quarta-feira, 20 de julho de 2016

GRES COLORADO DO BRÁS (SÃO PAULO/SP)

Enredo 2017


"Luz, Câmera, Ação... A Colorado Apresenta: A "Roliúde" no Sertão"


Justificativa:
A Colorado do Brás vai levar para o Carnaval 2017 um enredo livremente inspirado no livro "Roliúde, um romance picaresco, aventuroso e cinematográfico", de Homero Fonseca. A história é muito simples, conta a vida de Severino Ramos Soares da Silva, mais conhecido como Bibiu, filho do Agreste, do sol escaldante, da terra poeirenta, um lugar de "cabras da peste", de religiosidade e luta, um autêntico nordestino brasileiro.
Sonhador, desbravador de pensamentos mirabolantes, apaixonado pelo cinema. Através da arte de representação, do seu jeito e com o seu olhar, ele descreve para as pessoas, nas praças públicas, tudo aquilo que viu e ouviu em suas aventuras cinematográficas.
Nosso objetivo é mostrar ao público uma aventura. São grandes clássicos do cinema, como Charlie Chaplin, Tarzan e King Kong, vistos, porém, através de um nordestino, morador do sertão.
Como imaginar Carlitos no Nordeste? Como um romance entre um príncipe e uma princesa pode acontecer no meio do sertão?
É esta nossa história: o cinema contado pela boca do povo.
Então, deixe-se levar. Embarque nessa aventura em vermelho e branco.
Seja bem-vindo à nossa Roliúde!
Sinopse
Severino nasceu em 1911, em meio ao sertão escaldante, em um dia de eclipse, que fez aquela terra toda se assustar, fazendo muita gente confessar seus pecados e pedir para seus anjos da guarda proteção com medo de um fim do mundo! O sol era mais perto naquele pedaço de chão, parecia que ele lambia a terra ardente. Terra que sempre louvou a figura do seu maior herói: Lampião na terra era como Deus no céu. A figura do valente e batalhador sempre foi muito forte por aquelas bandas.
Severino se tornou "Bibiu". Sonhava com a vida no circo e por isso virou artista. Com muito treinamento, aprendeu a lidar com o público. E foi assim que se preparou para sua missão de vida - ir de praça em praça, contando os filmes que via no cinema para o povo pobre que não podia pagar o valor dos ingressos. A tática era simples: começava a explicar a história, atraindo os passantes. Na parte mais importante, no clímax, ele parava a história e pedia para o público dar uma "contribuição". Bibiu traduz o encantamento do povo com o cinema. Aqueles letreiros luminosos chamavam muita sua atenção. Os pipoqueiros que ficavam na porta eram o começo da sua alegria. Os lanterninhas, que tomavam conta para que não houvesse bagunça durante as sessões, sempre foram citados em suas histórias.
E das telas, ele levava as histórias para o povo. O quixotesco e simpático rapaz sai pelas cidades do interior - Caruaru, Bezerros, Limoeiro, Afogados da Ingazeira, Garanhuns... - contando os grandes filmes que marcaram a história da sétima arte. Com um sotaque inteiramente interiorano e muita bossa.
Histórias de cabras da peste. De grandes amores. Aventuras de capa e espada. Bibiu trazia para o povo tudo que ocorria depois que o "leão" rugia. E as praças se tornavam "cinemas falados". Um de seus atores favoritos, Chaplin, na voz de Bibiu, era um mudo muito engraçado, com seu chapéu de sertanejo e uma bengala feita com um galho de arvore. "Carlitos é um caboclo liso, pobre de Jó... Cagado e cuspido um flagelado da seca", ele conta.
E aí vem a sucessão de filmes - O Garoto, O Grande Ditador. Cada um sendo encenado no cenário do Nordeste, bem do jeito que Bibiu fazia.
Bibiu encenou também as epopeias bíblicas! Moisés atravessando o mar, no meio do sertão? Para ele, era possível!
Sansão, de Sansão e Dalila, querendo derrubar as pilastras: "o plano dele era aproveitar aquela chance pra resolver a parada", descrevia Bibiu em relação a famosa cena em que o personagem derrubou as colunas que seguravam o templo e tudo caiu.
Guerras, amores, batalhas... e tudo ali, no meio do sertão!
Muitas aventuras, Bibiu contou. Eletrizou o público com os faroestes e filmes de "coubói", com mocinhas e vilões em grandes aventuras.
Falou do Tarzan com se ele morasse no Agreste e ao invés da Macaca Jane, ele tinha uma cabra como fiel escudeira.
E o King Kong, como se em vez de arranha-céus, fosse um macaco no meio do sertão, pulando entre cactos e casebres de taipa.
Contou até filmes brasileiros, como o Aviso aos Navegantes de Oscarito e Grande Otelo. Ao invés de um luxuoso navio, os navegantes viajavam em um barco bem pobrinho.
Exaltou também a brasilidade, a cara das comédias brasileiras da Atlântida.
Foi contando estas histórias que Bibiu encantou muitos e levou alegria a todos. Viajou, se aventurou...Mas assim como todo desbravador, ele também não foi imortal...Um dia, ele parou de contar suas histórias. Simplesmente saiu de cena, mas saiu no auge, como todo o grande artista.
Houve quem pensou que ele tivesse morrido. Que nada. Bibiu estará para sempre eternizado na memória de todos que o viram.
Bibiu virou até história de cordel.
"Bibiu deitou numa nuvem
Co' uma estrela por candeeiro
Agradeceu aos amigos
Se despediu do porteiro
Mandou lembranças pra gente
Pelo pássaro condoreiro
Hoje termino a história
O que conto está na cena
Mestre Bibiu tá feliz
E vive sem ter problema
Rei dos anjos e das virgens
O final é de cinema"
Ele ainda deve estar por lá, no céu, contando suas histórias... E agora, ele vai ter mais uma história para contar - vai dizer que um dia uma escola de samba desfilou contando sua trajetória, virou enredo do Carnaval!
Bibiu, nós iremos fazer aquilo que você sempre fez: vamos encantar!

Obrigado, Severino. Viva na eternidade!

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