“Por
Uma Ponte ao Som do Mar… Cidade Sorriso Vamos Navegar!”
S I N O P S E
Anauê! Anauê!
Chacoalham maracás xamãs da nação Tupi!
Anauê! Anauê!
Invocamos os espíritos da mata para o grande ritual de
carnaval.
Ouço da Intendente o som retumbante da animada batucada
Sensação clamando por meu nome para uma história contar. Ao despertar, começo a
sentir, de uma ponta a outra, zunirem flechas certeiras manchando de carmim as
águas do seio da “baía sinuosa”.
Imortalizado em bronze, sou o valoroso cacique
Arariboia, conhecido na minha tribo Terminonós como “Cobra da Tempestade”, por
minha valentia e determinação. Hoje agradeço a Tupã por ter minha bravura
perpetuada em estátua no chão do esplêndido lugar onde vivi o restante de meus
dias.
Firme e forte, aqui estou dia e noite, neste imponente
pedestal, sob os raios dourados do sol e da luz prateada do luar, na estação
das barcas da Cidade Sorriso, contemplando as águas da Guanabara, que tanto
lutei para proteger.
E esse meu olhar altivo rememora os tempos em que era
bravo guerreiro e, com braços fortes, defendia com os portugueses essa bela
região do ataque de invasores.
Para confrontar os meus inimigos Tamoios e expulsar os
franceses, eu trouxe de terras capixabas minha catequizada tribo de bravos.
Aliei-me aos lusitanos para nessa batalha sair vencedor e ser o primeiro herói
brasileiro na defesa do nosso território.
Com a debandada dos estrangeiros nesse combate, o
governo colonial construiu várias fortificações para resguardar outras
possíveis ameaças por mar. Os canhões adormecidos das fortalezas de Jurujuba
são testemunhos de um tempo em que era preciso resguardar a entrada litorânea.
Tempos de guerra em busca de paz, dos quais eu fui personagem.
Como recompensa por minha coragem e liderança nessa
peleja, recebi as solicitadas terras de “Banda d’Além, ao longo da água
salgada, pelo rio acima, caminho do norte e do nordeste uma légua”. E com minha
tribo aguerrida, fundei um pequeno arraial, a promissora aldeia de São Lourenço
dos Índios, que mais tarde se tornou a importante cidade de Niterói, a única do
Brasil fundada por um indígena, este que aqui se apresenta.
Minha vila cresceu e prosperou. Na entrada dessa
freguesia banhada por águas marinhas, foi fundado o primeiro estaleiro
nacional, alavancando a industrialização do nosso país com a construção naval.
E para diminuir a distância entre os dois lados dessa baía gigante, construíram
uma longa e monumental ponte de concreto.
O município que fundei como povoado já foi capital na
época das províncias e se desenvolveu tanto, que se transformou num fantástico
lugar para se viver. Já teve até cassino famoso e tem gente que vem de longe
para comprar peixes e frutos do mar fresquinhos no mais tradicional mercado na
Ponta D’Areia.
E que delícia é passear desfrutando a beleza de várias
áreas verdes preservadas, respirando ar puro, no saudável contato com a
natureza num dos maiores jardins públicos urbanos e no horto, com a mata nativa
da minha época resguardada.
Banhada por praias paradisíacas, quisera eu ainda me
banhar em seu mar como fiz outrora. E quem dera da conceituada universidade
participar, marcando a formação do progresso, cultivando na alma a flor da
cultura.
De rica arquitetura, um museu futurista que parece
flutuar constitui o símbolo moderno da minha cidade. Também muito me
impressiona o majestoso teatro em estilo neoclássico, retrato do bom gosto de
momentos áureos das diversas produções artísticas, onde o erudito e o popular
ainda convivem em harmonia.
Consigo imaginar os artistas desse teatro num
congraçamento jogarem confetes e serpentinas nos foliões da Viradouro, Cubango
e Sossego, as queridas escolas de samba niteroienses, que também participam
dessa grande homenagem carnavalesca.
Como é bom ver daqui de cima da minha morada eterna, com
muito orgulho, que hoje o Arranco abraça Niterói nessa festa de alegria,
fazendo um encantado ritual de muito brilho e esplendor, lembrando de mim,
exaltando a admirável história e as belezas naturais dessa metrópole bem-sucedida.
Ao avistar o falcão sobrevoando a passarela do samba, um
largo sorriso pode ser visto agora esculpido em meu intrépido semblante
tupiniquim ao aplaudir o Arranco a desfilar “por uma ponte ao som do mar,
Cidade Sorriso vamos navegar!”
Pesquisa, desenvolvimento e texto: Julio Cesar Farias
(Carnavalesco)
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