“Simplesmente Elis. A Fábula de uma Voz na
Transversal do Tempo.”
Presidente – Darly Silva (Neguitão)
Carnavalescos – Alexandre Louzada , André Marins e Eduardo Caetano
Texto – Alexandre Louzada, com colaboração de Luiz Carlos Bruno
Presidente – Darly Silva (Neguitão)
Carnavalescos – Alexandre Louzada , André Marins e Eduardo Caetano
Texto – Alexandre Louzada, com colaboração de Luiz Carlos Bruno
Hoje eu quero lhe falar, meu grande
amor, “das coisas que aprendi nos discos”.
Pois nasci para a música, num choro, e
cantar se fez minha fala.
Uma fábula em melodia, uma letra,
poesia da vida que vivi.
Embora tenha sido “kamikaze” de tantos
riscos, eu arrisco.
Um rabisco na face, um sorriso que me
desenhou feliz.
Segui os passos... Uma “equilibrista na
corda bamba”;
“na batucada da vida” como o compasso
“em cada passo dessa linha”, para que, hoje, pudesse aqui revelar meu coração
em um “retrato em preto e branco”.
Na batida do samba da Vai-Vai que
define e me diz: “é com esse que eu vou desabafar na multidão”.
Sou a voz ainda viva, “na transversal
do tempo”.
Sou, simplesmente, Elis.
Surgi “como se fora brincadeira de
roda”, em um tempo e como o vento, ao sul de um lugar encantado. O Minuano que
sopra em espiral harmônica e que, da garganta, em notas e tons musicais, se
expande e emerge potente como um furacão.
Assim, soltei minha voz nas estradas,
arrebatando multidões como se embocasse uma flauta mágica e hipnótica, um instrumento
de “fascinação”.
Ardida em modo de ser, temperei a vida,
atrevida.
Com meus braços fortes lancei a rede
como em um “arrastão”, saciando a fome e a sede, sob “as bênçãos do Senhor do
Bonfim”.
“Onde jamais se viu tanto peixe,
pesquei o Brasil para mim.”
Cresci assim...
Quando se descerrou a cortina sob os
refletores mágicos que iluminaram a minha sina e fizeram a ribalta se abrir,
tal qual a rosa que desabrocha; do “blues”, da dor, da fossa, do “beco das
garrafas”, do tom que tanto bebi, eu cantei “O fino da bossa”, ao lado de um
amigo... Jair. Fiz-me popular ao traduzir Adoniran e seu português ardil, um
“tiro ao álvaro” certeiro no coração de um “Brasil que não conhece o
Brasil”.
Fui intensa, mulher de paixões e
sentimentos, heroína de tantas desventuras de amor demais.
“Dengosa” e “formosa”, “da cor do
pecado” e com perfume de flor.
Fui “Maria Maria”, “Madalena”, “Joana
Francesa”, e “mulheres de Atenas”, Helenas, e também “Iracema”, morena, com
gosto de goiaba do beijo de Leonor.
Na pele de personagens de cabarés, de
noites sem fim, à meia luz. “Atrás da porta” de um “coração traiçoeiro”
“descompassado de amor”. Bailei no salão entre valsas, tangos e boleros dos
“sonhos mais lindos”, de falsos brilhantes, de “dois pra lá, dois pra cá” nos torturantes
“band-aids” a esconder cicatrizes. “Tatuagens”,feridas de juras tão puras de
“por toda a minha vida eu sei que vou te amar”.
Tornei-me arauto de causas, com a voz
de uma “faca amolada”, “entre cantos e chibatas”; um “mestre-sala dos mares”
ou, quem sabe, um “corsário” em busca do “cais”. Desbravei minha terra, da
floresta ao sertão, como um “caçador de esmeraldas” garimpando sonhos; sonhos
do “cavaleiro e os moinhos”, do “vento de maio” e da “rainha dos raios”. Com o
“canto de Ossanha” lutei na tempestade “da noite do Brasil”, curei a dor da
saudade de quem sonhava “com a volta do irmão Henfil”.
Por fim, “já com o pé nessa estrada”
“sei que nada será como antes” e de “Pau e pedra, sei que é o fim do caminho”,
dessa “Andança”, da “travessia”, no “verão vermelho” da vida, que chega antes
das “águas de março”. E como quem quer falar com Deus, me disseram, porém, “que
eu viesse aqui, pra pedir de Romaria e prece, paz nos desalentos”.
“Como eu não sei rezar”, peguei o “trem
azul” com o “sol na cabeça” apenas para dizer: “Alô, Alô, Marciano”!
E, enfim, assim como a grande“Dalva”,
agora sou uma estrela!
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