sexta-feira, 4 de julho de 2014

GRCSES VAI-VAI (SÃO PAULO/SP)

Sinopse Enredo 2015


“Simplesmente Elis. A Fábula de uma Voz na Transversal do Tempo.”

Presidente – Darly Silva (Neguitão)
Carnavalescos – Alexandre Louzada , André Marins e Eduardo Caetano
Texto – Alexandre Louzada, com colaboração de Luiz Carlos Bruno

Hoje eu quero lhe falar, meu grande amor, “das coisas que aprendi nos discos”.
Pois nasci para a música, num choro, e cantar se fez minha fala.
Uma fábula em melodia, uma letra, poesia da vida que vivi.
Embora tenha sido “kamikaze” de tantos riscos, eu arrisco.
Um rabisco na face, um sorriso que me desenhou feliz. 
Segui os passos... Uma “equilibrista na corda bamba”;
“na batucada da vida” como o compasso “em cada passo dessa linha”, para que, hoje, pudesse aqui revelar meu coração em um “retrato em preto e branco”.
Na batida do samba da Vai-Vai que define e me diz: “é com esse que eu vou desabafar na multidão”. 
Sou a voz ainda viva, “na transversal do tempo”.
Sou, simplesmente, Elis. 
Surgi “como se fora brincadeira de roda”, em um tempo e como o vento, ao sul de um lugar encantado. O Minuano que sopra em espiral harmônica e que, da garganta, em notas e tons musicais, se expande e emerge potente como um furacão. 
Assim, soltei minha voz nas estradas, arrebatando multidões como se embocasse uma flauta mágica e hipnótica, um instrumento de “fascinação”.
Ardida em modo de ser, temperei a vida, atrevida.
Com meus braços fortes lancei a rede como em um “arrastão”, saciando a fome e a sede, sob “as bênçãos do Senhor do Bonfim”. 
“Onde jamais se viu tanto peixe, pesquei o Brasil para mim.”
Cresci assim...
Quando se descerrou a cortina sob os refletores mágicos que iluminaram a minha sina e fizeram a ribalta se abrir, tal qual a rosa que desabrocha; do “blues”, da dor, da fossa, do “beco das garrafas”, do tom que tanto bebi, eu cantei “O fino da bossa”, ao lado de um amigo... Jair. Fiz-me popular ao traduzir Adoniran e seu português ardil, um “tiro ao álvaro” certeiro no coração de um “Brasil que não conhece o Brasil”. 
Fui intensa, mulher de paixões e sentimentos, heroína de tantas desventuras de amor demais.
“Dengosa” e “formosa”, “da cor do pecado” e com perfume de flor.
Fui “Maria Maria”, “Madalena”, “Joana Francesa”, e “mulheres de Atenas”, Helenas, e também “Iracema”, morena, com gosto de goiaba do beijo de Leonor. 
Na pele de personagens de cabarés, de noites sem fim, à meia luz. “Atrás da porta” de um “coração traiçoeiro” “descompassado de amor”. Bailei no salão entre valsas, tangos e boleros dos “sonhos mais lindos”, de falsos brilhantes, de “dois pra lá, dois pra cá” nos torturantes “band-aids” a esconder cicatrizes. “Tatuagens”,feridas de juras tão puras de “por toda a minha vida eu sei que vou te amar”.
Tornei-me arauto de causas, com a voz de uma “faca amolada”, “entre cantos e chibatas”; um “mestre-sala dos mares” ou, quem sabe, um “corsário” em busca do “cais”. Desbravei minha terra, da floresta ao sertão, como um “caçador de esmeraldas” garimpando sonhos; sonhos do “cavaleiro e os moinhos”, do “vento de maio” e da “rainha dos raios”. Com o “canto de Ossanha” lutei na tempestade “da noite do Brasil”, curei a dor da saudade de quem sonhava “com a volta do irmão Henfil”.
Por fim, “já com o pé nessa estrada” “sei que nada será como antes” e de “Pau e pedra, sei que é o fim do caminho”, dessa “Andança”, da “travessia”, no “verão vermelho” da vida, que chega antes das “águas de março”. E como quem quer falar com Deus, me disseram, porém, “que eu viesse aqui, pra pedir de Romaria e prece, paz nos desalentos”.
“Como eu não sei rezar”, peguei o “trem azul” com o “sol na cabeça” apenas para dizer: “Alô, Alô, Marciano”! 

E, enfim, assim como a grande“Dalva”, agora sou uma estrela!

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