Freixo quer mudar tudo no Carnaval. Quem não arrisca, não petisca!
José Carlos Netto | José Carlos Netto | 28/06/2012 19h30
Estava o JCN tentando concluir uma matéria sobre uma escola de samba que muito me toca o coração, a Unidos do Jacarezinho. De repente, não mais do que de repente, adentra ao email um convite para uma reunião de movimento com ativistas da cultura em defesa do Carnaval.
Surpreso, pois a reunião é um chamamento de um dos candidatos à Prefeitura da cidade na próxima a eleição. Não gosto de política, tenho horror a políticos, mas fui dar apenas uma olhadela no que propõe o dito candidato em favor naquilo que ele denomina "resgate da cultura brasileira.
De fato, se eleitor for, e conseguir tirar do papel de suas ideias e propostas haverá uma autêntica revolução nos folguedos carnavalescos na mui leal e histórica Cidade São Sebastião do Rio.
De cara, ele propõe criar a tão falada e esperada Secretaria de Cultura Especial, órgão que assumirá o controle da organização do Desfile das Escolas de Samba do RJ. Serão valorizados os valores, o julgamento coerente e uma correta gestão dos recursos públicos destinados às agremiações.
Bela ideia, senhor candidato. Só que no passado tínhamos a RIOTUR que era encarregada desse trabalho. Só que sua Excelência, o então prefeito César Maia, mão beijada, entregou todo o trabalho para as entidades diante dos inúmeros escândalos protagonizados dentro da própria empresa municipal. Escândalos esses que respingaram até no Terreirão do Samba.
O certo é o Carnaval ser organizado pelo governo, não pelas entidades, apesar do grande acerto por parte da LIESA. Que a prefeitura coloque funcionários, além de competentes, mas também imunes às tentações dos cargos. Ou seja: gente honesta.
A ideia desse candidato é pela preservação total da cultura. Por isso, seu projeto com relação ao pagamento de subvenção está ligado à relevância cultural dos enredos.
Diz ainda que caso uma agremiação opte em retratar uma marca, não receberá verba pública. Segundo a ideia, essa proposta não se trata de forma alguma de uma tentativa de "dirigismo temático", e sim, da busca pela gestão criteriosa de recursos para que as escolas não se tornem canais de propaganda.
Bem, nesse caso já existe no regulamento do desfile, regulamento esse produzido, pela própria LIESA, dispositivo proibitivo impedindo qualquer tipo de propaganda por parte das agremiações. De quando em vez essa ou aquela escola tenta ou burla tal dispositivo. Nesse caso é punida apenas com a perda de pontos.
Agora, deseja o senhor candidato que a escola não receba a sua fatia do bolo, que é grande, do dinheiro do Poder Público. A ideia não é de toda ruim, já que acima de tudo visa um grande apoio à nossa própria cultura. O problema será a escolha dos funcionários que vão decidir sobre os enredos.
O Projeto é longo e apresenta fatos interessantes. Um deles, por exemplo, é o retorno do projeto original do Sambódromo. Como se sabe ali naquele local onde hoje ficam as cadeiras e frisas, o professor Oscar Niemeyer havia desenhado um espaço para o povão, uma espécie de geral para o público de menor poder aquisitivo assistir o desfile. Mas, alguns espertinhos transformaram no que é hoje.
O candidato quer de volta o espaço como era no original, se não os dois lados da Avenida, pelo menos um dos lados. Para essa ideia bato palmas, pois até hoje não entendi porque e como um projeto do inspirado Niemeyer foi mexido de tal maneira. Que se dê ao povo o que de direito, pois aquele local é bem mais humano do que ficar sobre o Canal do Mangue ou em cima do viaduto e levaria calor humano ao desfile.
Outra proposta que vai dar do que falar diz respeito ao televisamento e a participação em igual condição da nossa TV Educativa nas transmissões, notadamente no desfile dos miúdos e das escolas de menor porte.
O candidato acha que de imediato deve haver o fim da exclusividade da transmissão televisiva condicionando diferentes formas de narração aumentando assim as possibilidades de apresentação do espetáculo para o público espectador de casa. Outra boa ideia.
Depois de ler e reler todo o projeto, considerei algumas coisas interessantes a ponto de riscar estancar o que estava fazendo. Seria também salutar se os demais candidatos tomassem conhecimento, pois
Quem sabe o vencedor copie algo para a sua política de Carnaval?
Que tenha boa sorte o candidato, mas considero difícil suas ideias serem aceitas num todo.
Mas, como dizia minha saudosa vovózinha: "Quem não arrisca não petisca". Tenho dito.
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