segunda-feira, 30 de agosto de 2021

GRCES IMPÉRIO DE CHARITAS (NITERÓI/RJ)

 Sinopse enredo 2022

Império Canta o Império: O Bicentenário da Independência do Brasil

Carnavalesco: Eliezer Rodrigues

Pesquisa e enredo: João Perigo e Eliezer Rodrigues


JUSTIFICATIVA

Como esquecer os clarins retumbantes, os sinos badalando e as salvas de canhões por toda a cidade? O desvairado regente fez-se imperador contra as ordens portuguesas, uniu um país menino sob o fio de sua espada, reluzente sobre o riacho. A farda de gala unia-se às brancas crinas de alazões, testemunhas ocultas do grito que ecoou estremecendo a serra ao libertar a nação. Brado que guiou as mãos do francês ao criar nosso símbolo maior, com o verde das matas, o amarelo do ouro e o azul do céu. Se essa é a história que te contaram na escola, lamento informar... As coisas não foram bem assim. Hoje o Império de Charitas vem cantar a história não contada do bicentenário da independência do Brasil.


RESUMO HISTÓRICO

A primeira década do século XIX foi intensamente marcada na Europa pela expansão Napoleônica. Com Portugal não haveria de ser diferente. Os imbróglios, franco-ingleses levaram os lusitanos ao limite, culminando na fuga da corte real da Europa para seus domínios ultramarinos.

Entre os milhares de fugitivos encontrava-se um de nossos personagens principais, o príncipe Pedro, filho do então regente do trono português, d. João. Ainda jovem, com apenas 10 anos, aportou no Brasil com sua família, estabelecendo-se na cidade do Rio de Janeiro, que futuramente se tornaria a capital de todo Reino Unido.

Anos depois, após a derrocada do imperador francês, as pressões para o retorno do, já aclamado, Rei d. João VI se intensificaram. Porém, o monarca, temendo restrições a sua autonomia, postergou enquanto pôde o reencontro com sua terra natal.

Nesse ínterim, começaram as buscas por uma esposa para o sucessor do trono, o príncipe Pedro. As buscas por damas de linhagens nobres e de educação ímpar encontrou na arquiduquesa Austríaca a candidata perfeita. O marquês de Marialva, homem de confiança da coroa, foi o responsável pelos arranjos e presentes relacionados ao casamento. Dentre o que foi enviado à noiva constava um riquíssimo medalhão ornado com um retrato de seu pretendente, pelo qual de pronto se apaixonou. Não se pouparam esforços para a realização da cerimônia, que mesmo efetuada por procuração, mostrou requinte e opulência nunca antes vista pela nobreza do velho mundo.

Após ceder às pressões e retornar a Portugal, d. João deixa como regente do

Brasil seu filho Pedro. Ao partir, limpou os cofres da coroa e instaurou uma crise financeira praticamente irremediável para o jovem regente gerenciar. A fim de sanar as inquietações e levantes e garantir a unidade territorial, o regente parte em uma série de viagens a diferentes províncias a fim de fortalecer seu apoio. Ao passo que Pedro tentava com todos os recursos a unidade, a coroa portuguesa exigia seu retorno imediato a Lisboa. Exigência que repetidas vezes foi ignorada.

Durante uma viagem a São Paulo, em 1822, o Rio de Janeiro, sob a regência da Princesa Leopoldina, recebe um ultimato português exigindo o imediato retorno do príncipe. Com Pedro distante e sem possibilidade de comunicação, a princesa, juntamente com José Bonifácio, reúne o Conselho de Estado e decide pela separação entre Brasil e Portugal.

