Sinopse: Praça XV: “A essência do nosso carnaval”
O carnaval se brinca nas ruas. São elas os espaços históricos da liberdade, o domínio popular de convivência festiva dos povos das cidades. O ponto central de nossa cidade é a Praça XV. Nos quatro dias de folia, o centro da cidade transforma-se no local de convivência dos foliões, turistas e curiosos. Florianópolis já foi considerado o segundo melhor carnaval do Brasil nos anos 50 e 60. Era uma festa movida por canções da Ilha, onde a alegria contagiava foliões em torno da Praça XV.
E cantando essas e outras músicas, também sob influência dos grandes sucessos cariocas, os foliões anoiteciam e viam o sol nascer na praça ou nos salões dos clubes Doze de Agosto, Lira Tênis Clube, 6 de Janeiro, Paineiras, entre outros. Na quarta-feira de cinzas, os foliões dos clubes Doze e Lira se encontravam na rua Felipe Schmidt para juntos encerrarem a folia do ano, tendo como testemunha principal a centenária figueira da praça.
Por volta de 1936, surgem os primeiros blocos carnavalescos, já acompanhados de percussão, exibindo-se pelas ruas. O bloco “Os Filhos da Lua”, da Prainha, é considerado o mais antigo. Depois, surgiram os blocos: “Bororós”, “Tira a Mão”, “O Mocotó Vem Abaixo”, “Os Motoristas se Divertem“, “Os Palhetinhas” (só de crianças), “ O Bando da Noite”, “Bloco da Base” e o “Brinca Quem Pode”.
O Bloco Bororós, um dos mais destacados, saía com 60 pessoas “vestidas de índio” e já utilizavam como acompanhamento os instrumentos de percussão. Eles frequentavam o Bar do Quido, na esquina da rua Fernando Machado, e dali saía o desfile oficial em volta da praça. Ainda hoje temos “Os Batuqueiros do Limão”, o SOU+EU, o Marisco da Maria e o Berbigão do Boca que continuam a alegrar nosso carnaval da Praça XV.
Mesmo com a criação das escolas de samba nos anos 40, 50 e 60, cada participante se fantasiava como queria para brincar no carnaval. A partir do começo de 70, as escolas, inspiradas no carnaval carioca, começaram a se organizar e a folia da Ilha perdia o sabor da anarquia, da singularidade. A festa passou a ser organizada em torno das escolas, transferindo-se para o aterro da Baía Sul.
A folia ilhéu revelou personagens que marcaram época como o eterno Rei Momo Lagartixa, Abelardo Blumenberg (o popular Avevú da Copa Lord), Hélio Cabrinha (da Protegidos da Princesa), o famoso panderista Tenente, o Nego Quirido, Armandinho Gonzaga, Quido do Bororós, nossa eterna cidadã samba Nega Tide, enfim, dezenas de outros que todos os anos lideravam a festa.
Uma grande atração do carnaval da Praça XV era a Orquestra Philarmônica Desterrense, que surgiu em 1957 em protesto contra a decisão da Justiça de proibir os homens de se vestirem de mulher, principalmente de grávidas, o que era comum em blocos de sujo. Seus integrantes, caracterizados com bigodes e smokings surrados, os quais regidos pelo maestro Tullo Cavallazzi, invadiam repentinamente os desfiles e começavam seus concertos de sons completamente desafinados.
O único pré-requisito para integrar a orquestra, segundo seus membros, era não saber nada de música. Acompanhava a Philarmônica um fotógrafo tipo “lambe-lambe” que tirava fotos a todo momento, com “explosivos” e flashes que saíam fumaça. A Desterrense arrancava muitos aplausos e gargalhadas.
Os bailes públicos eram realizados em frente à Catedral Metropolitana onde foliões deliciavam-se até o amanhecer ao som das bandas carnavalescas. Os bailes prosseguiram até poucos anos atrás, mas por conta da violência, a polícia e a prefeitura suspenderam os festejos. Em 2011, a municipalidade vai revitalizar os antigos carnavais em volta da Praça XV, retomando inclusive os bailes e desfiles tradicionais.
Outra grande atração do nosso carnaval de rua eram as Grandes Sociedades, que com seus imponentes carros de mutação, que levantavam muitos estágios, deixavam o público sem reflexo e reação devido à grande altura das alegorias. Os carros tornaram-se referência para os demais carnavais do Brasil, em especial, para o Rio de Janeiro que passou a criar carros alegóricos de proporções maiores. Hoje, sobrevivem, com grandes dificuldades, as sociedades carnavalescas: Os Tenentes do Diabo e Granadeiros da Ilha.
http://www.carnavalescosc.com.br
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