Samba de Sampa - 2012
Após apresentar, em 2011, uma de suas melhores safras, o Carnaval de São Paulo volta ter sambas medianos, sem grandes destaques. A safra de 2012 é nivelada por baixo, apesar de conter algumas obras interessantes. Muitos sambas foram prejudicados por seus enredos esdrúxulos, outros não souberam explorar temas bons.
A Vai-Vai, atual campeã, após o histórico samba de 2011, vem com um dos piores de 2012. Patrocinado pela Bombril, o que valeu o verso "é bom brilhar", o enredo sobre as mulheres não teve uma abordagem original ou elaborada. O samba tem alguns momentos melódicos interessantes, mas a letra é muito pobre. A falta de rima no último refrão deu um efeito estranho. Samba bem fraco, abaixo do padrão da escola.
A vice-campeã Tucuruvi, ao contrário da anterior, tem uma das melhores obras do ano. O enredo sobre a África pode ser bem batido, principalmente se levarmos em conta o Carnaval carioca. Mas o samba consegue ter momentos de originalidade, como no final, com o empolgante "ôôô" que leva ao refrão principal, também excelente. O refrão do meio também é muito bom e as variações melódicas de toda a composição são ótimas. Grande samba da Tucuruvi, um dos melhores da escola.
A Vila Maria vai em busca do título inédito com um enredo que envolve mãos, artesanato e era digital, contando ainda com a "tag" #vilamariafeitaàmão no logo do enredo, recurso característico do Twitter. O samba é muito bom, com dois refrões explosivos (apesar do primeiro ter um "que" de oba-oba) e melodia valente. Só no último verso que temos um desfecho melódico mal concluído, mas nada que incomode ou comprometa o conjunto. O termo "online" empobrece a letra, apesar de estar no contexto.
Uma das escolas com melhor safra própria, a Mancha Verde tem o melhor samba de 2012 em São Paulo. Com o enredo sobre a lição de humildade de Odu-Obará, o samba destaca-se pela melodia, bem típica dos sambas paulistanos e muito bonita, dolente e forte. A letra, repleta de nomes de orixás, cumpre seu papel e se adequa à melodia. A interpretação de Freddy Vianna é magistral. E algo louvável na Mancha é o fato de, em nenhum de seus sambas, fazer alusão ao Palmeiras. O vínculo com o clube nunca é demonstrado ou inserido no enredo, o que é muito bom, já que Carnaval não deve se misturar com futebol.
A Gaviões da Fiel, diferente do que faz a Mancha, frequentemente cita o Corinthians em seus enredos. Desta vez, está dentro do contexto, já que a escola homenageará o ex-presidente Lula. Mas o samba, no geral, é fraco. Explora muito pouco e de forma muito simples a vida de Lula, não dando a real dimensão de sua importância para o país. Sem grandes momentos, passa apagado na safra.
O samba da Águia de Ouro sobre a Tropicália cresce na segunda parte, com uma entrada bastante explosiva. A letra desta estrofe também é a melhor parte do samba. Os demais trechos são bastante simples e os refrões não tem muita força. Samba mediano, não se destaca tanto.
A versão concorrente do samba da Mocidade Alegre era excelente, em uma interpretação sensacional de Bruno Ribas. No CD, o limitadíssimo Clóvis Pê tirou muito a força do samba. Com uma interpretação medíocre, deixa a audição cansativa. Tecnicamente o samba é muito bom, mas sua gravação não foi boa. Na versão das eliminatórias, entra na lista dos grandes sambas da Mocidade Alegre. O enredo é sobre Jorge Amado, focando na parte mais mística e religiosa da vida do escritor.
A Rosas de Ouro fará uma homenagem a Roberto Justus com um enredo sobre a Hungria. O samba é fraco, sem momentos marcantes tanto de letra quanto de melodia. Bastante linear, é mais um que não chama atenção e não faz jus à escola. Pode tirar boas notas, pois é correto, mas será esquecido após o Carnaval.
Com um enredo sobre a paz, a Tom Maior vem com um samba muito agradável, bem leve e com algumas boas variações. Conta com uma homenagem ao ex-presidente da agremiação, Marko Antônio da Silva, falecido em maio deste ano, uma das melhores partes da composição. Não é um sambaço mas cumpre seu papel e se destaca na safra.
