17 DE JULHO DE 2017
NOTA OFICIAL DO CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA SOBRE O
CARNAVAL
O Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Sul –
reunido no dia 13 de julho de 2017, depois de analisar detidamente os graves
acontecimentos que envolvem a cultura do carnaval no Estado – vem tornar
pública sua posição acerca do tema.
O Conselho Estadual de Cultura entende que as entidades
carnavalescas possuem relevante dimensão cultural, inclusive para aqueles que
afirmam que o carnaval representa “uma despesa ao erário público” e que sua não
realização levará mais dinheiro para a saúde, ignorando que a prevenção a
muitas patologias mentais e fisiológicas se dá exatamente por meio da
canalização da energia dos seres humanos que vivem à margem de todos os
processos de riqueza ou distribuição de renda; nestes tempos de crises nos
últimos anos tem sido ignorado o esforço de tantos que passam tanto tempo
construindo alegorias, fantasias, ritmos e bailados identificados com suas
histórias seus mitos e ideais;
O Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Sul
entende que o carnaval é o agente da cidadania e não objeto. Logo os
carnavalescos possuem direitos a ter direitos respeitados. Os bastidores em
termos do trabalho nas oficinas de arte por meio de ferreiros, carpinteiros,
marceneiros, aderecistas, alegoristas, figurinistas, pintores, bordadeiras, desenhistas,
costureiras, iluminadores, sapateiros, soldadores, eletricistas, escultores de
isopor e de espuma, chapeleiros, secretarias, telefonistas, grafiteiros,
engenheiros e arquitetos. Sem contar cozinheiras e auxiliares de serviços
gerais. Nas quadras (lugar de ensaio) há bilheteiros, seguranças, garçons,
copeiros, cantores, instrumentistas e recepcionistas, são atores e atrizes
componentes culturais que por princípios agem em defesa e respeito ao bem maior
deste patrimônio imaterial;
Nesta perspectiva, o Conselho Estadual de Cultura do Rio
Grande do Sul não pode se omitir frente a este grave acontecimento, mormente no
que concerne à gestão democrática da politica cultural que deve sim ser
incentivada para proporcionar o acesso da população de forma ativa e criativa,
propõe que:
(1) O samba patrimônio imaterial da humanidade praticado
pelas Escolas de Samba seja respeitado no âmbito de todo o Estado do Rio Grande
do Sul.
(2) Áreas ocupadas por Escolas de Samba sejam declaradas
pelos Executivos Municipais como sede de Centros Culturais do Samba, com
intuito de garantir a permanência das escolas em seus locais.
"Os cientistas dizem que os humanos são feitos de
átomos, mas um passarinho contou que somos feitos de histórias." (Eduardo
Galeano)
Antônio Carlos Côrtes
Presidente do Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande
do Sul
http://cmcpoa.blogspot.com.br/2017/07/nota-oficial-do-conselho-estadual-de.html
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