“A FÉ QUE
EMERGE DAS ÁGUAS”
Pai Nosso que emerge das
águas
Santificado seja vosso nome:
Nazareno
Venha a nós neste momento
E abençoada seja vossa
chegada
Pai Nosso que emerge das
águas
Resplandecente como o
pássaro sagrado
Em teu altar a medalha de
ouro ofertamos
Para que traga a nós as
correntezas do Pacífico e do Atlântico
As águas, antes bravias,
contigo se acalmaram
E o povo, colérico, enfim
ficou curado
Pai Nosso que emerge das
águas
Evoca a memória de uma
terra que surgiu do fogo
Cessa a nuvem de pólvora
que exalou do ouro
Limpa as lágrimas do rio
que chora
E ergue o canal que une dois
mundos
Pai Nosso que emerge das
águas
Perdoai as ofensas daqueles
que não o entendem
Daqueles que não
compreendem que sua cor é negra
Um Cristo que carrega a cruz
das três raças
Pai branco, Pai índio, Pai
negro
Pai Nosso, seja kuna ou seja
banto
Na colheita ou no palenque
do guerreiro Bayano
Salve Obatalá Nosso Pai
Se Jesus Cristo tivesse
morrido na cruz dos dias de hoje
Ele seria negro
Porque nosso Cristo é o
Cristo Negro
Nosso Cristo é o que seu
povo quer que ele seja
Por isso, Pai Nosso que
emerge das águas
A memória de uma nação
celebrai hoje
E fazei com que Ismael tire
seu chapéu
Para uma gente que peregrina
Para uma gente que peleja
Uma gente que festeja
Uma gente que tem fé
Ouve, meu Pai, ao chamado em
Portobelo
Onde os tambores de Congo se
afinam
Os malandros se dobram
Os mascarados dançam
E as polleras bailam a
melodia
Pai Nosso, bendito e
misericordioso
Cristo de braços abertos
sobre as águas
Aquele que comparte o fardo
da nossa cruz diária
Ajuda-nos a mirar o passado
com gratidão
Encarar o presente com
valentia
E construir o futuro com
esperança
Ó, Cristo Nazareno Negrón
Nesta noite te oferecemos
flores em devoção
Que seja feita, aqui e aí,
a tua vontade
Assim na Terra como no céu:
Glória e prosperidade ao
Panamá
E alegria a nosso povo da
Estácio de Sá
Amém.
Carnavalesco: Tarcisio Zanon
Texto: Daniel Targueta
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