Enredo 2017
Mô Quirido... Aqui É o Meu Lugar!
JUSTIFICATIVA
A
Ilha de santa Catarina traz, junto com sua história, as lendas de um lugar
encantado e misterioso. São lendas que falam de reuniões de bruxas, bruxas que
atacam pescadores, que roubam barcos. Bruxas que bailam dentro de tarrafas de
pescaria e de vassouras bruxólicas. Essa é a Ilha de Cascaes... A ilha dos
Mitos e mitologias. Uma terra que enfeitiça seus visitantes. E por isso muitos
aqui voltam sempre e outros permanecem para viver.
Foi
por conta do feitiço da Ilha que um certo malandro carioca, veio de visita e
acabou ficando para sempre. Talvez ele tenha sido “encantado” por uma de nossas
bruxas! Talvez ele tenha até se apaixonado por uma delas. São histórias que o
povo conta.
E
é assim que a nossa história começa. A partir da vinda de uma grande empresa (a
ELETROSUL) do Rio de Janeiro para Florianópolis, e dos novos moradores vindo da
terra do samba, uma embaixada foi criada para recepcionar todos os sambistas,
oriundos do Rio de Janeiro e de outros Estados da federação. Assim a Embaixada
virou Consulado.
Com a reunião de tantos bambas surgiu o então Bloco
Carnavalesco Consulado fundado em 1976, transformou as antigas rodas de samba
promovidas com o intuito de matar a saudade da terra natal, no Bloco
Carnavalesco Consulado, foram dez anos desfilando e conquistando todos os
títulos de campeão.
Então o pessoal da cidade
maravilhosa, os cariocas como os manezinhos tratavam, foram todos enfeitiçados
pela magia da nossa Ilha, assim como aquele malandro que veio visitar e ficou
por aqui. Da Ilha queriam descobrir todos os segredos. Era nos bate papos de samba
e futebol regados a cerveja e os petiscos de frutos no mar, que eram a marca
dos encontros. Eis que uma grande amizade nasceu.
Nestes encontros, entre as dúvidas e
diversas perguntas que o grupo carioca faziam, nosso Malandro Sambista com
parceria do típico Manezinho da Ilha, farão uma viagem pela história da nossa
gente e o nossa casa. E mostrar a todos os encantos e “causos” do nosso lugar!
O Bairro Saco dos Limões. Mostrar a nossa gente é mostrar o que é “ser
manezinho da Ilha”. Manezinho do Caeira...
Vamos de braços dados com o Carioca e o Mané. Com samba
no pé e tarrafa na mão. Festejar os 40 anos de Fundação do Consulado e viajar
por nosso bairro dizendo com orgulho: Aqui é o meu lugar.
ENREDO
“Certo dia um jovem sambista que
trazia consigo seu pandeiro inseparável, (instrumento musical que se tornou
símbolo do Consulado) vindo lá das bandas do Rio de Janeiro, veio conhecer a
nossa Ilha. Ver se a terra era boa pra trazer uma grande empresa pra região.
Conheceu a cidade, percorreu ruas e vielas. Se encantou com a paisagem, com as
construções históricas e principalmente com as pessoas...
A noite chega e a lua parecia gigante
do ponto que ele a avistava. Era noite de lua cheia na Ilha da Magia. Noite
propicia para se apaixonar ou até mesmo enfeitiçar.
Povoado de criaturas fantásticas,
entre as quais se destacam as bruxas, o imaginário ilhéu fascina por sua
mística peculiar. Na Ilha eram frequentes as cantorias e os causos contados de
pai para filho, em meio ao trabalho, sendo os preferidos aqueles capazes de
provocar grande pavor, aterrorizantes de arrepiar até a alma. Foram nessas
histórias que surgiram os mistérios provocados por seres fantásticos, tais como
as bruxas, lobisomens, boitatás... Esses mitos alimentavam o cotidiano popular,
que traduz perfeitamente sua maneira de amar, pensar e sofrer.
O jovem carioca conheceu então as
obras de Franklin Cascaes e os causos de bruxas e suas estripulias através da
obra dele. O grande acervo deixado por Franklin dá-nos a certeza de que ele foi
um dos maiores defensores da tradição popular ilhoa. Na sua paciente pesquisa,
desenvolvida ao longo de trinta anos, conseguiu salvar a memória da cultura
popular da Ilha de Santa Catarina.
