Cortejo
aos Reis do Congo
Quem sou eu? Eu sou a festividade do povo negro.
Surgi muitos anos atrás, no reino de Congo, no ceio de
minha mãe África.
Entre paços, cores, sons e batuques me fizeram presente
na pele negra em grandes cortejos.
Presenciei momentos em que os livros muito das vezes não
contam, mais me mantive resistente a tudo e a todos.
Migrei para o outro lado do atlântico, aportando na
América, especialmente em Recife, Ali eu vi com o passar do tempo à luta do
negro por justiça, por respeito e igualdade.
Passei a viver escondido dentro de engenhos de canas de
açúcar e fazendas, mais nos pés da negra eu surgia em meios a seus temperos e
sabores a seus senhores.
Quando o sol caia e a lua subia aos céus eu surgia com
roupas elegantes, cheios de colares a sons de palmas da mão igualando
atabaques.
Um belo dia estava aos pés da Igreja de Nossa Senhora do
Rosário, acompanhei meus irmãos negros em uma grande missa.
Logo depois eu surgi no meio deles, me senti tão feliz,
era tão lindo ver o sorriso estampado no rosto de quem sofria tanto por ali.
Saímos cantando, dançando, pulando pelas ruas de
Pernambuco. Os olhares pelas janelas não entendiam o porquê da nossa
felicidade.
Afinal, somos únicos, somos a força que carrega um país,
somos a garra que se ergue e levanta o grito de uma cultura em um novo país.
Após abolição dos escravos eu tive mais liberdade, em
uma grande festa me juntei com outros meus irmãos festeiros vindos da África
onde criamos um verdadeiro carnaval de cores e fantasias.
Ganhei outros nomes: Rural, Nação, Baque-Virado, eu
sentia que estava sendo valorizados meus passos, agora eu pertencia a pessoas
que me admiravam.
De repente me tornei imortalizado na Cultura Popular
Brasileira, ganhei um monumento em minha homenagem. Quando me deparei estava em
um grande caldeirão cultural Pernambucano com a Congada, Frevo, Samba de Roda,
Afoxé, Catira, Maculelê e o Samba.
Afinal, Eu sou o Maracatu!
Autor da Sinopse: Matheus Rodrigues
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