quarta-feira, 16 de junho de 2010

PROBLEMAS? VAMOS À RAIZ

* TEREZINHA AZERÊDO RIOS

Preste atenção nas situações difíceis e recorrentes e reflita sobre o quê você tem a ver com elas

Enfrentar diariamente problemas e conflitos faz parte da função do gestor. Na verdade, faz parte da vida e das atribuições de qualquer profissional, não importa a área de atuação. Quantas vezes não ouvimos as pessoas dizerem que passam muito tempo tentando resolver os problemas que aparecem no cotidiano de seu trabalho?

Quando eles surgem, é preciso considerar algo muito importante: geralmente são questões-limite, obstáculos com os quais nos deparamos, na vida e nas relações pessoais, e temos necessidade de superar. Uma pergunta para a qual não sabemos a resposta só se converte em problema quando se tem real necessidade de respondê-la de imediato sem que haja a condição de fazê-lo. Uma porta trancada só representa um problema se é preciso abri-la e não se tem a chave. Da mesma forma, uma classe indisciplinada só se transforma em problema caso o professor não tenha recursos para trabalhar com ela.
As situações que preocupam os gestores não têm necessariamente um caráter negativo. Se analisarmos bem, constataremos que muitas vezes são elas que nos impulsionam à ação, provocando a reflexão no sentido de procurar superá-las. É comum falarmos em buscar uma solução. Porém, na verdade, um problema nunca é solucionável, solvido ou solúvel. O mais correto é dizer que ele é superável - ou que deve ser superado. Nesse sentido, ao enfrentá-lo não o diluímos. Apenas seguimos a dinâmica de um processo no qual há uma absorção, um rearranjo de elementos, um novo conhecimento adquirido e incorporado à nossa vivência. Dessa forma, seguimos em frente com um novo repertório. Não deixamos para trás os elementos problemáticos, mas os incorporamos à nossa experiência, sempre contínua.
Para superar um problema, é preciso ter consciência de sua existência e assumi-lo como algo que nos diz respeito. Só quando julgamos que ele é nosso, ou seja, que nos afeta e, por isso, temos a ver com ele, há a mobilização para transpô-lo. Por isso, é fundamental que, ao identificar as questões problemáticas na escola, pensemos em nossa responsabilidade em relação a elas. Cabe a pergunta: "O que podemos, devemos e queremos fazer para transformar a situação?"
A essência do problema às vezes está escondida atrás de diversas manifestações, como no comportamento do professor que chega sempre atrasado, do aluno que desrespeita os colegas, da mãe que se irrita com a coordenadora pedagógica. Ao buscar as causas dessas atitudes, certamente chegaremos às raízes do nó que precisa ser desatado. Assim, os gestores podem verificar que, com frequência, ali se encontra algo que tem a ver com o contexto da escola, com as relações vivenciadas nesse espaço e com as próprias atitudes do diretor, do coordenador, do supervisor ou de qualquer outro ator desse cenário. Ao tomar consciência disso, fica mais fácil constatar que os problemas que surgem podem ajudar a ver e entender melhor a realidade escolar e constituir uma provocação para organizar novas formas de atuação, para criar possibilidades de aprimoramento da qualidade do trabalho e, portanto, construir mais espaços para a convivência harmoniosa e cooperativa.

* Terezinha Azerêdo Rios. É graduada em Filosofia e doutura em Educação
Publicado em Nova Escola Gestão Escolar nº 7 abril/maio 2010

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