O que ele não imaginava era que teria
uma experiência viva com essa magia bruxólica. Seria sonho ou realidade? Não se
sabe. Mas foi um encontro de culturas surreal.
Enfeitiçado pela Ilha, o Jovem
sambista não quer mais voltar para as terras da Guanabara, e manda notícia para
o povo de lá dizendo que a terra aqui também é maravilhosa. Pouco tempo depois
a Grande empresa se firmava em solo catarinense trazendo consigo mais alguns
cariocas. Sentido saudade do samba, o grupo cria um bloco carnavalesco
intitulado Consulado do Samba. O nome Consulado se deu por conta da comitiva ou
embaixada organizada para receber o grupo na Ilha, como bloco teve suas rodas
de sambas na Elase – Associação dos Empregados da Eletrosul, no tradicional Bar
do Tênis e Galpão Umbu, já após a fundação da Escola estabeleceu sua sede no
Bairro do Saco dos Limões no Clube Ipiranga. Ao chegar no Caeira despontou para
o sucesso. Virando Escola de Samba 10 anos após sua fundação como bloco. Já são
40 anos de histórias e vitórias...
‘Céu de estrelas garoando, pelas ruas vão passando,
personagens, nossa história...’ mas essa história a gente conta depois, antes
vamos conhecer o lugar que serve de morada para a nossa folia. Descobrir o
nosso lugar e fazer dele o tema para o nosso carnaval. A bruxa foi pro Sabá
enquanto o Malandro vai cair no samba!
Podemos dizer que o nosso Bairro do
Saco dos Limões encontra-se em uma posição privilegiada aqui na Ilha, pois
fica, basicamente, no entorno do Morro da Cruz devido a sua proximidade entre o
centro da cidade e a Universidade Federal de Santa Catarina. Poderíamos até pensar
que por conta disso seria uma região movimentada, mas o Saco dos Limões
destaca-se por seu aspecto residencial. Aqui é tranquilo meus amigos
Mas meu querido, por que o lugar se
chama O Saco dos Limões? Perguntou o carioca. O manezinho respondeu: Oió, tás
tolo? Deixa que eu já te conto o raparigo nervoso!
O lugar tem esse nome por conta de
sua configuração geográfica e também por uma de suas características mais
marcantes. São chamados de “saco” os recortes da linha costeira que dão origem
às pequenas baías. Já os tais limões chamavam a atenção dos tripulantes das
embarcações que eventualmente passavam pela Ilha de Santa Catarina, uma vez que
o suco do limão ajudava no combate ao escorbuto. Dizem até que os limoeiros
foram plantados por aqui pelas tais bruxas da Ilha! A fim de atrair os
navegantes e deles se aproveitarem do corpo e da alma... Se é verdade eu não
sei. Mas que eu acredito eu acredito!
Pois segundo Cascaes, é a fé,
longínqua dos tempos, aliada a superstição, ao medo e ao amor pela conservação
do corpo físico, na cura dos males que atacam o homem em franca vivência
espiritual e física com o seu Deus. E as bruxas se aproveitam
Foi no fim do século XVIII que
começou a ocupação da região e, já nessa época, teve início o cultivo dos
famosos limões, de laranjas e também de café. Contudo, boa parte dessa produção
era voltada à subsistência. Somente ao longo do século seguinte é que o Saco
dos Limões encontraria suas principais vocações em termos econômicos: a pesca
(especialmente do camarão), a extração do berbigão, a criação de gado leiteiro
e a produção de cal. Olha o cal aí pra explicar o nome Caeira! Afinal... ‘Lá do
Caeira eu vim o bitatá eu vi! No céu a voar...’
Descrito por muito tempo como um bairro rural, já que
era composto por pequenas casas e grandes chácaras. Inclusive, algumas dessas
chácaras eram as residências de verão de membros da elite da cidade. Segundo
Virgílio Várzea, as relações familiares eram bastante significativas e os
moradores do bairro tinham um gosto especial pelos bailes e pelos festejos
tradicionais da cidade.
E foi a partir da década de 1930, que
a região começou a passar por mudanças significativas. Com a eleição de Nereu
Ramos para o governo do Estado, em 1932, o Saco dos Limões finalmente conheceu
o progresso. Emergiram diversas lideranças comunitárias no bairro, que levaram
os anseios da comunidade para as autoridades e acabaram conquistando uma série
de benfeitorias, como linhas de ônibus, escolas e reformas urbanas. Eis o tempo
da prosperidade!