Dias depois, às margens do Rio Ipiranga, ainda na província de São Paulo, a comitiva do príncipe recebe as cartas informando dos últimos acontecimentos:

“Pedro, o Brasil está como um vulcão. Até no paço há revolucionários. Até oficiais das tropas são revolucionários. As Cortes Portuguesas ordenam vossa partida imediata, ameaçam-vos e humilham-vos. O Conselho de Estado aconselha-vos para ficar. Meu coração de mulher e de esposa prevê desgraças, se partirmos agora para Lisboa. Sabemos bem o que tem sofrido nossos pais. O rei e a rainha de Portugal não são mais reis, não governam mais, são governados pelo despotismo das Cortes que perseguem e humilham os soberanos a quem devem respeito. Chamberlain vos contará tudo o que sucede em Lisboa. O Brasil será em vossas mãos um grande país. O Brasil vos quer para seu monarca. Com o vosso apoio ou sem o vosso apoio ele fará a sua separação. O pomo está maduro, colhei-o já, senão apodrece. Ainda é tempo de ouvirdes o conselho de um sábio que conheceu todas as cortes da Europa, que, além de vosso ministro fiel, é o maior de vossos amigos. Ouvi o conselho de vosso ministro, se não quiserdes ouvir o de vossa amiga. Pedro, o momento é o mais importante de vossa vida. Já dissestes aqui o que ireis fazer em São Paulo. Fazei, pois. Tereis o apoio do Brasil inteiro e, contra a vontade do povo brasileiro, os soldados portugueses que aqui estão nada podem fazer. Leopoldina”.

Mesmo com o decreto assinado, a resolução precisava do aceite do príncipe para ter validade. Nesse momento, Pedro, ainda afetado pela disenteria que o assolava durante a viagem, viu que a situação era irremediável. Declarou naquele momento, para os poucos membros de sua comitiva, montados em lombos de mulas, que o Brasil tornara-se uma nação independente. Mulas? Sim, mulas. Os garbosos cavalos brancos dos livros da escola não aguentariam a viagem dura entre Rio de Janeiro e São Paulo. As mãos do pintor Pedro Américo deram um tom épico ao evento, que, se muito, podemos retratar como simplório. A recriação histórica mitificada criou uma visão romântica do grito do Ipiranga, porém unilateral. Esqueceu-se de d. Leopoldina, nossa primeira Imperatriz, primeira mulher a governar o país e peça fundamental em nossa independência. O verde e o amarelo de nossa bandeira perderam sua identidade. Hoje são as matas e o ouro. Outrora foram inspirações de Debret no verde dos Bragança e amarelo dos Habsburgo.

SINOPSE

Hoje o samba vem reverenciar quem se fez brasileiro mesmo antes do nosso país. Quem merece seu lugar à luz da história. Hoje o Império de Charitas une o verde a seu amarelo para cantar a Independência do Brasil.

Viaja no azul do mar que conduziu o pequeno príncipe às vistosas terras do sul. Pelos traços da princesa, que apaixonada por seu medalhão casou-se por procuração e atravessou o Atlântico em busca do amor. Não vamos de volta ao velho mundo, como fez o Rei que enganou Napoleão. Ficaremos com Pedro, com Maria, com o povo!

"Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico." Dizem que Pedro falou... São os mesmos que contam das fardas alinhadas e da espada em punho quando o brado ecoou.

Olhos que retrataram o que não viram e deixaram de enxergar o que estava em sua frente. Os rabos de saia, as marquesas de Santos do pau oco. Um homem de carne e osso.

Largaram a princesa, Imperatriz, às margens da história, num futuro feito passado, sem glória, sozinha ao lado do Imperador.

Brasil, é hora de conhecer sua verdadeira história. Deixar a estória de lado e encarar seu destino. Menino, gigante, acorda que é hora de ser quem sempre sonhou. É chegado o momento de questionarmos: Será que nesses 200 anos realmente nos tornamos independentes? Talvez não sejamos mais colônia, mas ainda nos falte um brio independente. Orgulho da pele vermelha e da negritude que nos formaram, que nos tornaram, acima de um país, uma nação. Acorda Brasil e verás que um filho teu não foge à luta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

● REZZUTTI, Paulo. D. Leopoldina: a história não contada: a mulher que arquitetou a

independência do Brasil. Leya, 2017.

● REZZUTTI, Paulo. D. Pedro-A história não contada: O homem revelado por cartas e

documentos inéditos. Leya, 2015.

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