Em noite de festa Estácio de Sá define samba
Como já se tornou tradição na vermelha e branca do Morro de São Carlos, a finalíssima de sambas de enredo durou toda a noite do dia 28 de setembro, se estendendo até as primeiras horas da manhã. A Estácio de Sá recebeu em sua quadra, além de dirigentes, políticos e personalidades, um público estimado pela diretoria da agremiação em torno de quatro mil pessoas para prestigiar as apresentações das composições concorrentes na última etapa da disputa. A noite festiva foi aberta pelo Grupo Medalha de Ouro, que embalou os estacianos ao som de grandes sucessos do samba de raiz, num animado pagode de mesa. Em seguida a emoção começou a ser aflorada, quando a Bateria Medalha de Ouro, regida por Mestre Chuvisco começou a tocar, levando os sambistas ao delírio com suas inovações em bossas e paradinhas, dando uma prévia do que seria mostrado mais adiante.
Leandro Santos completou a festa de abertura relembrando célebres sambas de quadra e de terreiro da Estácio, além é claro, dos memoráveis sambas de enredo da agremiação. Obras como “Tititi do Sapoti”, “Quem é você?”, “A festa do Círio de Nazaré” e “Arte negra na legendária Bahia”, foram relembradas e levaram os milhares de pessoas ao delírio. Outro show a parte, foi a apresentação das baianas, que elegantemente vestidas mostraram o autêntico rodopio ao relembrarem os clássicos da escola, assim como, os integrantes da velha guarda estaciana, que com garbosidade e exuberância emocionaram a todos durante sua apresentação. Os passistas comandados por Waleska Rocha mostraram como se apresenta a malandragem, sensualidade e autêntico samba no pé, encantando a todos no Berço do Samba. E o encerramento do show ficou por conta do bailado de Daniel e Alcione, que são responsáveis por conduzir o Pavilhão do Amor, e foram brilhantes no bailado do casal de mestre-sala e porta-bandeira, sendo igualmente apresentados com Marcinho e Roberta.
Em seguida começaram as apresentações dos sambas finalistas e a cada parceria que se apresentou, uma emoção diferente tomava conta das pessoas que lotavam a quadra. Balões, galhardetes, adereços de mão, fitas e bandeiras coloridas, deram um charme todo especial a festa promovida para a escolha do hino da escola. “A diretoria teve toda a preocupação em oferecer e proporcionar aos compositores concorrentes a liberdade para enfeitar nossa quadra. Isso dá um brilho e charme especial para a festa, que é uma das mais bonitas que a Estácio realiza”, disse Marlene Povão, relações públicas. Cada parceria teve 30 minutos para apresentação, sendo em determinado momento, duas passadas dos sambas somente os torcedores cantavam.
Por volta das 2h já de domingo, a parceria de Wilsinho Paz iniciou sua apresentação, tendo na sequencia os sambas de Júnior Escafura, China do Estácio e Valmir do Cavaco, encerrando a competição. A espera enquanto a comissão formada por dirigentes da escola decidiam tornou a noite mais emocionante. Após definição na sala da presidência, Leziário Nascimento subiu ao palco, parabenizou e agradeceu a todos os compositores que tiveram obras inscritas na disputa e enfatizou: “Tivemos que pedir aos compositores para refazerem suas obras porque não estavam de acordo com o que o Jack Vasconcelos (carnavalesco) idealizou. E assim foi feito. Digo que a Estácio de Sá vai levar para a Avenida um grande samba! E a prova do que estou afirmando todos poderão conferir na próxima semana, quando olharem os protótipos”.
Após o discurso do presidente o intérprete oficial Leandro Santos cantou o refrão da composição feita por China do Estácio e parceiros, explodindo de alegria os corações estacianos, já que era o samba preferido pela maioria das pessoas que lotaram a quadra.
A euforia foi geral, o samba diversas vezes cantado pelos presentes na quadra, ganhou as ruas, invadindo a Avenida Salvador de Sá, transformando o Estácio numa grande passarela do samba. Com gritos de é campeão os compositores China do Estácio, Thiago Daniel, Jorge Lopa, Guto Smuk, Filipe Medrado, Renato Pinto, Eduardo Moreira e Ricardo Basile, foram carregados por admiradores da escola e embalados ao som do hino estaciano comemoraram até às 7h deste domingo (29). Confira a letra:
AH, A CADA HISTÓRIA QUE ESSA BRISA CONTA
BUSQUEI NO FUNDO DOS MEUS SENTIMENTOS
TESOUROS MERGULHADOS NA MEMÓRIA
MAREJANDO EM ONDAS, CRUZA A GUANABARA
VEM APORTAR EM NOSSO CHÃO
COMÉRCIO SE INSTALOU, O NEGRO AQUI CHEGOU
COM FÉ VENCEU A ESCRAVIDÃO
DESEMBARCOU A FAMÍLIA REAL
SÃO NOVOS ARES, JARDIM TROPICAL
E A SEMENTE DO SAMBA
RESSOA NA PEDRA DO SAL
FIRMA A GIRA NO BATUQUE, BABALORIXÁ
INCORPORA A NEGRITUDE NO TERREIRO DE ALABÁ
O VENTO A SOPAR
ENTRE BECOS E VIELAS, FAVELA!
MEU POVO MAIS PERTO DO CÉU
LIVRE DA CHIBATA, ORGULHO DA RAÇA
AFIRMANDO O SEU PAPEL
E BOTA-ABAIXO, VAI LEVANTAR POEIRA
É DE PEREIRA, “PASSOS” DA CRIAÇÃO
E BOTA-ABAIXO, JÁ LEVANTOU POEIRA
“BEM NO COMPASSO” E NA GARRA DO MEU LEÃO
CAI A NOITE, A BOEMIA NAMORA O LUAR
NOS BRAÇOS DA VIDA, SE ENTREGA AO PRAZER
“É TERNA” PRAÇA MAUÁ!
O VENTO SOPROU NO MAR
TRAZENDO ESPERANÇA... ESTÁCIO DE SÁ!
BERÇO DO SAMBA EM POESIA
QUE MARAVILHA É UM PORTO DE ALEGRIA
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