A X-9 Paulistana apresentará um enredo sobre o Rally dos Sertões, falando sobre os locais do percurso da competição. É um ótimo samba, que melhora depois de alguma audições. O refrão principal é, praticamente, o título do enredo, recurso que não gosto. A primeira parte começa forte e tem boas variações. O "poeira, poeira" da segunda parte, recurso semelhante ao "hey, hey, hey" do samba da Mangueira, é um atrativo a mais na obra.
A sempre injustiçada Pérola Negra tem, como sempre, um dos melhores sambas do ano. Fruto de uma fusão entre as duas obras que mais se destacaram nas eliminatórias, é animado e possui refrões empolgantes para falar da cidade de Itanhaém. Fica um pouco abaixo das últimas obras da Pérola, mas é bom e se destaca na safra.
O Império de Casa Verde, em mais um enredo patrocinado, falará sobre as lentes. A melodia é excelente, mas a letra e pobre e beira o "trash" em alguns momentos, causando uma dualidade estranha. Pena ver uma escola como o Império, que na década passada apresentou tantos bons sambas, precisar de versos como "tô nessa onda de esquimó e vou zoar". Mas a audição vale pela bela melodia.
Campeã do Grupo de Acesso, a Dragões da Real estreia no Especial com um enredo em homenagens às mães. Mas o samba da escola da torcida do São Paulo é o pior da safra. A melodia não tem momentos marcantes e a letra é muito pobre, contando com o verso "tem mãe levando a culpa com os erros do filho no jogo". O refrão principal é a única parte mais interessante, mas no geral o samba é bem ruim.
Voltando à elite, a tradicional Camisa Verde e Branco falará sobre o amor com um samba enorme. A extensa letra, no entanto, é boa, apesar de simples. Conta com alguns clichês que são inevitáveis para o enredo, mas a melodia ajuda muito a deixar a audição interessante, com ótimas variações, sobretudo na segunda parte.
Na opinião do Carnaval de Avenida, este é o ranking dos sambas de São Paulo:
1- Mancha Verde
2- Tucuruvi
3- Mocidade Alegre
4- Vila Maria
5- X-9 Paulistana
6- Pérola Negra
7- Tom Maior
8- Camisa Verde e Branco
9- Águia de Ouro
10- Império de Casa Verde
11- Vai-Vai
12- Rosas de Ouro
13- Gaviões da Fiel
14- Dragões da Real
A Vai-Vai, atual campeã, após o histórico samba de 2011, vem com um dos piores de 2012. Patrocinado pela Bombril, o que valeu o verso "é bom brilhar", o enredo sobre as mulheres não teve uma abordagem original ou elaborada. O samba tem alguns momentos melódicos interessantes, mas a letra é muito pobre. A falta de rima no último refrão deu um efeito estranho. Samba bem fraco, abaixo do padrão da escola.
A vice-campeã Tucuruvi, ao contrário da anterior, tem uma das melhores obras do ano. O enredo sobre a África pode ser bem batido, principalmente se levarmos em conta o Carnaval carioca. Mas o samba consegue ter momentos de originalidade, como no final, com o empolgante "ôôô" que leva ao refrão principal, também excelente. O refrão do meio também é muito bom e as variações melódicas de toda a composição são ótimas. Grande samba da Tucuruvi, um dos melhores da escola.
A Vila Maria vai em busca do título inédito com um enredo que envolve mãos, artesanato e era digital, contando ainda com a "tag" #vilamariafeitaàmão no logo do enredo, recurso característico do Twitter. O samba é muito bom, com dois refrões explosivos (apesar do primeiro ter um "que" de oba-oba) e melodia valente. Só no último verso que temos um desfecho melódico mal concluído, mas nada que incomode ou comprometa o conjunto. O termo "online" empobrece a letra, apesar de estar no contexto.
Uma das escolas com melhor safra própria, a Mancha Verde tem o melhor samba de 2012 em São Paulo. Com o enredo sobre a lição de humildade de Odu-Obará, o samba destaca-se pela melodia, bem típica dos sambas paulistanos e muito bonita, dolente e forte. A letra, repleta de nomes de orixás, cumpre seu papel e se adequa à melodia. A interpretação de Freddy Vianna é magistral. E algo louvável na Mancha é o fato de, em nenhum de seus sambas, fazer alusão ao Palmeiras. O vínculo com o clube nunca é demonstrado ou inserido no enredo, o que é muito bom, já que Carnaval não deve se misturar com futebol.
