Enredo 2017
"Luz,
Câmera, Ação... A Colorado Apresenta: A "Roliúde" no Sertão"
Justificativa:
A Colorado do
Brás vai levar para o Carnaval 2017 um enredo livremente inspirado no livro
"Roliúde, um romance picaresco, aventuroso e cinematográfico",
de Homero Fonseca. A história é muito simples, conta a vida de Severino
Ramos Soares da Silva, mais conhecido como Bibiu, filho do Agreste, do sol
escaldante, da terra poeirenta, um lugar de "cabras da peste",
de religiosidade e luta, um autêntico nordestino brasileiro.
Sonhador,
desbravador de pensamentos mirabolantes, apaixonado pelo cinema. Através da arte
de representação, do seu jeito e com o seu olhar, ele descreve para as
pessoas, nas praças públicas, tudo aquilo que viu e ouviu em suas aventuras
cinematográficas.
Nosso
objetivo é mostrar ao público uma aventura. São grandes clássicos do cinema,
como Charlie Chaplin, Tarzan e King Kong, vistos, porém, através de
um nordestino, morador do sertão.
Como imaginar
Carlitos no Nordeste? Como um romance entre um príncipe e uma princesa pode
acontecer no meio do sertão?
É esta nossa
história: o cinema contado pela boca do povo.
Então,
deixe-se levar. Embarque nessa aventura em vermelho e branco.
Seja
bem-vindo à nossa Roliúde!
Sinopse
Severino
nasceu em 1911, em meio ao sertão escaldante, em um dia de eclipse, que fez
aquela terra toda se assustar, fazendo muita gente confessar seus pecados
e pedir para seus anjos da guarda proteção com medo de um fim do mundo! O sol
era mais perto naquele pedaço de chão, parecia que ele lambia a terra
ardente. Terra que sempre louvou a figura do seu maior herói: Lampião na terra
era como Deus no céu. A figura do valente e batalhador sempre foi
muito forte por aquelas bandas.
Severino se
tornou "Bibiu". Sonhava com a vida no circo e por isso virou artista.
Com muito treinamento, aprendeu a lidar com o público. E foi assim que se preparou
para sua missão de vida - ir de praça em praça, contando os filmes que via no
cinema para o povo pobre que não podia pagar o valor dos ingressos.
A tática era simples: começava a explicar a história, atraindo os
passantes. Na parte mais importante, no clímax, ele parava a história e pedia
para o público dar uma "contribuição". Bibiu traduz o
encantamento do povo com o cinema. Aqueles letreiros luminosos chamavam muita
sua atenção. Os pipoqueiros que ficavam na porta eram o começo da sua
alegria. Os lanterninhas, que tomavam conta para que não houvesse bagunça
durante as sessões, sempre foram citados em suas histórias.
E das telas,
ele levava as histórias para o povo. O quixotesco e simpático rapaz sai pelas
cidades do interior - Caruaru, Bezerros, Limoeiro, Afogados da Ingazeira,
Garanhuns... - contando os grandes filmes que marcaram a história da sétima
arte. Com um sotaque inteiramente interiorano e muita bossa.
Histórias de
cabras da peste. De grandes amores. Aventuras de capa e espada. Bibiu trazia
para o povo tudo que ocorria depois que o "leão" rugia. E as
praças se tornavam "cinemas falados". Um de seus atores
favoritos, Chaplin, na voz de Bibiu, era um mudo muito engraçado, com seu
chapéu de sertanejo e uma bengala feita com um galho de arvore.
"Carlitos é um caboclo liso, pobre de Jó... Cagado e cuspido um flagelado
da seca", ele conta.
E aí vem a
sucessão de filmes - O Garoto, O Grande Ditador. Cada um sendo encenado no
cenário do Nordeste, bem do jeito que Bibiu fazia.
Bibiu encenou
também as epopeias bíblicas! Moisés atravessando o mar, no meio do sertão? Para
ele, era possível!
Sansão, de
Sansão e Dalila, querendo derrubar as pilastras: "o plano dele era
aproveitar aquela chance pra resolver a parada", descrevia Bibiu em
relação a famosa cena em que o personagem derrubou as colunas que
seguravam o templo e tudo caiu.
Guerras,
amores, batalhas... e tudo ali, no meio do sertão!
Muitas
aventuras, Bibiu contou. Eletrizou o público com os faroestes e filmes de
"coubói", com mocinhas e vilões em grandes aventuras.
Falou do
Tarzan com se ele morasse no Agreste e ao invés da Macaca Jane, ele tinha uma
cabra como fiel escudeira.
E o King
Kong, como se em vez de arranha-céus, fosse um macaco no meio do sertão,
pulando entre cactos e casebres de taipa.
Contou até
filmes brasileiros, como o Aviso aos Navegantes de Oscarito e Grande Otelo. Ao
invés de um luxuoso navio, os navegantes viajavam em um barco bem
pobrinho.
Exaltou
também a brasilidade, a cara das comédias brasileiras da Atlântida.
Foi contando
estas histórias que Bibiu encantou muitos e levou alegria a todos. Viajou, se
aventurou...Mas assim como todo desbravador, ele também não
foi imortal...Um dia, ele parou de contar suas histórias. Simplesmente
saiu de cena, mas saiu no auge, como todo o grande artista.
Houve quem
pensou que ele tivesse morrido. Que nada. Bibiu estará para sempre eternizado
na memória de todos que o viram.
Bibiu virou
até história de cordel.
"Bibiu deitou numa nuvem
Co' uma estrela por candeeiro
Agradeceu aos amigos
Se despediu do porteiro
Mandou lembranças pra gente
Pelo pássaro condoreiro
Hoje termino a história
O que conto está na cena
Mestre Bibiu tá feliz
E vive sem ter problema
Rei dos anjos e das virgens
O final é de cinema"
Ele ainda
deve estar por lá, no céu, contando suas histórias... E agora, ele vai ter mais
uma história para contar - vai dizer que um dia uma escola de
samba desfilou contando sua trajetória, virou enredo do Carnaval!
Bibiu, nós
iremos fazer aquilo que você sempre fez: vamos encantar!
Obrigado,
Severino. Viva na eternidade!
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