Sinopse enredo 2021
SANITATEM
– Uma
pequena conversa com Deus.
“Se
eu quiser falar com Deus…
[…]
tenho que ter mãos vazias
ter
a alma e o corpo nus…”
Olá,
meu Deus! Como está?
Estranhando
eu falar contigo agora, né?
Mas
não estranhe, pois esta nossa conversa não é para fazer um pedido;
vim aqui somente para te agradecer. Sei que a sua bênção e sua
proteção eu sempre terei.
A
minha voz é uma entre milhares, mas sei que você me ouve.
Sabe,
meu Deus, passamos por momentos difíceis, os dias não foram fáceis,
porém sei que já enfrentamos coisas parecidas algumas vezes e
sempre conseguimos encontrar um caminho, uma solução.
Alguns
dizem que é obra de Deus; outros dizem que é a ciência, e os mais
sábios dizem que é tudo isso junto, porque a cura de nossos males
está nas mãos, nas mentes, na alma e na fé.
Mas
sabe como é… No sofrimento, somente a cura do mal interessa.
“Enquanto
todo mundo
Espera
a cura do mal
E
a loucura finge
Que
isso tudo é normal…”
Às
vezes, eu gostaria de ser como você: um Deus! E sair por aí
ajudando e curando os males das pessoas. Pois, enquanto estamos
curando o outro, ao mesmo tempo estamos nos curando. Pois eu creio
que somos um, mas juntos somos um todo e esse todo é que faz a
diferença, que faz a energia vibrar mais forte. Afinal, o homem foi
destinado à alegria e assim merece ser.
Eu
queria me sentir um deus, um ser mitológico, um salvador, um orixá…,
cercado de mistérios, segredos, carregando meus búzios e cabaças,
levando comigo fé, milagre, perdão e cura.
“Wá
To To A Jú Gbé Rò”.
“E
o amor é a própria cura
Remédio
pra qualquer mal
Cura
o amado e quem ama
O
diferente e o igual…”
Desde
os tempos pré-históricos, o homem se preocupava em derrotar as
doenças e enfrentar a morte. Este talvez seja o maior desafio da
humanidade desde então. E esse desafio, seja ele corporal,
espiritual, seja sobrenatural, vai encontrando semelhanças entre
várias civilizações. Para vencer esse desafio foram estabelecidos
ritos, cerimônias e práticas religiosas, nas quais a participação
do indivíduo o libertava dos males.
Por
meio de rituais extraordinários, o homem sempre procurou se tornar o
mediador entre os deuses, a natureza e a si mesmo. Em alguns
momentos, tornando-se a própria divindade.
Eu
queria viajar no tempo, ser sacerdote, xamã, monge ou
espírito-guardião. Percorrer templos e santuários. Assistir a
cerimônias, sacrifícios, banhar-me em rios sagrados, brincar com o
fogo, beber águas purificadas…
Queria
dançar e cantar ao som de tambores e maracas, invocando o
sobrenatural e, através de oferendas, viajar a outros mundos, buscar
a liberdade… Ganhar a eternidade!
“… E
toda raça então experimentará
Para
todo mal a cura.”
Eu
queria me libertar de mim, poder me transformar em outros; ser uma
entidade, bruxo, mago, pajé, feiticeiro. Enfrentar e exorcizar
demônios. Encantar e dominar seres mitológicos. Levitar. Entrar em
êxtase! Afastar o mal. Caminhar com a ciência, a magia, a
feitiçaria, a religião e a natureza.
Abrir
as florestas, desvendar seus encantos e descobrir seu “ÀŞẸ”.
Cercar-me e proteger com fetiches, amuletos, patuás e encantamentos.
Queria unir o real e a fantasia; o mágico e o bárbaro e
materializar o invisível.
“Acima
de todas as crenças, ela representa uma proteção
A
fé que move montanhas independe de credo ou religião
O
equilíbrio existe entre o bem e o mal…”
“O
homem precisa da fé até para crer na razão.”
A
fé está muito além dos verbos crer, confiar ou acreditar. Ela
independe de religião. Ela é a certeza da verdade; é o
inexplicável.
E
com fé eu queria orar, tocar, benzer, abençoar e curar. A fé nos
permite isso.
A
fé permite até que falsos profetas vendam a cura, ofereçam
“rituais mágicos” em troca de dinheiro. A falsa fé enriquece.
A
fé “opera” milagres.
Caridade,
amor e doação: a fé nos leva ao bem.
Com
as mãos eu posso curar, independentemente de ser um rei, um plebeu
ou um padre. É a Imposição das Mãos. É o Toque Régio.
Com
as mãos eu posso benzer, “tornar santo”. É como uma prece
poderosa, de força e caridade, pela fé!
Mãos
unidas em oração, mãos que se fecham em torno de velas. As mãos
seguem um ritual de fé que se transforma em um ritual de cura. E
seguem procissões, romarias, teatro, música e dança. É a luta do
bem contra o mal, e com fé o bem sempre triunfa.
Mas
a fé também santifica. Ela traz o silêncio, a oração, a
paciência e a união, pois “ninguém se salva sozinho”.
“[…]
São Rafael, saúde dos doentes, rogai por nós…
[…]
São Rafael, cujo nome significa cura, rogai por nós…
[…]
São Rafael, repleto da graça da cura, rogai por nós…
[…]
Amém…”
Desde
o início, ciência e magia caminharam junto. Misticismo, segredo,
religião, astrologia e ciência em um único objetivo: a cura!
Pela
religião, veremos os orixás e pajés em rituais de folhas; a
alquimia, em busca da imortalidade; a medicina, buscando solução
para pestes e epidemias; os cientistas, em rituais solitários nos
laboratórios em busca de vacinas e remédios. São outros tempos,
outros “sacerdotes”, outros rituais. Inclusive rituais de alegria
para espantar a tristeza e desesperança de quem está em um
hospital.
Até
que ponto se separa ciência e crença?
Diversas
descobertas científicas mudaram a história da humanidade e vêm
salvando muitas vidas.
O
ritual da ciência usa outros métodos, entretanto a essência é a
mesma: a fé.
A
fé em Deus, a fé no homem e a fé em si.
Tudo
é fé!
Afinal,
a receita para a cura é… A cura!
“Pra
que nossa esperança…
[…]
seja mais que um caminho
que
se deixa de herança.”
Sabe,
meu Deus, lá no início quando eu disse que queria ser como você é
porque eu também queria ser onipresente, estar pertinho abraçando
cada cientista, cada médico e cada enfermeiro que lutam bravamente
para curar o próximo.
Curar
é um ato de amor! É esperança!
E
que cada abraço tenha um desejo de: não desista!
Pois
nós, sambistas, não desistiremos, afinal o carnaval é um ritual
que cura os males… Os males da alma!
E
agora, eu posso ver minha Roseira novamente em flor, desabrochando,
feliz!
E
como forma de agradecimento, deixo para você, meu Deus, uma Rosa.
Porque
“Rosas” é a mais linda flor.
Venha
conhecer!
Amém!
Paulo
Menezes
em
nome de toda a Nação Azul e Rosa.
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