No ano de 1939, em visita a
Florianópolis para a inauguração da escola que leva o seu nome, o presidente
Getúlio Vargas anunciou a construção de um conjunto habitacional no Saco dos
Limões. O empreendimento contava com cem residências térreas, construídas duas
a duas e erguidas em duas ruas paralelas, formando um pequeno agrupamento de
casas na entrada do bairro. Este conjunto foi entregue à população em 1944. Por
conta do público-alvo inicial – os operários segurados do Instituto de Aposentadoria
e Pensões dos Industriários (IAPI) -, o conjunto habitacional passou a ser
conhecido como Vila Operária.
Desde então, o bairro se configura
predominantemente como residencial e urbano. Em função dessas características,
o trânsito da capital foi desviado do Saco dos Limões por várias décadas, o que
ocasionou, por exemplo, o aterro de uma parte da Baía Sul. No entanto, ao longo
da década de 1990, foi construído o túnel Antonieta de Barros, que hoje liga o
centro da cidade aos bairros do sul da Ilha. Túnel que serve de passagem para a
magia! Dizem que uma velha bruxa metamorfoseou-se de urubu, apossou-se do tal
túnel como se ele fosse imaginário e veio cá residir.
Cascaes acreditava até que a tal
velha bruxa já requereu usucapião bruxólico do túnel, para tornar-se sua
legítima dona e ali levar a efeito as suas famosas reuniões com suas filiadas
nas sextas-feiras, sem ganharem o perigo de serem televisionadas ou
entrevistadas pelos repórteres que trabalham lá pelo Morro da Cruz, com relação
às suas atividades em pelejas futebolísticas espaciais bruxólicas.
A principal rua a atravessar o bairro leva o nome de um
de seus moradores mais engajados, João Motta Espezim, e é ao longo dela existiu
os Clubes Limoense e o Clube Ipiranga, com seus grandiosos bailes, que se situa
boa parte das residências, algum comércio, um supermercado, a Paróquia Nossa
Senhora da Boa Viagem e a Escola de Educação Básica Getúlio Vargas, fundada
pelo então presidente da república.
A tranquilidade do bairro contrasta
com a agitação do estabelecimento mais importante da região: o Armazém Vieira,
um dos bares mais antigos da cidade. Ele está instalado em uma construção da
década de 1840, que costumava servir de entreposto para as embarcações que
aportavam na Ilha. Ali eram comercializados diversos produtos, inclusive a
cachaça que hoje é a maior especialidade do bar.
Outros espaços dedicados à integração
dos moradores do bairro são a praça Abdon Batista, que conta com playground e
uma academia a céu aberto; o Centro Social Urbano, que oferece cursos,
palestras e atividades recreativas; e o ginásio Capitão Waldir Schmidt, que
promove festas, bingos e aulas de tênis de mesa.
Nosso lugar tem todas as cores do
folclore. Desde o Boi de Mamão aos ternos de reis e tem fé pra todos os gostos.
Seja para quem acende uma vela na capela ou bate um tambor com seu axé. É fé
para os que acreditam!
E lá pelo fins de 1904 que foi
inaugurada e benzida a Capela de Nossa Senhora da Boa Viagem, sendo que 1962
foram instaladas da Igreja Matriz da Paróquia da Nossa Senhora da Boa Viagem.
Naquela área as bruxas não passam nem perto! Nem nos redutos onde ficam os
terreiros de Almas e Angola. Um deles ficou conhecido quando a sacerdotisa Mãe
Ida, a Dona Guilhermina Barcelos, a pedido de seus guias espirituais foi ao Rio
de Janeiro com intuito de se “fortalecer” bem como ao templo que dirigia já que
o sacerdócio exigia conhecimento e sabedoria, foi na década de 50. Ao retornar
da cidade do nosso Malandro, readaptou o templo para participar o ritual com auxílio
do Pai D’Ângelo que assumiu a zeladoria do Axé Vovó Rita no Saco dos Limões.
Além de times de futebol como Ajax,
Raulino e Caierense e de blocos como os Cangaceiros, Baba saco e Batuqueiros do
Limão o tradicional do nosso carnaval fundado pelo Vadicão, o Saco dos Limões é
o lar da Consulado do Samba. O bloco que a cada ano ganhava novos componentes
chegando aproximadamente 3.000 participantes, tanto que em 1986, seus
organizadores sentiram a necessidade de expandir. Foi fundado o GRES Consulado,
nas cores vermelho e branco, a então escola de samba a começou a mostrar, na
Passarela Nego Quirido, um jeito diferente de fazer samba, formou a parceria
com a Sociedade Limoense, super campeã em carros de mutação, agregando inovação
as suas alegorias.
