QUE REI SOU EU?
JUSTIFICATIVA:
No carnaval 2020, a Colorado do Brás levará para a avenida a
história de um rei.
Muito mais do que isso, levará a vida de um dos personagens
mais enigmáticos da história da humanidade. Nascido em meio à corte portuguesa,
colocado no trono aos 3 anos para defender a sua família, transformado em rei
aos 14 anos e morto por sua própria ambição aos 24 anos.
Uma breve vida, marcada por mistérios, lutas, sabedoria,
lendas, crenças, erros, acertos, loucura e sagacidade.
Religioso fervoroso, amante das artes, estrategista e
misterioso. Chamado de “O desejado”, “Capitão de Deus”, “Adormecido”.
E entre todas as suas faces: Dom Sebastião.
Sua história nunca terá um ponto final. Jamais saberemos o
que de fato aconteceu. Mas, em nosso desfile, escreveremos as folhas em branco
que não foram preenchidas nos livros de história.
Contaremos o que poucos sabem, desvendaremos seus segredos e
faremos de sua vida uma página na nossa história.
Faremos da sua lenda, um desfile.
E ninguém melhor para contá-la do que ele mesmo!
Saindo do seu castelo submerso nas praias do Maranhão, o rei
entrará em nosso desfile para contar a sua própria história.
SINOPSE:
Lisboa, Portugal – Muitos anos atrás.
Prazer a todos. Me chamo Sebastião, mas me chamem de Dom,
por favor. Afinal, sou um rei, independente do que falem por aí.
Minha história será contada da forma que eu quero, então,
não se prendam em datas ou marcos históricos. A cronologia será da minha
própria cabeça, afinal, a minha história é mais verdadeira quando contada por
mim mesmo.
Nasci em Lisboa, capital do meu Império. Meu pai, João
Manuel, na época era o príncipe de Portugal. Minha mãe, Joana de Áustria, além
de princesa do nosso país, também era arquiduquesa da Áustria.
Toda a minha família vivia em torno da coroa portuguesa e
meu nascimento foi marcado por diversas comemorações e bailes de festa. Não é
todo dia que nasce o herdeiro do trono português, não é mesmo?
Mas o que ninguém imaginava, é que em menos de 3 anos, meu avô e meu pai morreriam, e o trono ficaria nas mãos da minha avó,
Catarina de Áustria, que por medo de perder o Império, me colocou, com apenas 3
anos, para ser o novo rei de Portugal.
Cresci em meio ao poder da corte, mas assumi de fato o cargo
aos 14 anos, o que para muitos era cedo, mas eu sabia que era o momento.
Afinal, governar um país inteiro não deveria ser tão difícil assim. Finalmente eu
realizava meu sonho real: ter a coroa em minhas mãos, ou na minha cabeça.
Entre as minhas ideologias, com certeza a religiosa foi a
que mais guiou minhas decisões. E entre tantas histórias, a batalha de
Alcácer-Quibir foi a que mais marcou minha passagem na terra.
Depois de algumas empreitadas de sucesso em favor da minha
religião, fui procurado por um amigo: o sultão Mulei Maomé. Ele havia perdido o
trono do Marrocos para seu tio, Mulei Moluco e me pediu ajuda para que pudesse
recuperá-lo.
Na minha visão, aquela era a oportunidade de expandir o
cristianismo naquela região e poder pregar os meus ideais em terras tão
sagradas quanto as do Marrocos; além é claro, de explorar as riquezas naturais
daquele país. E para isso, juntei aliados. Fui atrás dos países que haviam me
ajudado em outras oportunidades, conversei com líderes italianos, alemães,
belgas, mouros e espanhóis. Partimos rumo à grande fortaleza: Marrocos.
Mas nada disso aconteceu... E o que eu planejei, não deu
certo. E tanto eu, quanto os dois sultões que disputavam o trono, nunca mais
fomos vistos – ou pelo menos, acham que não - e por isso essa batalha ficou
conhecida como a Batalha dos Três Reis.
Para muitos, eu morri, para outros, me escondi. Também dizem
que me prenderam, mas essa parte da história, eu deixo para contar daqui a
pouco.
Para entender os motivos que me levaram a invadir o
Marrocos, eu preciso explicar um pouco mais sobre os meus ideais.
E a primeira coisa é: Eu não fui um louco!
Isso eu garanto, por mais que muitos tenham dito isso de mim
por aí... Tudo que fiz, foi na minha plena consciência e na certeza dos meus
próprios ideais – acreditem em mim.
Dizem por aí que na época que fui rei, o movimento da
inquisição – a caça àqueles que não seguiam a minha religião – se tornou maior.
Confesso que, de fato, em alguns momentos eu não queria bruxas ou pagãos por
aí, mas na maioria, é meramente conversa de quem não gostava de mim.
Fui um dos principais financiadores do movimento jesuíta.
