“Nas Asas do
Grande Pássaro, o Voo da Vila Maria ao Império do Sol”
Vento alísio que varre a
história e revira os grãos de areia de sua terra, hoje és brisa
leve que em sopros nos eleva além do teto do mundo, sobre a muralha
imponente dos picos nevados dos Andes, e faz abrir o portal da morada
de “Inti”, fogo ardente. Vento que se esvai e risca no ar uma
estrada em poesia a conduzir nas asas largas de um condor viajante o
samba da Vila Maria.
Viagem no tempo ao alvorecer
da América em eras distantes, visão nos olhos de um passado mítico
que nos conta que em certo dia o céu se derramou em lágrimas em um
pranto a transbordar. Eis a nascente do majestoso lago, embrião da
vida, de onde emergiu sua gente, do espelho d’água resplandecente,
o grandioso Império do Sol.
E a terra se inundou de luz
e fulgurou pelo chão de suas falésias, desertos e altiplanos,
iluminando o horizonte Chavín, Nazca, Paracas, Tiwanaku,
alastrando-se em civilizações e suas dinastias por tempos
imemoriais. De Caral a Cuzco, dos Mochicas ao esplendor dos Incas, do
sonhado “El Dorado” do “Senhor de Sipán”, a história
escrita de conquista, bravura e sangue do grande “Pachacutec”.
Sob a regência do arrebol,
essência, fecundou-se o solo. A fertilidade de “Mama Killa”
cobriu a terra com o manto verdejante da selva, correndo pelos fartos
vales e plácidas pastagens de onde brotaram grãos dourados e raízes
que foram alimento e tributo, dádiva de fartura e diversidade de
cores, aromas e sabores, temperando com “aji” o seu povo moreno.
Do mesmo ardor que
resplandece no firmamento se aqueceu a fé em divindades, orações
miscigenadas ao tempo, do saber “Quechua” e de Castela a acender
em tantos altares sagrados e “profanos”, nas celebrações
multifacetadas, de crenças e seus fervores, louvados sejam nas
danças e procissões que se erguem em seus andores.
E assim, a rica nação
peruana se formou, emblemática por sua ancestral cultura, enigmática
em sua indecifrável origem, que paira entre o céu e a terra, uma
nação que abraça orgulhosa suas raízes como elo perdido da gênese
da América. Um povo para sempre guerreiro que brilha na linha do
tempo e nas linhas da vida riscadas em seu chão, reluzindo no
silêncio mágico e místico que repousa nos monumentos que vez em
quando se revelam das entranhas da terra como testemunha de sua
glória.
Eis que ainda és o “El
Dorado” por tantas riquezas que ainda se escondem sob suas
montanhas, és imperial para sempre, iluminado de Sol e guardado pelo
fiel condor, o grande pássaro que hoje estende suas asas também
sobre nós, abraça duas nações, lá e cá em um mesmo carnaval,
aquecidas pelo mesmo astro no calor humano que nos permite ser,
inclusive, súditos desse imenso “Império do Sol”.
Alexandre
Louzada
Autor da Sinopse
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