Umbanda:
Raízes Fortes da Espiritualidade Brasileira
“… E se querem
saber meu nome que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque
não haverá caminhos fechados para mim.”
E confesso que para
mim, até então, também não houve. Eu, um filho de fé, humilde
brasileiro que trabalha desde antes do amanhecer até depois do
crepúsculo, sei que sou abençoado por Oxalá e protegido pelo meu
pai, pela minha mãe e pelo meu orixá de cabeça!
A labuta faz o
cavalo, aparelho que sou cansar. Mas é na gira que minh’alma
tranquiliza. Lá, faço transbordar a caridade e o amor em meu
coração. Lá, visto o branco da pureza e meus pés descalços tocam
o chão para que as energias atravessem meu corpo. Lá, tudo se sente
sem que nada nos cobrem.
Saravá Umbanda!
E hoje é dia de
Tenda! E chego lá vendo o defumador aceso queimando ervas para
purificar. É saudando o dono da porteira que começaremos os
trabalhos: Laroyê Exú, Mojubá!
Patakori Ogum,
Ogunhê! É o momento de saudar a Pemba!
Que Oxalá, a nossa
bandeira, nos dê as bênçãos para a gira girar!
Toquem os pontos,
batam palmas ou dobrem o rum!
Saudemos os Orixás
das sete linhas de Umbanda! Saudemos as sete vibrações da natureza
criadas por Olorum que estão no Congá!
Saudemos a linha da
sagrada geração, linha da vida com Iemanjá e Omolu!
Saudemos a linha do
conhecimento, saudemos a floresta de Oxossi e Obá!
Saudemos a linha
forte das demandas, a lei, de Iansã e Ogum!
“Saravá pra Lei
da Umbanda, Saravá pra lei maior!”
Saudemos a linha da
justiça, o equilíbrio, Xangô e Oroiná!
Saudemos a linha da
evolução, do saber, com Nanã e Obaluaê!
Saudemos a cachoeira
e o arco íris, a linha do amor, Oxum e Oxumaré!
Saudemos a linha da
fé! Saudemos Logunã que Pai Rubens nos ensina e saudemos o nosso
regente Oxalá! Saudemos as sete cores da coroa de Babá!
Enquanto a gira vai
abrindo, a sensação do amor atravessa todo meu corpo e faz-me
sentir uma felicidade indescritível! As palmas de minhas mãos tocam
minha testa; Acendo as velas. É hora de bater cabeça no Congá!
É no bater das
palmas que sinto uma energia fluir! É a paz de Angola! O povo de
Aruanda chegou à Tenda! Meu irmão de fé assenta sereno, vovô
chegou!
“Me dê sua benção
e me ajude, meu avô!”
“Deus te abençoe,
meu fio! mande mureque buscá meu cachimbo! Pá vencê demanda é
preciso ter muita fé, meu minino! Com fé nêgo ainda sorria mesmo
sabendo em como o chicote doía!”
E vovô foi me
contando as lendas, as histórias e os mistérios de seu tempo até
que meu irmão de fé despertasse!
As palmas continuam
enquanto meu corpo formiga, meus olhos fecham, surge a vontade de
dançar e a espiritualidade toma conta. Qual será o meu caboclo?
Okê-Arô! de qual
falange ele será?
Pele Vermelha,
Urubatão, Das sete, Tamoio, Guarani, Cobra-Coral, Juremê e Juremá?
Kaô Kabecilê! Será
pedra branca ou pedra preta? Treme Terra, Sol e Lua? Ventania ou
Cachoeira? Será Cigana do Oriente? Opatchá! ou Quenguelê?
Eparrei-Oyá! de
qual falange ele será? Raios, Ventos, Balês ou Amazonas?
Odoyá! Marinheiros
e Caboclas dos Rios e do Mar?
Ogunhê! Rompe Mato,
Beira Mar, Iara ou Megê? Malê, Nagô, Naruê?
Aos poucos posso
sentir e entender cada vez mais sobre a minha entidade. Meu espírito
transborda em sensações e o aparelho que é meu corpo está pronto!
Tem baiana,
Eparrei-Oyá! Ogunhê!, o boiadeiro vai laçar!
Epa Babá! Pro Erê
é doce e guaraná! Mas para qual santo vou rezar?
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