Aqueles bravos soldados espalharam muito do meu legado religioso por aí, e isso
é algo de que me orgulho. A catequização de muitos povos por meio das missões
foi de grande valor histórico para muitos países, já que eu sempre fui muito
devoto dos meus santos católicos.
E o meu nome? Vocês sabem o porquê? Claro, além do fato dos
meus pais terem um ótimo gosto, eles me deram esse nome porque nasci no dia de
São Sebastião. Ora, claro que minha fé vinha de algum lugar, e meu principal
santo padroeiro sempre foi São Sebastião.
Muitos dizem que a minha fé cristã foi o que me levou à
morte, mas eles se enganam, até porque, ninguém sabe como eu morri, não é
mesmo?
Muitos acreditam que foi na batalha do Marrocos, mas será
que foi mesmo?
Existem histórias de que eu estive escondido em diversos
lugares. Relatam que me viram na Índia, onde eu teria morado com monges. Muitos
dizem que fui morar no Vaticano, escondido no subsolo dos grandes templos, ou
até que morei em mosteiros.
Além disso, muitos sabem de pessoas que tentaram se passar
por mim – Mas será que não era eu mesmo?
Existe a história de um confeiteiro, que não sabia falar
português, que vinha do Madrigal, e se passou por mim. Esse realmente não era
eu, mas até que ele conseguiu enganar muita gente.
Mas com certeza, a história que mais deixa esses
historiadores intrigados é sobre o Prisioneiro de Veneza. Um homem, com
semblante absolutamente parecido com o meu, até com marcas no corpo iguais às
minhas, e que sabia absolutamente tudo sobre mim, e surgiu 20 anos depois do
meu sumiço. Ele chegou a ser agraciado com muitos benefícios, mas no fim acabou
sendo preso e condenado à pena de morte – mas pergunto de novo, será que não
era eu mesmo?
Aqui pelo Brasil eu também virei lenda. E quem diria que no
meio da guerra de Canudos, muitos dos viajantes que passaram na região diziam
que eu voltaria para restabelecer a monarquia e restaurar a ordem no sertão da
Bahia, que vivia em guerra naquele momento. E até o próprio Antônio Conselheiro
vivia dizendo por aí que eu tinha enviado presentes pessoalmente para ele, e
dizia ser meu amigo. Será?
Mas eu quis terminar essa história no Brasil, justamente
para responder a uma pergunta: Que rei sou eu?
Eu sou o rei que viverá para sempre aqui! Em terras
brasileiras, porque foi aqui que me encontrei. E para ser mais preciso, foi no
Maranhão, nos Lençóis Maranhenses. Ali onde até me casei com a lua. Ali que
dizem que reencarno como um touro negro. Ali onde tem um boi bumbá que se
inspirou na minha lenda – e usa uma estrela dourada na testa para representar a
estrela do Marrocos, lugar que eu sempre quis conquistar.
E todas as vezes que as ondas encostam nas areias das praias
maranhenses, uma certeza sempre existirá – ali estou eu.
Naquelas águas, um dia, acharão o meu castelo submerso, onde
escolhi morar pela eternidade. E onde estarei para sempre.
E quando vierem me visitar, me tragam uma água de coco e
óculos escuros para que eu possa tomar um sol... Afinal, eu ainda sou um rei,
não é mesmo?
Viva o Brasil
Viva o Maranhão
Viva Dom Sebastião
Viva a Colorado do Brás
SETORIZAÇÃO:
1º SETOR
Abordará as 3 fases do rei e sua coroação – onde ele foi
colocado no cargo de rei aos 3 anos, devido à sedução de poder da sua família
para não perder o posto. Assumiu aos 14 e morreu aos 24. A coroa portuguesa e
os momentos do Dom Sebastião são o foco principal do setor.
2º SETOR
Neste setor, falaremos do recrutamento de Dom Sebastião para
a grande guerra do Marrocos. Os países que aderiram ao movimento sebastiano e à
guerra em si serão os temas do setor. A grande batalha é o foco principal deste
momento do enredo.
3º SETOR
Aqui, abordaremos a questão da fé na vida de Dom Sebastião.
Extremamente católico, foi mentor de diversos movimentos de expansão do
catolicismo na Europa, como a inquisição – onde foi taxado de louco por muitos.
Mas também falaremos da devoção dele pelos seus santos, além da força da sua fé
e principalmente a relação dele com São Sebastião, santo que tem comemoração no
mesmo dia do seu nascimento.
4º SETOR
Aqui, falaremos dos supostos paradeiros de Dom Sebastião
após a sua possível morte. Os mistérios onde diziam que ele havia se escondido
e também das pessoas que se passaram por ele. O grande esconderijo de Veneza é
ponto chave do setor.
5º SETOR
Neste setor, abordaremos a ligação dele com o Brasil. A
questão de Antônio Conselheiro que se dizia amigo pessoal de Dom Sebastião, a
Guerra de Canudos, as lendas do Maranhão e o grande palácio submerso nas águas
maranhenses.
Leonardo Catta Preta
Carnavalesco - G.R.E.S. Colorado do Brás
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