Sempre elogiado por seus desfiles
impecáveis, o Consulado foi caindo nas graças dos florianopolitanos e
conquistando vários títulos em nosso carnaval e tornou-se uma das famosas
agremiações da Liga das Escolas de Samba de Florianópolis. Na quadra do
Consulado são desenvolvidos uma série de projetos para a integração da
comunidade. Crianças e jovens têm a possibilidade de participar de oficinas de
artes plásticas, praticar esportes e fazer aulas de música ou de dança, por
exemplo.
Nestes 40 anos de tradição, o Consulado foi exemplo de
inovação, profissionalismo e criatividade, buscando sempre priorizar e
enaltecer novos talentos da comunidade valorizando as tradições e cultura deste
povo, através de seus temas de enredos.
“Receba agora nosso abraço fraternal,
do Consulado neste Carnaval...”
Apesar de tudo, em um voo noturno,
como um sopro sul, todos os anos do Caeira vêm essa magia, que através das
ondas do rádio, cantamos Neide Maria Rosa, conquistamos gregos e açorianos, com
a benção do terreiro da Mãe Malvina, e encontro na praça XV, para falar do
clássico Avaí e Figueirense, que conquista corações e faz a festa não ter hora
pra acabar. E por mais de vinte luas, faz seus componentes terem um caso de
amor que invade o peito por essa Escola. São bravos guerreiros que entre lutas
e glorias fazem parte da história do carnaval de Santa Catarina, vou te chamar
para dançar...
No fim das contas o Carioca já é um
pouco Mané, e o Mané um pouco carioca...
Vou te dizete uma coisinha pra ti...
Dás um banho Seu Amarelo! Disse o Manezinho
Pó pará por aí... És um monstro!
Respondeu o Carioca”
Pesquisa:
Jorge Rubinei Vaz, Márcio Pires Machado e Raphael Soares
Carnavalesco:
Raphael Soares
SINOPSE
Não
sabemos ao certo se o que vamos contar é uma história de pescador ou um relato
de alguma feitiçaria bruxólica... Mas o que se ouviu dizer lá na pracinha do
bairro, foi que sob um velho limoeiro, um certo Manezinho aqui do Saco dos
Limões, reuniu o povo ao seu redor pra contar um caso que por aqui aconteceu.
Dizem até
que em um dos galhos do limoeiro uma bruxa se balançava pra ouvir.
A história
que começou assim.
Um sopro
sul espantava as nuvens noturnas e revelava uma gigante lua. Era uma noite de
maré alta, quando as águas brilhavam sob o reflexo do luar, e tudo ficava mais
lindo no nosso lugar... Era noite de lua cheia e a Ilha era de enfeitiçar...
Foi nesta
noite que um visitante vindo lá do Rio de Janeiro foi enfeitiçado! A magia
bruxólica foi mais eficaz do que a astúcia do malandro carioca.
Ele que
veio conhecer a terra para nela trazer uma grande empresa, foi surpreendido por
muitos encantos, e pela Ilha se apaixonou... Isso é feitiço de bruxa Mô
Quirido!
Enfeitiçado
por toda a magia e encantado pelas “Damas Embruxadas”, lá veio o Carioca buscar
abrigo aqui no bairro, o nosso lar, o nosso lugar... e conheceu todas as
histórias e causos que fizeram da nossa casa um lugar conhecido por todos.
Aqui tudo
também é enfeitiçado, mas pela alegria! Tem de tudo um pouco e um pouco de
tudo! Não precisamos nem atravessar o túnel ou seguir pela antiga costa. Aqui
no Saco dos Limões tem de tudo!
O tal
malandro voltou pra sua terra. Foi chamar os outros cariocas e dizer que
descobriu o paraíso! Vieram todos! E viram que o tal feitiço da Ilha era real.
A grande
empresa se estabelecia. E com ela a saudade também crescia, de todo o grupo que
aqui estava por sua terra natal. Foi então que criou-se um bloco carnavalesco
pra lembrar da folia dos tempos da Guanabara. A Comitiva que recebeu os novos
moradores foi o que inspirou o nome do tal bloco. Nasceu assim o Consulado do
Samba! Reunindo gente bamba daqui e de lá.