A Gaviões da Fiel, diferente do que faz a Mancha, frequentemente cita o Corinthians em seus enredos. Desta vez, está dentro do contexto, já que a escola homenageará o ex-presidente Lula. Mas o samba, no geral, é fraco. Explora muito pouco e de forma muito simples a vida de Lula, não dando a real dimensão de sua importância para o país. Sem grandes momentos, passa apagado na safra.
O samba da Águia de Ouro sobre a Tropicália cresce na segunda parte, com uma entrada bastante explosiva. A letra desta estrofe também é a melhor parte do samba. Os demais trechos são bastante simples e os refrões não tem muita força. Samba mediano, não se destaca tanto.
A versão concorrente do samba da Mocidade Alegre era excelente, em uma interpretação sensacional de Bruno Ribas. No CD, o limitadíssimo Clóvis Pê tirou muito a força do samba. Com uma interpretação medíocre, deixa a audição cansativa. Tecnicamente o samba é muito bom, mas sua gravação não foi boa. Na versão das eliminatórias, entra na lista dos grandes sambas da Mocidade Alegre. O enredo é sobre Jorge Amado, focando na parte mais mística e religiosa da vida do escritor.
A Rosas de Ouro fará uma homenagem a Roberto Justus com um enredo sobre a Hungria. O samba é fraco, sem momentos marcantes tanto de letra quanto de melodia. Bastante linear, é mais um que não chama atenção e não faz jus à escola. Pode tirar boas notas, pois é correto, mas será esquecido após o Carnaval.
Com um enredo sobre a paz, a Tom Maior vem com um samba muito agradável, bem leve e com algumas boas variações. Conta com uma homenagem ao ex-presidente da agremiação, Marko Antônio da Silva, falecido em maio deste ano, uma das melhores partes da composição. Não é um sambaço mas cumpre seu papel e se destaca na safra.
A X-9 Paulistana apresentará um enredo sobre o Rally dos Sertões, falando sobre os locais do percurso da competição. É um ótimo samba, que melhora depois de alguma audições. O refrão principal é, praticamente, o título do enredo, recurso que não gosto. A primeira parte começa forte e tem boas variações. O "poeira, poeira" da segunda parte, recurso semelhante ao "hey, hey, hey" do samba da Mangueira, é um atrativo a mais na obra.
A sempre injustiçada Pérola Negra tem, como sempre, um dos melhores sambas do ano. Fruto de uma fusão entre as duas obras que mais se destacaram nas eliminatórias, é animado e possui refrões empolgantes para falar da cidade de Itanhaém. Fica um pouco abaixo das últimas obras da Pérola, mas é bom e se destaca na safra.
O Império de Casa Verde, em mais um enredo patrocinado, falará sobre as lentes. A melodia é excelente, mas a letra e pobre e beira o "trash" em alguns momentos, causando uma dualidade estranha. Pena ver uma escola como o Império, que na década passada apresentou tantos bons sambas, precisar de versos como "tô nessa onda de esquimó e vou zoar". Mas a audição vale pela bela melodia.
Campeã do Grupo de Acesso, a Dragões da Real estreia no Especial com um enredo em homenagens às mães. Mas o samba da escola da torcida do São Paulo é o pior da safra. A melodia não tem momentos marcantes e a letra é muito pobre, contando com o verso "tem mãe levando a culpa com os erros do filho no jogo". O refrão principal é a única parte mais interessante, mas no geral o samba é bem ruim.
Voltando à elite, a tradicional Camisa Verde e Branco falará sobre o amor com um samba enorme. A extensa letra, no entanto, é boa, apesar de simples. Conta com alguns clichês que são inevitáveis para o enredo, mas a melodia ajuda muito a deixar a audição interessante, com ótimas variações, sobretudo na segunda parte.
Na opinião do Carnaval de Avenida, este é o ranking dos sambas de São Paulo:
1- Mancha Verde
2- Tucuruvi
3- Mocidade Alegre
4- Vila Maria
5- X-9 Paulistana
6- Pérola Negra
7- Tom Maior
8- Camisa Verde e Branco
9- Águia de Ouro
10- Império de Casa Verde
11- Vai-Vai
12- Rosas de Ouro
13- Gaviões da Fiel
14- Dragões da Real
Nenhum comentário:
Postar um comentário