80 Anos do Dikamba da Vila
Mensagem ao poeta perucheano:
“Celebra o dikamba Martinho em forma de samba!
Celebra em letra, melodia e síncope
Celebra…”
I
“Aquece o couro do tambor!
Escuta o toque primordial, vigoroso, forte como o
trovão!
Percute o grito místico do animal na escuridão da mata
Amplifica o estampido intenso no espaço sem fim…
Canta os sons de África e Brasil, irmãos unidos em
cantos, danças e requebros
Revela as origens de povos que se reconhecem nos sons
tribais
Faz tremer as ancas das negras, agita os corpos dos
guerreiros em transe
Espalha no ar a energia dos povos de raiz
Festeja, ritualiza, enfeitiça!
Evoca os deuses de dois mundos!
Irmana os dikambas de África! Irmana os irmãos da
América!
Irmana Angola! Irmana Pindorama”
II
“Joga as sementes da música ao vento!
Capta os sons que brotaram na cuca do menino Martinho!
Ouve o farfalhar das folhas dos cafezais de Duas Barras
Festeja em folguedos, em cirandas…
Ponteia violas, folia com os reis!
Bate na palma da mão uma canção calangueada
Reza pra São Benedito, reza pra Nossa Senhora da
Conceição…
Caminha com os devotos em procissão
Irmana em ladainhas! Irmana em terreiros!
Irmana em lavouras! Irmana em louvores”
III
“Vem com o dikamba ao berço do Samba!
Ouve a melodia que vem do trinar do Bando de Tangarás
Seduz um novo amor à luz da lua
Cantarola em bom tom um laraiá-laiá
Desliza entre as partituras gravadas nas calçadas de uma
Vila musical
Respira o ar que se espalha das ramas dos oitis do Boulevard
Puxa uma cadeira, bebe com os boêmios…
Une asfalto e favela
Irmana o poeta! Irmana a princesa!
Irmana Noel! Irmana Isabel”
IV
“Cruza fronteiras
Viaja pelo mundo de língua portuguesa!
Redescobre com Martinho os traços que nos unem
Desfila pelos mares em uma nau de versos livres
Desembarca trocando alegrias
Colore os lusófonos de negritude
Escreve a poesia dos muitos cantares da nossa língua
Irradia arte pelos novos mundos, chê menino!
Irmana as vozes lusitanas! Irmana saberes!
Irmana as terras lusófonas! Irmana a Terra…”
V
“Vem cantar mais um samba-enredo na Avenida
Exalta o sambista de 80 fevereiros
Baila com a porta-bandeira e beija o pavilhão
alviceleste
Revive um Carnaval de Ilusões
Canta as glórias do passado e propaga a liberdade
Louva as raízes da nossa gente
Colhe felicidade na festança do arraiá
Revela, enfim, que a beleza é a missão de todo artista
Sê tu artista também! Sê música!
Sê Martinho!
Irmana o samba! Irmana a Avenida!
Emana Energia!
Celebra Dikamba!
Celebra…
Axé”
Carnavalesco: Mauro Quintaes
Texto: João Gustavo Melo
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