“Voar é com os pássaros
Sonhar é com a gente
porque eles têm asas
e nós temos a mente
que nos permite voar
de um jeito bem diferente
ir - sem sair do lugar -
ao futuro lá na frente
e além de ir, enfeitar,
construir e habitar
uma realidade inexistente
como se fosse real
o que é apenas sonho,
realmente.”
- Sonhar parece coisa de gente que vive de fantasia, fora da realidade!
Quantas vezes já ouvi: Caia na real!
Mas hoje eu te proponho: Caia no sonho!
Sonhe acordado, com o impossível e o improvável.
Use a imaginação!
Conheci muitas pessoas que também sonhavam, mas não tiveram coragem de lutar pelo que acreditavam, e foram deixando que seus sonhos se esvaziassem. Sonhando sozinhas... desanimaram.
Sonharam o sonho dos outros, nunca foram protagonistas, somente figurantes.
“o sonho é a fotografia
de um tempo muito esperado
que dorme dentro da gente
sonhando ser acordado
... o sonho é a expressão
do nosso mundo sonhado”
-Sempre vivi num ambiente de sonhos. Que sorte!
Ainda menina, cresci cercada de finas companhias, com tantos sonhos quanto eu, só que maiores e mais importantes, sonhos de gente grande.
Aníbal Machado, meu pai; Drummond, Cecília Meirelles, Eneida, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Rubem Braga e muitos outros.
Que prazer senti em conhecer tanta gente diferente, inusitada!
Pareciam nem viver neste mundo...
Fez parte da minha essência: sonhar!
“(...) sonhos que viraram história
(...) sonhos que nos enchem de esperança
sonhos pra quando a gente crescer
e sonhos de voltar a ser criança”
- Fiz do meu dia-a-dia sempre uma história diferente, pois queria ter a cada minuto um encontro com a liberdade e a fantasia, o sonho e a ilusão.
Ninguém me contava as histórias que queria ouvir, por isso criava as minhas.
Vivi a aventura de perseguir meus sonhos, ainda que para muitos esses sonhos fossem utopia, coisa de “gente doida”, levei-os adiante, fazendo com que outras pessoas acreditassem neles e os tornassem realidade.
Transformei o natural em maravilhoso, a realidade em fantasia, um pedaço de pano e papel pintado em personagens vivos.
Através dos bonecos consegui atingir a alma da criança e da “criança” que os grandes guardam dentro de si, fazendo-os crer no irreal, e viver dentro dele, tão próprio do espírito infantil.
Meu sonho: surpreender, divertir, encantar.
“Tem sonhos de todos os tipos
pra todos os gostos e agitos (...)
sonhos que são mesmo da gente
e sonhos emprestados (...)
sonhos de crescer, de mudar o mundo
e sonhos de ir viver
bem distante deste mundo
Sonhos de todas as cores,
formas e tamanhos (...)
e sonhos que todos podem sonhar
a qualquer hora do dia
em qualquer tempo e lugar”
- Criança é um ser que acredita. Quando começa a deixar de acreditar finge que acredita. É o faz de conta.
E fiz de conta tantas coisas!
Misturei, inventei e reinventei de tudo. Já fui herói e bandido, já fui boa e fui má.
Já fui menino sonhador e até matei um dragão. Fui ladrão, roubei fórmulas, cebolinhas, receita e colar. Conversei com Deus e fui bicho que nem existe. Brinquei de bangue-bangue, fui artista de circo e viajei na corcunda do vento. Já tive medo de gente, conheci o mundo inteiro e tive a audácia de deixar um rei sem roupa.
Imaginei que fui fantasma, marinheiro, palhaço, músico, velha, detetive, jurado, juiz, xerife, bruxo, pirata e até cavalo. Fui tudo o que eu quis ser.
Inventei tanta coisa, até um teatro! Ah, o meu Tablado!
Só não inventei que eu era escritora, porque isso... ah eu era!
“Há sonhos pra se sonhar sozinho
e sonhos pra se sonhar a dois
sonhos que muitos já sonharam antes
e que muitos sonharão depois
sonhos pra se sonhar em vida
e sonhos pra depois (...)”
- Criei meus sonhos principalmente porque quis mexer com a emoção e o inconsciente das pessoas. Procurei em cada um de nós aquilo que parecia e precisava, nos dar um motivo maior para viver.
Ainda quero sonhar muito, sonhar alto e fazer sonhar.
Sonho que as minhas histórias sejam sempre recontadas e reinventadas, pois a cada reinvenção, o meu sonho continua, e cada criança que a ouve, um dia cresça e conte aos seus filhos, para que estas histórias recomecem.
Sonhou?
Maria Clara Machado,
reinventada por mim,
Paulo Menezes
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