Rio -  Em meio às comemorações pelos 60 anos do Salgueiro, o carnavalesco e cenógrafo Fernando Pamplona lança sua autobiografia “O Encarnado e o Branco” (Editora NovaTerra), no próximo dia 29, terça-feira, no Bar Ernesto (Lapa).
Pamplona fez história no desfile das escolas de samba a partir dos anos 60, quando introduziu os enredos afro nos desfiles, e colocou o Salgueiro no patamar das grandes agremiações. Foi o líder de uma geração de carnavalescos que brilhou nos anos seguintes em várias escolas: Arlindo Rodrigues, Joãosinho Trinta, Rosa Magalhães, Renato Lage, Maria Augusta, dentre outros.
O livro é composto por quatro atos, que vão desde a infância no Acre até o período em que atuou como comentarista de televisão. O prefácio é assinado por Sérgio Cabral e o posfácio ficou a cargo de Joãosinho Trinta, falecido em 2011. A capa tem o traço inconfundível de Ziraldo.
Veterano está lançando livro de memórias | Foto: André Luiz Mello / Agência O Dia
Veterano está lançando livro de memórias | Foto: André Luiz Mello / Agência O Dia
Pamplona está com 86 anos e fez sua estreia na folia em 1960 ("Quilombo dos Palmares"), o primeiro campeonato do Salgueiro. Foi campeão também 1965, 1969 e 1971. “Sempre na mesma escola, sempre sem ganhar dinheiro algum. Fiz apenas no amor”, orgulha-se.
O último trabalho como carnavalesco foi em 1978 ("Do Yorubá à luz, a Aurora dos Deuses"). Depois disso, atuou como comentarista da TVE e da Rede Manchete. Também foi professor da Escola de Belas Artes da UFRJ, cenógrafo do Theatro Municipal e o responsável por algumas das melhores decorações de rua do carnaval carioca.
“As mudanças promovidas por ele tinham em vista, principalmente, a preservação dos elementos da cultura negra. Já em 1960 introduziu espetacularmente os atabaques no Salgueiro. Ao substituir por espelhos as lâmpadas usadas nas fantasias dos sambistas, recuperava uma tradição do próprio folclore brasileiro”, afirma Sérgio Cabral.
Com produção e coordenação do jornalista Fábio Fabato, o livro mostra em primeira pessoa todas estas transformações, fundamentais para colocarem o samba no protagonismo da folia do Rio.