“Peça
É Gente no Tabuleiro da Intendente”
S I N O P S E
O céu todo estrelado já via o brilho da lua lá no alto,
e fazia nosso pequeno menino se sentir ainda menor, diante de tanta imensidão.
Seu quarto é o seu mundo e seu mundo é de infinita fantasia. Brincou, brincou,
brincou e cansou. Será? Cansou nada. Cabeça de guri nunca para de girar. Sono
ingênuo, mas sempre criativo, como dados mágicos e teimosos querendo mais e
mais.
Deitou a cabeça no travesseiro. Seus olhos iam se
fechando devagar, “inocente mente” se entregando ao aconchego dos sonhos,
quando escuta uma voz baixinha: “Acorda menino… ainda temos o que fazer e não é
hora de dormir. Volte com a gente!”
Cauteloso e já assustado, se levantou lentamente,
tentando descobrir de onde vinha aquele curioso chamado. Que medo! Mas ao olhar
ao redor… decepção. Tudo estava quieto, na mais absoluta (des)ordem, bagunça
boa de um dia moleque que insiste em continuar. A voz soou novamente: “Tire-nos
daqui imediatamente! Seu rei e sua rainha o ordenam!”.
O menino percebeu que a ordem partia do seu jogo de
xadrez. Rapidamente retirou todas as peças da caixa e… surpresa! Elas tinham
vida! O rei e a rainha pareciam liderar uma grande movimentação. Aos montes, se
espalharam pelo quarto cavalos, torres, bispos, peões. As altezas decretaram:
“Libertem todos!”. Era como mais uma rodada, mais uma vitória. As peças estavam
lá espalhadas pelo quarto, como se aguardassem a próxima jogada. “Vem com a
gente, criança!”.
E ele foi, extasiado por se juntar à cavalaria que se
dirigia para mais uma batalha em busca de novas aventuras. No tabuleiro de
ludo, desbravou reinos coloridos, e passando de casa em casa venceu mais um
desafio. De repente o colorido deu lugar ao preto e branco, e elegantes damas
da corte surgiram para formar um baile real, transformando o desarrumado quarto
num requintado palácio.
Ao longo da noite, as belas senhoras foram
desaparecendo, até que só restou uma. Mistério no ar. Pois o pequeno gaiato
logo virou detetive, começou a revirar pistas e procurar evidências. As
investigações se aprofundaram: “Vejam as digitais no castiçal, pode ter algo
ali”. O perfil do criminoso ainda não foi encontrado. “Precisamos de um retrato
falado. Quero imagem e quero ação!”. Mas teria o malfeitor se disfarçado?
Estaria ele de chapéu ou usando um bigode falso? Qual será sua cara? Qual cara
será a sua?
Uma intensa explosão interrompeu a apuração policial e o
pequeno atrevido passou a ser soldado. Travesseiros no chão se tornaram
trincheira e uma grande guerra começou. Já não existiam mais reinos, e sim
territórios. Diferentes cores se misturavam, e os exércitos lutavam bravamente
para um novo objetivo alcançar. Conquistar o mundo! A batalha se intensificava
a cada momento, por terra e por mar. Cama virava porta-avião, tapete se
transformava em oceano e, no fim, mais um combate vencido.
Valente menino, foi reconhecido e condecorado por sua
bravura, e em seus devaneios pode ser tão rico quanto quiser. As cédulas se
esparramam, bem como suas casinhas nos mais diversos cantos da cidade. Quer ser
adulto, ir ao banco, casar, ter filhos. A vida é um grande jogo que pode ser
decidido inocentemente num simples golpe de sorte (ou azar).
Bendito seja o dado que, numa combinação improvável, o
faz ser o que quiser. Faz vencer qualquer desafio e superar qualquer obstáculo.
Ampulheta mágica onde o último grão de areia é eternidade. Passatempo que leva
aos mais longínquos lugares, o transforma em qualquer personagem, mas que
sempre o deixa no mesmo lugar e no mesmo papel… Criança. De 8 a 80, criança.
Feliz, imaginativa e sonhadora. Sonho bom que não tem começo e nem fim. Que
mistura verdade e ilusão e no despertar dos primeiros raios de um novo dia
sugere uma inquietante pergunta: “Isso tudo foi real?”. Será que foi? Role os
dados, vire a próxima carta, ande mais uma casa e quem sabe no fim de mais uma
jogada a resposta vem? Oba, seis e seis, acho que ganhei outra vez…
Texto: Daniel Guimarães e Renata Bulcão
Thiago Santos, Daniel Guimarães e Renata Bulcão
Comissão de Carnaval
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