segunda-feira, 17 de junho de 2019

GRES VISITA FOFOQUEIRA (RIO DE JANEIRO/RJ)

“Letras Negras em Páginas Brancas – Um Relato Sobre a Imprensa Preta no Brasil”


Sinopse

Reconhecendo a importância na sociedade brasileira, o G. R. E. S. Visita Fofoqueira vai a fundo na história da Imprensa Brasileira para encontrar as letras que registraram relatos e notícias de valorosos Negros de todos os Gêneros.
A história das letras pretas começa cobertas de sangue, Tratados Palacianos Europeus e Bulas Papais Romanas, teciam relatos tristes e estabeleciam acordos pouco respeitosos aos ancestrais Africanos. Iniciava-se o terror do Tráfico Negreiro. Anotados, contados, medidos, amontoados assim chegaram os Africanos relatados em Registros de Escravizados e Certidões de Batismos. Triste era o tempo que a cor preta das letras prevalecia sobre o branco do papel apenas para fazer o branco se sobressair. Contudo 3 mulheres, uma trans e duas six, mudaram este panorama.
Chica Manicongo a trans sexual Negra que fez prevalecer sua identidade de gênero em meados do século XVII, no Brasil Colônia, tornou-se notícia nos apavorados comunicados paroquiais enviados à Catedral da Bahia quanto nos mexericos de bilhete que acusavam seu escravizador, que era artesão sapateiro, de sodomia.
Já a cantora lírica Joaquina Lapinha e a Rainha das Diamantinas Chica da Silva, fizeram seus nomes circular pelos informes e cartas enviadas à corte. Elas seriam hoje que nós chamaríamos de celebridades internacionais. Mas os negros apenas eram relatados não tinham voz, tão pouco acesso as letras formais.
Letras libertárias surgiram entre os que com muito custo conseguiram aprender a escrever, cartas, mapas, recados escondidos, unificaram forças e conclamaram revoltas, formaram quilombos, se as mãos brancas autorizavam a “liberdade” com leis e alforrias, redigiam denúncias e já contavam sua própria história.
Em 06 de setembro de 1770, Esperança Garcia, considerada a primeira advogada do Piauí, envia ao Governador da Capitania de São José do Piauí, uma carta-petição denunciando os maus tratos que sofria junto a sua família.
O século XIX foi o berço da imprensa preta propriamente dita, a começar pelo pasquim O homem de Cor que em sua primeira edição 1833 já questionava o não acesso de pessoas pretas a cargos públicos e postos militares de comando. Graças ao Tipógrafo e Jornalista Francisco de Paula Brito, que este feito foi possível. Depois por todo o país surgiram jornais pretos. O Homem: Realidade Constitucional ou Dissolução Social, Recife (PE) em 1876; Orgam dos Homens de Côr, de São Paulo (SP) em 1889; O Exemplo, Porto Alegre (RS) 1892. Nomes como Antonio Pereira Rebouças, Machado de Assis, Luiz Gama, José do Patrocínio entre outros fizeram mais retintas as letras da Imprensa Brasileira, ramificando-se por outros campos da escrita como a literatura e a dramaturgia.
O povo ganha voz e exprime suas ideias nas páginas dos pasquins, faz notícia, vira notícia e vende notícia, os jornaleiros que gritam pelas esquinas que se abrem com o século XX, a Belle Epoque era de modernidades como popularização fotografia, faz surgir figuras como João do Rio, homem preto, sofisticado, dânde de salões, cronista da agitada vida carioca. As letras pretas ditam moda e anunciam espetáculos, dava-se o início das colunas sociais e crônicas da vida cotidiana.
A partir década de 20 o samba ganha as páginas dos jornais, junto com os ranchos e corsos carnavalescos. As escolas de sambas são imortalizadas nas capas de jornais e revistas. O samba viaja de boca em boca pelo telefone e nas ondas do rádio. Tem negro estampando nas colunas de cultura.
Chega a televisão, mais um espaço a ser conquistado…
Os manifestos das mentes pensantes do Teatro Experimental do Negro montam a boca de cena perfeita para fazer surgir Mercedes Baptista, a primeira bailarina negra do Teatro Municipal do Rio de janeiro, Haroldo Costa grande jornalista, ator e cronista de carnaval e o Grande Líder Abdias Nascimento assume espaço, mas a luta contra o preconceito ainda é grande mesmo uma renomada Jornalista como Glória Maria no exercício de sua função, sente latente o peso da discriminação.
Novos movimentos culturais e problemas sociais colocam o negro na capa dos jornais. A favela grita, chora, conta, é noticia! A segregação as Páginas Policiais colocam mais uma barreira a ser vencida pelo povo preto. Temos aí o preto-tragédia, encerrado em páginas e cenas de crueldade e sensacionalismo, chacinas, descaso.
Em resposta a essa triste realidade, o preto responde com talento dourado refletido nas medalhas e taças conquistadas em várias modalidades do esporte.
Hoje conquistou-se mais espaços e temos âncora do maior telejornal do país, Heraldo Pereira e Maju Coutinho, além do também renomado Abel Neto, Joyce Ribeiro, Luciana Barreto, Adriana Couto, e a jovem Valéria Almeida.
Com o advento da internet fez muitos coletivos e jornalistas independentes pretos ganharam espaço nas mídias.
Ainda há um longo caminho a ser percorrido em busca da igualdade de direitos e oportunidades, mas nas páginas da história do nosso Brasil sempre estarão grafadas as retintas letras pretas sobre páginas brancas, que relataram a história da imprensa negra no Brasil.

Vinicius Osayin, Carnavalesco

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