Salgueiro promove Manifesto a favor da liberdade de expressão no Carnaval
Publicado em Grupo Especial, Salgueiro em 24 de agosto de 2012
Na Acadêmicos do Salgueiro, as eliminatórias seguirão normalmente na noite deste sábado, a partir das 22 horas, mas uma convocação de última hora da presidente Regina Celi vai dar um ar diferente a noite de samba. O Salgueiro promoverá durante o ensaio, um manifesto em repúdio as declarações do candidato a prefeito do Rio Marcelo Freixo (PSOL), que em recente entrevista propôs que a organização do desfile das escolas de samba fique a cargo da Secretaria de Cultura, limitando a subvenção dada às escolas, financiando apenas aquelas que apresentem “contrapartida cultural” em seus enredos. Na entrevista, sem citar nomes ou agremiação, Freixo mencionou o patrocínio recebido pelo Salgueiro de uma revista de celebridades para o carnaval 2013.
A presidente do Salgueiro divulgou nota na tarde de hoje convocando imprensa e comunidade a participar do ato. Confira a íntegra da nota oficial:
O Carnaval é um dos emblemas do Rio. Faz parte do patrimônio histórico e cultural da cidade. Tem uma profunda inserção popular. É uma das expressões mais significativas da cultura carioca. Encanta e mobiliza milhões de pessoas todos os anos. É uma festa. É também uma atividade econômica e está presente na vida dos cariocas de todas as regiões há muito tempo. Constitui uma tradição.Não por acaso, ao longo da história, em vários momentos, políticos tentaram cooptar, controlar e reprimir o Carnaval do Rio, visando apenas projetos partidários ou pessoais. O Carnaval nasceu como uma forma de resistência (e afirmação) popular. E sobreviveu a todas as tentativas de cooptação, controle e repressão. Não foram poucas. Mas o Carnaval do Rio está cada vez mais forte.Hoje impera no Carnaval do Rio a mais absoluta liberdade de expressão. O poder público não interfere no conteúdo dos enredos. Não determina o que as Escolas de Samba podem ou não expressar em seus desfiles. A Prefeitura subsidia igualmente todas as agremiações em cada um dos Grupos e não impõe “contrapartidas culturais”.Infelizmente há no horizonte uma ameaça potencial à plena liberdade de expressão no Carnaval do Rio. Um candidato a prefeito defende, em seu programa de governo e em entrevistas, que só devem receber recursos da Prefeitura as Escolas de Samba que tiverem enredos aprovados pela Secretaria de Cultura. Para ele, as Escolas devem oferecer “contrapartidas culturais”.Trata-se claramente de uma visão dirigista. Quem determinará se um enredo tem ou não “relevância cultural”? Mais uma vez o Carnaval do Rio se vê diante de uma postura autoritária que atenta contra a plena liberdade de expressão. Mais uma vez há uma tentativa de controle de uma manifestação cultural popular. Não podemos permitir que este pesadelo vire realidade, como ocorreu no passado.A comunidade do Carnaval e do Samba está unida para defender seu direito de criar livremente. Repudiamos esta e qualquer outra tentativa de dirigismo cultural. A contrapartida de uma obra de arte é a própria obra de arte. As Escolas de Samba devem ter autonomia para escolher seus enredos. O apoio da Prefeitura é justo e necessário. Mas não pode ameaçar a liberdade de expressão.Por tudo isso, não podemos deixar que queiram tirar do nosso Carnaval o título arduamente conquistado, de Maior Espetáculo da Terra.Regina Celi Fernandes.
Por conta do manifesto, o ensaio deste sábado, excepcionalmente, terá entrada franca. A quadra do Salgueiro fica na Rua Silva Teles, 104, no Andaraí.
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