Elegia a um tucano morto
O sacrifício da asa corta o voo
no verdor da floresta.
Citadino
serás e mutilado,
caricatura de tucano
para a curiosidade de crianças
e a indiferença de adultos.
Sofrerás a agressão de aves vulgares
e morto quedarás
no chão de formigas e de trapos.
Eu te celebro em vão
como à festa colorida mas truncada
projeto da natureza interrompido
ao azar de peripécias e viagens
do Amazonas ao asfalto
da feira de animais.
Eu te registro, simplesmente,
no caderno de frustrações deste mundo
pois para isto vieste:
para a inutilidade de nascer.
Se este não é o último poema de Drummond eu não me chamo Marcos. E Agora José?
ResponderExcluirAchei profundo...Mas gostei bastante !!!!
ResponderExcluir"pois para isto vieste:
ResponderExcluirpara a inutilidade de nascer"
Trecho que cai como uma luva para os tucanos (não as aves). Pois ele são inúteis mesmo. Mas sua agremiação ainda está viva. Infelizmente.