quarta-feira, 24 de julho de 2019

GRES UNIDOS DE MANGUINHOS (RIO DE JANEIRO/RJ)


Axé - Expressão de Uma Raça


Sinopse
A manifestação é total, nunca se sentiu coisa igual, nessa festa de encantos que a GRES Unidos de Manguinhos vem mostrar, nos autos de suas crenças; O enredo que a gente canta é a história que o povo negro traz; É o canto que os males espanta com os espíritos de paz. Com grande resposta a todo sofrimento e do jeito que a gente gosta, vamos cantar e dançar sob a luz do Carnaval, e nos seus 55 anos de existência e resistência, a Unidos de Manguinhos sendo urna guardiã da cultura e das heranças afro-brasileiras – pede agô a todas as forças do céu, da terra e da vida para exaltar o maior fundamento de sua existência: “Axé! Expressão de uma raça.”
"Axé", é "energia", "poder", "força" e “fé”… Uma saudação, um cumprimento através do qual se desejam, ao próximo, coisas boas, vibração e ânimo.
Mesmo fazendo-se uso da escrita, a oralidade não pode ser abandonada, uma vez que o axé também é transmitido através da palavra; portanto, os ensinamentos nas casas de candomblé e outras religiões afro-brasileiras é imprescindível. A palavra “Axé” tem força dinâmica: dependendo do momento em que for pronunciada, a palavra pode ter a sua força sagrada ampliada.
Mas, o Axé ainda pode significar a própria casa de Candomblé em toda a sua plenitude. Daí, uma Yalorixá também ser chamada de Yalaxé (Iyálàse), ou seja, “Mãe do Axé” ou a pessoa responsável pelo zelo do Axé ou força da casa de Orixá. Axé também pode significar “Vida”. E tudo que tem vida tem origem. Chamar a vida é chamar o Axé e as origens. “Axé” Força sagrada dos orixás, sobrenatural e místico que se revigoram, com as oferendas e sacrifícios ritualísticos…
“Axé” conjunto de pedras, objetos metálicos, quartinhas de barro, plantas etc., no peji do candomblé ou nas imediações do barracão do terreiro, onde repousa essa força, empregada para sacramentar certas frases ditas entre o povo de santo, como por exemplo: Eu digo: - “Eu estou muito bem.” Outro responde: -“Axé!” Esse “axé” aí dito equivaleria ao “Amém” do Catolicismo (“que Deus permita”). - Os Orixás são Axé e Vida.
Buscando nas raízes mais profundas da palavra a simbologia de gratidão. Foi em um grande festejo em sua homenagem que Xangô bradou em alto e bom som “Axé”. Sob o coro de seus súditos e a liderança de Exu onde faziam uma linda dança tribal; Sentido divino da linhagem dos mais puros sentimentos, com a importante missão de propagar-se através dos tempos sua gratidão através do som da palavra “Axé”…
Axé é tudo, e tudo é axé”. Eis o princípio da vida. Força que emana de tudo que tem é vivo. Poder, magia, dom. As mãos que abençoam têm axé. A palavra proferida tem axé. Os saberes e sabores do terreiro têm axé. Energia que se dá e se recebe, que se ganha e se perde, que se acumula e se dissipa. Axé é vida.
Gestos, olhares e palavras que abençoam o transmitem. Saudação para quem chega e para quem vai. Gratidão, súplica e desejo. Axé expressa alegria, regozijo, prazer. Dos alimentos sagrados, as partes ofertadas aos orixás são chamadas de axés. Sinônimo de sabedoria e dignidade, é a fonte da autoridade dos mais velhos, poder que se expressa nas figuras emblemáticas de pais e mães de santo, na nobreza das casas mais tradicionais e antigas.
A palavra se popularizou, virou sinônimo de gênero musical baiano, mas bem antes disso estava presente na MPB, nas festas populares e carnavais, no cotidiano da gente da Bahia e do Brasil. Contudo, em verdade, o axé define a energia essencial que move todos os seres e todas as coisas que existem na natureza. No candomblé, é a força que realiza o poder de criar e transformar as coisas. É justamente o que dá movimento à vida e, ao ser renovado, permite a permanência, a perpetuação de tudo.
Em termos práticos, além de ser a força sagrada de cada orixá, axé também designa o conjunto de objetos e materiais indispensáveis ao culto, bem como as pedras, árvores, comidas, ferramentas e adereços de cada divindade e de seus respectivos assentamentos. Essa força é revigorada por meio de rituais, oferendas e sacrifícios. Está no sangue, na seiva das folhas, nos pós das sementes e frutos.
Isso prova que a relação entre os terreiros de candomblé e as manifestações da cultura popular baiana e afro-brasileira em geral (como maracatus e escolas de samba) vem de longa data e sempre mantiveram o respeito à religiosidade e à ancestralidade africana. Nem afoxés, nem maracatus, nem escolas de samba saem às ruas pra brincar o carnaval sem que sejam cumpridas as obrigações com os orixás.
Em qualquer terreiro seja de santo ou de manifestação cultural, o axé é o conteúdo mais valioso, tanto que cada local tem um “plantado”, ou seja, um conjunto de elementos sagrados em uma coluna central, ainda que simbólica, e representa a pedra fundamental, o alicerce e a base de tudo.
Desse fundamento emana a força que assegura a existência dinâmica da comunidade e a partir dele as possibilidades se concretizam. Uma vez plantado, esse axé passa a ser transmitido a tudo e a todos que compõem o terreiro. É força que se planta, cultiva e amplia.
Toda forma de transmissão de conhecimento e ensinamentos dos terreiros, por mais que se tente negar, marca profundamente a cultura e o povo em sua volta. Reside um grande legado de valores e costumes preservados, das palavras que modificaram a estrutura de toda comunidade.
E no seu terreiro de samba a Unidos de Manguinhos transforma a realidade dos seus seguidores, com projetos de cunho sociais, entre eles na dança, nas artes plásticas, no esporte e no lazer; Mudando assim os hábitos de sua comunidade, com posturas e muito AXÉ!!!
Que rufem os tambores… Com alma, com raça, com vibração, para que seja sentida por cada coração a força do nosso AXÉ!
“Muito boa sorte e muito AXÉ“

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