E por aqui
uma euforia tomava conta da Cidade... De trés ont”onte a Dijaôji
No céu tinha bruxa voando por
todos os lados. Elas se metamorfoseavam de diversas coisas. O Carioca nem se
arrepiava mais, ele só queria saber de curiar.”
Mas que
lugar é esse tal de Saco dos Limões? Onde estão esses limões que não vejo
mais?” Carioca curioso foi atrás pra descobrir. E descobriu! Soube das
embarcações que, como ele, também poderiam estar enfeitiçadas e atracavam aqui
pra levar os tais limões. O limão era tipo um remédio para as tripulações. E
aqui nos tempos passados era de dar gosto de ver o tanto de pomar que
embelezava a região. E por causa disso que o Bairro ganhou o nome. Entre outras
frutas o limão reinava! Era a grande riqueza da terra e a partir dela atraiu a
vontade de progredir.
E o tal
Progresso chegou com Nereu! Ganhamos escola e tudo com a visita do Getúlio. E
na Vila Operária começou a se erguer uma nova população.
Até um
túnel foi construído pra encurtar os caminhos de chegar até aqui. E as bruxas
se aproveitaram também. Se metamorfoseavam em urubus pra atravessar com mais
rapidez. E a “carniça” que atraía era o tal carioca. Que se apaixonou por uma
delas... Mas as tinhosas eram unidas e dividiam o amor do carioca entre elas. E
por isso iam e vinham pelo túnel atrás do malandro.
Aqui o
carioca também festejou pelos bailes nos grandes clubes que aqui existiam. Foi
viajar pelas memórias guardadas lá no armazém, aproveitando pra tomar uma
cervejinha e comer alguns pratos típicos do lugar. Caminhou pelas praças e viu
onde toda a gente se reunia. As crianças pra brincar e os mais velhos pra
papear e ler um jornal sob as sombras frescas das árvores. Foi lá na pracinha
que ele conheceu personagens que fizeram a história do bairro e também o Boi de
Mamão, brincadeira de boi que encanta mais do que as moças feiticeiras. E lá
pertinho da igreja viu o cortejo passando, não era procissão de nenhum Santo,
era o Terno de reis!
Eita
batuque bom! Batuque de atabaques por lá se ouvia. Nas giras de santo e nos
rituais de origens africanas. Tudo na santa paz e em comunhão com o som do sino
da matriz. Aqui se acende vela para os santos e também para os orixás. Axé pra
quem é do axé, amém pra quem é do amém, e assim seja! Todas as crenças em
harmonia plena.
Difícil
foi fazer o carioca entender o que o manezinho dizia! O estepô falava mais
rápido que um foguete. Era difícil pro malandro, mas no fim tudo se resolvia.
Eram nas partidas de futebol que as coisas ficavam mais claras. E na linguagem
da bola tudo fluía.
E daquela
antiga saudade do Rio de Janeiro, onde nasceu o Consulado do Samba fez que a
cada ano o carnaval no Bairro ficasse mais alegre. Muitos foliões e muitos
apaixonados pela folia foram contagiando todos os cantos. E quando o Momo
começa seu reinado são os blocos que vão colorindo as ruas e vielas. O antigo
Bloco Consulado do Samba já havia crescido e virado Escola de Samba... Foi lá
pro centro competir com as famosas e se tornar uma delas. Hoje o GRES Consulado
é a principal referência do nosso bairro. O grande orgulho de uma população que
virou uma nação! A nação vermelha e branca... Até Joãosinho Trinta, o rei do
carnaval, esteve aqui!
São 40 anos de folia! 40 anos
de história! 40 anos de carnaval e de vitórias! O primeiro troféu veio sob a
batuta de uma senhora muito amada por todos. Uma batuta que na verdade era uma
agulha. Agulha da grande costureira que se tornou referência, uma identidade da
Escola de Samba e que participou de todos os campeonatos! Dona Iraci... Que
entre tantos apaixonados simboliza o amor e a resistência pela arte da folia!
Agora que
voltamos para o nosso lugar e contamos um pouco da história do nosso lar. Vamos
“costurar” uma nova trajetória. É hora de festejar e honrar as cores do nosso
pavilhão! Todos unidos do jeito que a bruxa gosta! Cariocas e manezinhos unidos
pelo amor! Amor ao samba e ao carnaval!
Afinal...
Mô Quirido... Aqui é o meu lugar!
Raphael Soares - Carnavalesco
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