desde os rituais africanos à criação da Santa Casa de Misericórdia, uma instituição que desde sua origem promove devoção, caridade, assistência social, amparo aos doentes, ensino e pesquisa na área médica. Levantaremos mas uma vez a bandeira da misericórdia, pedindo que Nossa Senhora acolha a todos com seu manto, trazendo igualdade entre nós.
Vamos embarcar numa viagem, passeando pela história da arte de salvar vidas. Desde os primórdios, o homem busca a possibilidade de curar.  O poder da vida sobre a morte sempre foi divino, e assim, sob batidas de tambor, danças, ervas e sacrifícios, os curandeiros embarcavam numa viagem espiritual na tentativa de, através da magia, libertar o corpo dos espíritos impuros que causavam doenças. Na Mãe áfrica, os sacerdotes, primeiros praticantes da magia de curar, evocavam a natureza, para manter o perfeito equilíbrio.
Nos contos de Homero, vamos embriagar com a história de Esculápio, o Deus da medicina e da cura. Em meio a músicas e encantamentos um poema é recitado, falando de um menino, que foi tirado do ventre materno, no momento que a mesma se encontrava na pira funerária, conferindo a vitória da vida sob a morte. Ao ser dada uma nova chance, esta criança ficou sob os cuidado do centauro Quiróm, que lhe ensinou como usar as plantas para sanar os problemas da carne humana, da deusa Atena, que lhe foi presenteou com a sangue mágico da Górgona (duas cobras - uma do lado esquerdo que tirava vida e a do lado direito lhe conferia o poder de ressuscitar os mortos). Daí nasce o símbolo da medicina. E só após a morte, pela ira dos deuses Esculápio é imortalizado como Deus da medicina. A tradição médica derivada por Esculápio foi assimilada por Hipócrates, considerado por muitos o pai da medicina ocidental, onde vários aspectos de sua doutrina se basearam no folclore religioso que cercava o culto de Esculápio.
 Tempos após nasce um menino, sendo também depois de sua morte, chamado o filho de Deus, como Esculápio, Jesus na terra, foi cura, e com isso o surgimento do cristianismo. Esculápio foi uma forte influência para sistematização ritualista cristã, seus templos, mais tarde foram dedicados aos santos de cura. Entre Jesus e Esculápio existem várias coisas que os tornam uno, ambos eram filhos de um pai divino e de uma mãe mortal virgem, ligados a maridos mortais, o nascimento foi visto manifestações sobrenaturais e ambos como mortais tiveram que morrer para ter uma divindade confirmada.
O cristianismo cresce e a igreja tem total poder sobre o homem e os estudos na área médica eram tidos como ritual pagão, sendo proibido. Doenças se proliferaram pela falta de higiene por toda Europa, crianças morriam antes mesmo de completarem um ano de vida. Em busca de cura pessoas cruzavam o mundo, peregrinavam em busca de locais santos, a espera de um milagre. Caminhos foram criados por toda idade média, o Caminho de Santiago de Compostela, as relíquia de santos, igrejas com imagens milagreiras, túmulos de profetas de Jesus, ossos, cabelos, roupas, mantos, túnicas e cálices que ao serem tocadas por mortais, suas doenças eram curadas. Várias promessas, catedrais eram criadas para o sacrifício humano, o bom comportamento diante de Deus, as indulgências, e daí surgem daí as irmandades e ordens terceiras para ajudar um mundo cheio de anseios e medos.
Os Cavaleiros de Jesus, os templários, as irmandades e confrarias que levavam a cura espiritual para as terras pagãs, como também os monges o total domínio das técnicas medicas, mesmo o corpo humano sendo intocado, por se tratar também símbolo do corpo de cristo, vem os estudos renascentistas e nasce em Lisboa a Irmandade de Misericórdia, pelas mãos de uma rainha, chamada Leonor, mesmo com o coração ferido pela perversidade humana, cria uma instituição que abraça os problemas da humanidade.
A santa casa de Misericórdia se multiplicou por toda Europa, procurando combater a fome, a praga da peste negra, cuidar dos doentes de escorbuto e cuidar dos feridos da guerra santa. Expandiu-se pelas colônias portuguesas, sendo aqui no estado, a segunda implantada no Brasil. Cuidava dos órfãos, doentes e presos. Tinha como fonte de renda o dobres de sinos, pela morte e alguém e o hospital. Seu principal movimento popular no estado era a procissão realizada no dia 2 de julho, dia em que Nossa Senhora visita Santa Izabel, reproduzindo a cena, em dois cortejos que em comunhão procura estimular a comunidade religiosa buscar a cura através do manto protetor da virgem Maria. Tinha também a procissão dos Fogaréus, uma grande procissão que mostrava à prisão de Jesus, seu flagelamento, as cenas da paixão e morte. Pessoas com tochas acessas, iam e vinham pela cidade.
Com o passar dos anos, as flores se transformaram em espinhos e a falta de recursos fez que a irmandade fechasse seus orfanatos e tomasse conta das loterias, centenária a irmandade inaugura a escola de medicina EMESCAN, no estado, a procura através do ensino estimular na sociedade a possibilidade de ajudar a todos que necessitam de auxilio.
Frente ao trabalho população pobre, seu hospital tenta superar as dificuldades de espaços e profissionais, ainda presta atendimento as multidões do estado e pelo advento da modernidade busca novas formas de promover a arte de curar.
Hoje o Pega faz a festa, é total adrenalina, neste carnaval traz o hormônio da alegria para curar nossos problemas. No sonho do carnaval cabe tudo, pierrô, colombina, medico e enfermeira, não curamos dor de cotovelo, mas injetamos uma dose de ânimo e felicidade. Não precisamos ficar mais presos a simples superstições, na modernidade temos a imunização preventiva, novos medicamentos, cirurgias plásticas, DNA digital, clonagem e estudos na área de ciência médica. Como a humanidade evoluiu novas formas de ver o homem são criados a cada ano, o corpo humano não é mais intocado e vamos todos juntos neste carnaval promover uma campanha de doação e vida. Doe seus órgãos, deixe um pedacinho de você trazer esperança para uma nova família, pois na natureza nada se perde, tudo se transforma.

















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